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Alexandrina Maria da Costa

SENTIMENTOS DA ALMA

NOVEMBRO 1954

5 de Novembro de 1954 – Primeira sexta-feira

Parece que estou sem consciência de que vivo eu, sem consciência de que sou filha de Deus, sem consciência de que a minha vida tem proveito para a eternidade. Estou abraçada à minha cruz. Amo o que Ele ama, quero o que Ele quer, custe o que custar. Eu repetirei sempre:

― Creio, Jesus, creio! Sou a Vossa vítima! Custa tanto, tanto sofrer!... Ai, meu Deus, ai, meu Jesus, só Vós sabeis quanto eu tenho sofrido pelo Vosso amor e por amor às almas. A vida foge, a vida sem vida foge, e que ela fuja para Vós, só para Vós.

O meu coração rega com o seu sangue toda a humanidade. É infinita a sua dor e infinitas são as suas ânsias. Não posso falar dos sentimentos da minha alma. Seria um nunca acabar. A minha crise continua, não posso falar. Vou ver se consigo dizer as palavras de Jesus, o Seu colóquio comigo.

A minha viagem para o Calvário foi muito dolorosa. O coração rasgado pela dor; sofri infinitamente. Todo o meu ser era um mundo de podridão e de crimes, todo o meu ser era morte e esta morte parecia ser mexida, transportada pela própria terra ao cimo do calvário. Oh, segredo de Jesus, como eu sofri, como eu sofri! Com todo o custo, repeti o meu “creio”, os meus actos de fé e de confiança sem nada sentir de verdadeiro em mim. Veio Jesus. Chamou-me:

― “Minha filha, minha filha, tem coragem. Tu és podridão e miséria, porque és vítima. És mundo, porque é pelo mundo que te imolas. Sentes a dor infinita, porque a tua vida está ligada à minha. Estás sobre a terra e nada sentes senão a dor. Diz-me, minha filha, que mais hás-de sentir, se tu não vives do mundo, mas de Deus, só de Deus. Sentes a dor, porque és vítima, sentes da dor, porque a dor foi e é obra de resgate e de salvação. A panelinha que está sobre o lume, ora a ferver com água escacholante, ora fria e gelada, sem fogo, não se importa ferver, não se importa estar fria. Ela nada sente. Está na sua missão ao serviço do homem. À semelhança dela, estás tu sobre a fornalha divina ao serviço de Deus e das almas. Oh maravilha! Oh mistérios insondáveis de Deus!”

Nesta ocasião, Jesus abriu o Seu Coração e o meu como se fossem umas saquinhas. Com a Sua mão divina tirava do seu coração para o meu os Seus tesouros, a Sua graça, tudo o que era d’Ele. Desde que me deu tudo, fechou-os. Deixou no centro do meu umas chamas doiradas como se fossem muitas velas juntas. Mais acima cercava essas chamas uma coroa resplendorosa. Mais acima ainda, um diadema doirado também.

― “Minha filha, esposa querida do meu Divino coração, enchi-te o teu coração com as riquezas do meu. Deixei nele o fogo de todo o meu amor, a coroa que te há-de cingir, o diadema que te há-de adornar no Céu. Enriqueço-te para as almas, premeio-te já na terra o teu sofrer. Coragem! Dá-te, imola-te! Dor e amor, dor e amor. És a louquinha das almas que nas chamas do purgatório se purificam. Alivia-as, alivia-as, para que depressa subam ao Céu a louvar-me eternamente. És toda Cristo, és toda amor. Coragem, coragem! Repete o teu “creio”.”

Escondeu-se Jesus.

― Onde estais? Para onde fostes, meu Jesus? Compadecei-Vos de mim. O meu desfalecimento é grande, o meu brado é doloroso. Creio, Jesus, creio! Amo-Vos, espero e confio.

