16 de
Junho
Foi no
dia 16, festa do Sagrado Coração de Jesus. Não posso esquecer :
Jesus, repetidas vezes tinha confirmado o que me tinha dito e
prometido no princípio da minha crucifixão, que era um prémio de eu
me deixar crucificar, que estavam as portas do Inferno fechadas
desde o meio dia da sexta [feira] até à meia noite do domingo, da
meia noite de sol. Quando o meu Jesus deu por terminada a minha
crucifixão, ou antes, quando mudou a forma de me crucificar, eu
continuei a lembrar a Nosso Senhor em todas as sextas-feiras, à hora
de costume, que continuasse a ter fechadas as portas do Inferno
porque me julgava com o mesmo direito. Pois fostes Vós que me
negastes a crucifixão, e não fui eu a negá-la, disse eu. Veio Nosso
Senhor, pegou em mim e colocando-me nos braços da Mãezinha,
disse-me :
— Minha
filha, minha filha, vem descansar e tomar conforto nos braços de tua
Mãezinha. És acariciada e acalentada por Jesus e por Maria.
Sentia
então as carícias de Um e de Outra.
— “És
embalada pelos Anjos. Vou dizer-te, minha filha, os dias que tens
mais à tua conta para estar o inferno fechado. Dou-te a quinta-feira
de tarde em honra da minha Eucaristia e pelo amor que tens a Ela e
pelo que me levou a ficar preso aí, passando assim à sexta-feira de
manhã. Dou-te a quarta-feira de manhã em honra do meu querido pai
São José, a quem tu tanto amas. Ó minha filha, quanto eu desejo
vê-lo amado. Olha, minha filha, quero, exijo que digas que quem
tiver a ele devoção firme e constante, não me ofende gravemente a
ponto de se perder”.
Pedi
mais a Nosso Senhor que me desse duas horas da segunda-feira e da
terça-feira : não escolho horas, Jesus, mas quero que sejam aquelas
que mais almas tiverem que cair no inferno.
— “Sim,
meu encanto, dou-te tudo, pelo amor com que te deixas crucificar” .
25 de
Junho
Foi ao
cair da tarde, já o sol estava quase a estender-se na noite, mas
para mim não tinha havido sol nem dia : tudo era noite. O desânimo,
o abatimento, a luta constante que sentia na minha alma eram quase
insuportáveis. Meu Deus, antes o inferno do que perder-Vos. Que
hei-de fazer a isto ? Jesus, Mãezinha, valei-me, não me deixeis
cair. Ó meu Deus, ó meu Deus, o Céu parece não existir. Continua a
luta, e o tormento das dúvidas e de nada vale o meu brado pelos
santos. Confio, Jesus, confio, Mãezinha, mas o tempo passa, para mim
não há socorro, sinto abandono da terra e do Céu. Jesus, Jesus,
pobre de mim! Não quero enganar-me nem enganar ninguém. Nova prova
de amor de Jesus : veio Ele levantar-me do abismo das trevas e da
morte. Toma-me em seus divinos braços, inclina-me ao seu divino
lado, dá-me a beber o seu Sangue do seu divino Coração. Que
maravilha! Que bondade infinita! Sentia o Sangue do Coração de Jesus
passar para mim com toda a abundância. E Jesus, cheio de doçura, ia
dizendo-me:
— “Coragem, minha filha, toma conforto. O meu divino Sangue, a minha
carne são o teu ,alimento e a tua vida”.
Jesus
encheu-me, ressuscitou-me, raiou o dia, brilhou o sol e aqueceu-me
com os seus raios. Já o mundo nada podia contra mim. Oh! Como é bom
Jesus, e que ingrata sou eu para com Ele!
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