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ALEXANDRINA
E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Afonso Rocha

Introdução

“Eu quero que logo após a tua morte, a tua vida seja conhecida, e há-de o ser, farei que o seja. Chegará aos confins do mundo, assim como terá chegado a voz do Papa, a consagrar o mundo à minha querida Mãe. Quero que tudo se saiba para verem como Eu Me comunico às almas que Me querem amar”. (22-11-1937: Palavras de Jesus a Alexandrina).

Em certos países da Europa, celebra-se no mês de Maio a assinatura do armistício que pôs um termo à última guerra mundial (1939-1945). Uns celebram-no no dia 7, outros no dia 8 e outras ainda no dia 9.

Em França, o dia 8 de Maio é feriado nacional; durante ele festeja-se, com grandes manifestações e desfiles militares, o fim dessa guerra que causou milhões de mortos.

No entanto, este mesmo armistício, ou melhor, a capitulação da Alemanha nazi não teve lugar no dia 8, mas no dia 7 de Maio, pelas 2 horas 40 da manhã, em Reims (cidade onde eram consagrados os reis de França). Assinou-o pela Alemanha o General Jodl, na presença de Bedel-Smith pelos Estados Unidos, de Susloparov pela Rússia e do General Sevez pela França.

Mas não é lugar aqui para divagar sobre a história dessa terrível guerra, que a mais dos mortos que causou, provocou grandes sofrimentos à Alexandrina de Balasar, como mais adiante veremos.

Todavia, tendo sido publicados dois artigos em 9 de Agosto e 10 de Novembro de 1983, no Diário de Notícias de Lisboa pelo professor de História Sérgio Campos Matos, e porque esses mesmos artigos nos parecem de certo modo partidários, teremos, nesta introdução de falar um pouco deles, não para activar uma polémica desnecessária, mas para colocar o assunto no seu devido lugar, se bem que seja desde já bom dizer que nada temos contra o dito professor, que é (ou foi) sem dúvida um perito em política, mas muito aquém dos conhecimentos que merece uma outra ciência chamada ascética e mística.

Numa parte do seu artigo que ele intitula «Mística e política», escreve o Sr. Sérgio Campos:

“Mas, para além dos textos normativos acerca da vida quotidiana dos mortais, outra série de falas do Senhor transporta o fenómeno místico para uma intervenção no campo directamente político, falando da guerra civil espanhola”.

Não vemos aqui qualquer intervenção política do Senhor: Ele apenas constata e previne, nada mais. Não terá Deus o direito de prevenir os seus filhos acerca dos riscos que correm não pondo em aplicação aquilo que lhes foi ensinado?

Toda a acção humana pode ser considerada como uma acção política, qualquer que ela seja... porque é uma tomada de posição, posição essa que pode ser «julgada» por uns adequada e por outros inadequada, desde que estes não partilhem as mesmas ideias que os primeiros.

Em qualquer um dos casos, essas posições são respeitáveis tanto para uns como para outros e, isso chama-se tolerância.

Um pouco mais adiante, o mesmo professor cita algumas passagens do Diário da Alexandrina:

“Ainda em Abril de 1938, durante um êxtase, a Doentinha de Balasar tem uma antevisão das desgraças e destruições da guerra mundial que se aproximava, «o castigo preparado para o mundo». E, poucas semanas antes de se iniciar o conflito, na noite de 28-6-1939, tem outra visão ainda mais realista e ameaçadora das destruições que iriam ter lugar. Na manhã seguinte Nosso Senhor confessava-lhe dolorosamente: «Vou destruir o mundo, vou precipitá-lo no inferno, vou destruí-lo; não posso sofrer mais tanta malícia,, tanta maldade e crime»”.

E logo a seguir este comentário que nos parece duma intolerância flagrante:

“O que ressalta deste discurso é o tom acentuadamente intolerante, ameaçador e vingativo”.

Aqui não só se trata, da parte do professor jornalista de “tom acentuadamente intolerante”, mas frisa-se aqui a blasfémia, visto que ele não fala da Alexandrina mas do Senhor.

E, como todos aqueles que de uma maneira geral circundavam a Alexandrina deviam beneficiar do «julgamento» mais do que partidário do Professor Sérgio Matos, ele começa pelo valoroso Padre Pinho:

“O padre Pinho, primeiro director espiritual de Alexandrina, a propósito da guerra de Espanha, não deixa de assumir uma posição marcadamente política, anti-republicana e anticomunista, referindo-se explicitamente ao «flagelo comunista»”.

Como acima dissemos, é normal que duas pessoas diferentes abordem diferentemente um mesmo problema. Por isso mesmo, pensamos seja normal que o Padre Pinho, homem de grande cultura, pregador insigne e director de almas de grande valor, se mostre «anticomunista», visto que esta doutrina era e é «intrinsecamente perversa» e a prova está feita desde a queda do muro de Berlim São igualmente «intrinsecamente perversas» as ditaduras de direita: são dois pólos opostos mas agem de igual forma: pela violência e contra os direitos humanos.