Apareceu-me de novo o meu Jesus e disse-me:

― Coragem! Eu te afirmo que o teu Céu está perto. Confia. Vou dar-te a gota do meu Divino Sangue. Tu já vives por um fio, ligada à vida divina. Recebe este sangue que te faz viver e dá às almas esta vida que por esta união te comunico. Fala-lhes, acode-lhes. Oh, como está o mundo! Fala-lhes das minhas ameaças que são da justiça do meu Pai, se ele não se converte e volta para Mim. Dá vida e dá amor. Repete o teu “creio”. Vive da fé. Coragem! O teu martírio, o teu martírio tão indizível é urgente para as almas filhas do meu sangue.”

Desapareceu como um fugitivo e eu fiquei a fazer-Lhe os meus pedidos na incerteza de todo o meu viver.

― Creio, Jesus, creio! Bendita sejas, ó minha cruz bem amada!

12 de Novembro de 1954 – Sexta-feira

Os meus males continuam a agravarem-se, e eu não posso falar. Limito-me a pouco dizer. A minha alma tinha necessidade de se abrir e falar infinitamente. As minhas poucas palavras têm o fim de obedecer e fazer sempre a vontade de Jesus. Com a perda de Jesus e da Mãezinha, perdi tudo quanto se pode imaginar. Perdi tudo da terra e do céu. Ai de mim, ai de mim, perdi a fé! Eu sinto que a perdi. Não tenho na minha vida uns raiozinhos de luz. Tudo são trevas, morte e podridão. Tudo é inutilidade, tristeza e amargura. Ai, quanto custa uma vida morta, inútil e sem fé! Ai, quanto custa uma vida mentirosa, quando só aspiro à verdade! Meu Deus, compadecei-Vos de mim!

Ouvi através do alto-falante tudo quanto se passou na nossa igreja durante 15 dias da nossa missão. Tudo ouvi sem fé e sem proveito. O que pode aproveitar uma vida morta? No meio de angústias, lágrimas e espinhos penetrantes, tudo ofereci ao Senhor.

― É por Vosso amor, Jesus, e pelas almas. Nada mais tenho em conta, bem o sabeis, mas oh, pobre oferta mentirosa que ficava a nadar neste mundo imenso de podridão e vício.

Mesmo sem fé fixo os olhos no Céu, sem os baixar à terra; não perco a paz e sorrio em tudo à vontade do Senhor. Segui para o Calvário sem firmeza, morta para todas as coisas do Céu, viva só para a dor. Sentia que o meu corpo e vida morta eram sustentados por uns fiozinhos que vinham do Alto e eram uma outra vida sem ser deste mundo. Nesta morte e inutilidade terrenas, a almas agonizava. A todo o custo ia lutar sempre e fui repetindo o meu “creio” que no meu sentir é um “creio” mentiroso e sem fé. Veio Jesus, falou-me alto, mas com doçura e bondade.

― “Coragem, minha filha! Vem cá. Eu sou o teu Jesus, a Verdade e a vida que tu vives; a tua vida é a vida da sabedoria de Deus, a vida das maravilhas de Deus, a vida dos prodígios de Deus operados em tua alma.

Ó encantos de Deus, ó sabedoria de Deus! Ó poder de Deus! Ó chamamento de Deus! É por ti, sim, minha filha, que eu chamo as almas, lhes mostro e dou as minhas graças, os meus tesouros. Tem coragem! Confia! Todo este teu sofrimento, toda esta inutilidade e vida morta são de utilidade e dão vida a tantas, tantas almas. No Céu verás quanto as almas de Balasar aproveitaram nesta santa missão. Quantas ressurreições! Quantas vidas para Mim. Dá aos meus queridos missionários toda a minha graça e amor com abundância pelo seu esforço, pela sua canseira incessante a favor de tantas almas. Diz-lhes o meu grande obrigado, o obrigado de Deus. Coragem, minha filha! O mundo peca, não se corrige. Desafia a justiça de meu Pai. É Ele que exige martírio tão doloroso, o teu indizível sofrimento.”

Apareceu ao lado de Jesus a Mãezinha querida, a Mãezinha das Dores. Jesus deu-Lhe o lugar e desapareceu.