O professor de História prossegue o seu comentário, sobre o mesmo assunto:

“Estamos aqui muito longe do desinteresse pelo mundo tão apregoado por Alexandrina. Pelo contrário, verificamos uma inequívoca intervenção por parte de um destacado membro da Companhia de Jesus em Portugal, numa questão política tão importante e controversa como a guerra civil espanhola, que eclodiu, como se sabe, numa conjuntura de crise, caracterizada do ponto de vista psicológico pela incerteza, pela insegurança, pelo medo”.

A Alexandrina nunca se ocupou nem se preocupou de política, mesmo se algumas das mensagens que recebeu de Jesus possam ter esse sabor. A Alexandrina, nessas circunstâncias precisas, como aliás nas outras, nada mais era do que aquele «canal» por onde Jesus se comunicava aos seus filhos, para os prevenir e precaver contra os males no meio dos quais viviam e ainda aqueles males futuros que estavam condicionados ao respeito ou não dos Mandamentos divinos. Lembremo-nos aqui do profeta Jonas e da cidade de Ninive.

Não sabemos se o Padre Mariano Pinho estava sujeito a um direito de reserva. Se assim era, as suas tomadas de posição poderiam efectivamente destoar com aquelas da sua congregação religiosa, a Companhia de Jesus; se não estava submetido a esse direito de reserva, não vemos porque razão a Sociedade de Jesus pudesse ofuscar-se ou sair enxovalhada pelo que pudesse dizer um dos seus membros. É bom não esquecer que «uma andorinha não faz a primavera!...»

Quanto à guerra civil espanhola, «questão política tão importante e controversa», estamos de acordo com o professor Sérgio Matos: é mesmo um assunto controverso, porque ninguém quer ter dela a culpa, quando esta «culpa» está tanto de um lado como doutro lado: intolerância, uma vez mais.

Nós conhecemos o número avultadíssimo das vítimas desta guerra fratricida e as razões de muitas execuções sumárias, visto ser este um assunto que muito nos interessa, e que estudámos, por isso mesmo, podemos dizer que se matou impunemente, tanto de um lado como de outro, em espírito de vingança, na maior parte dos casos. Falamos aqui das vítimas executadas friamente porque eram católicas ou por que eram comunistas... Assim se diz a verdade, mesmo quando nos agradaria que ela fosse diferente.

Mais adiante, no mesmo artigo, o professor Sérgio Matos «ocupa-se» também do segundo Director espiritual da Alexandrina, afirmando sobre ele, duma maneira um tanto ou quanto intolerante, para não dizer pior. Vejamos:

“Ao contrário do que H. Pasquale nos diz na sua biografia de Alexandrina, o número dos efectivos do exército alemão destacados para os Pirinéus era relativamente reduzido. Pasquale vê na retirada desse contingente para a invasão da URSS um milagre”.

Nós não podemos avaliar os conhecimentos históricos do Padre Humberto Pasquale, todavia sabemos que era um homem de grande cultura e um pesquisador incansável, como o demonstrou ao longo da sua vida.

Quanto a saber se «o número dos efectivos do exército alemão destacados para os Pirinéus era relativamente reduzido» ou não, não nos preocupa demasiado, visto que sabemos em que estado de miséria se encontravam os dois países que formam a Península Ibérica: a Espanha acabava de sair duma guerra civil mortífera e Portugal, depois da Grande Guerra e de todos os soluços da República, ainda não estava em estado de se defender duma eventual entrada no seu território dum exército alemão, mesmo se reduzido, mas motivado nas lides bélicas que nesse momento eram as suas.

Nós bem sabemos, como disse um Primeiro Ministro de Portugal, «que cada português em sua casa é tão forte que mesmo depois de morto são necessários quatro para o trazer para fora», mas nessa ocasião Portugal estava muito frágil e mal armado. Os alemães não teriam por isso mesmo grandes dificuldades em ocupar a Península Ibérica se Alguém os não tivesse impedido ou dissuadido disso.

Estes artigos do professor Sérgio Matos mereceriam um maior desenvolvimento, mas não é aqui «tribuna» para isso e, fugiríamos do assunto que nos prometemos desenvolver. Continuemos então...

*****

Antes mesmo de Hitler invadir a Polónia em 1 de Setembro de 1939, provocando assim a entrada em guerra de numerosos países, já o Senhor tinha mostrado, ou dado a entender à “Doentinha de Balasar” que tempos difíceis estavam próximos e que, se não se fizesse penitência, se não se orasse com fervor e frequência, “grandes castigos” iriam abater-se sobre o mundo pecador e incrédulo.

O medo de que Portugal entrasse nesta guerra, como tinha sido já o caso na primeira mundial (1914-1918), era para a “Doentinha de Balasar” um tormento indizível, como também veremos.

O conhecimento que ela certamente tinha das barbaridades cometidas havia pouco durante a guerra civil espanhola não a deixava tranquila, mas “esperava, contra toda a esperança”, que a guerra não fosse declarada e que Portugal ficasse isento, embora “magoado”, no caso de haver de facto conflito entre as nações mais vizinhas.

   

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