― “Minha filha, minha querida filha, sofro infinitamente com Jesus, com os males do mundo. Aceita as minhas setas, sofre, deixa-mas colocar no teu coração e assim consolas o Coração da Mãe e o Coração do Filho.”

― Aceito tudo, Mãezinha, para Vos alegrar.

Num rápido momento, a Mãezinha das Dores transformou-se em Nossa Senhora do Carmo, com Jesus pequenino no colo e então continuou Ela:

― “Minha filha, fala às almas e diz-lhes que todas as coisas que sejam pedidas a Jesus em meu nome e em nome das almas do Purgatório, todas, todas as coisas mesmo a conversão dos pecadores, serão concedidas.”

O Menino Jesus estava inquieto nos braços da Mãezinha. Queria vir para mim. A Mãezinha fez-Lhe a vontade. Passou para os meus braços. Ele, muito pequenino, beijou-me, acariciou-me e, deitando-se sobre o meu peito, disse-me:

― “Deixas-me ficar aqui?”

― Ó Jesus, no exterior, não, mas sim dentro do coração, sempre, sempre. Nunca Vos ausenteis de mim.

Fiquei sozinha. Ele desapareceu-me com a Mãezinha e eu bradei-Lhes:

― Amo Jesus, amo a Mãezinha. Creio, creio, creio eternamente.

Neste colóquio sem nenhuma consolação, o meu “creio” era cada vez mais mentiroso. Jesus voltou novamente, em tamanho natural, uniu o Seu Coração ao meu, fez passar a gota do Seu Sangue Divino e disse-me:

― “É abundante a gota do Meu Sangue, porque a dor muita vida em ti consumiu. Dá esta vida às almas, tu, que és a vida das almas. Dá o meu amor às almas, tu, que és o meu amor. Dá a minha luz às almas, tu, que foste criada para luz e guia das almas. Coragem, coragem! Imola-te, sacrifica-te!”

Assim desapareceu o meu Jesus. Fiquei na minha prece a fazer-Lhe os meus pedidos sem fé e sem luz, mas com mais fortaleza e em paz.

19 de Novembro de 1954 – Sexta-feira

Não me saíram do coração as setas do Coração Imaculado da Mãezinha. Como elas estão gravadas profundamente e como sinto as Suas lágrimas que das Suas faces santíssimas desenrolaram como pétalas de flores que deixam a árvore de quem são filhas! Estas lágrimas ferem-me também o coração e a alma.

― Meu Deus – exclamo eu – como se sofre!... Como se pode sofrer!... Tanta variedade de sofrimentos!... e sem ter a mínima coisinha para Vós, quando tudo é por Vós e para Vós. Compreendei, Jesus, compreendei, meu Amor, porque só na Vossa ciência divina cabe tal sofrimento.

Não posso dizer os sofrimentos da minha alma, não posso, porque me sinto sem vida. O dever da obediência leva-me a obedecer ao extremo. Por mais que eu pudesse dizer e pelo muito que já tenho dito, nunca diria, nem nunca disse nada. Não posso pensar no esquecimento do Horto e do Calvário. Não posso sentir o peso de tal desprezo por eles. Não posso com o sentimento da minha vida sem Deus e na minha vida mentirosa.

― Ó Céu, ó Céu – repeti  eu na minha dolorosa viagem. – Vinde em meu auxílio, ó Jesus, ó Mãezinha. Eu creio que existis, eu creio que sou Vossa. Sim, creio em tudo. Sou a Vossa vítima. Ó Céu, ó Céu! Creio em ti, espero em ti, confio em ti.

Na minha prece sem sentimento, mentirosa e revoltosa, com ódio a todo o sofrimento, veio Jesus, chamou-me.

― “Minha filha, minha filha, minha querida e amada filha, crê em Mim. A tua vida é a vida que mais se pode assemelhar à minha sagrada Paixão e Morte. Em todos os pontos toquei, em todas coisas te assemelhei a Mim. É a crucifixão oculta, é a crucifixão mística. O teu coração e alma em sangue são sofrimentos meus, o teu coração e alma em sangue revelam a nossa união inseparável. Só para o sublime, só para coisas grandes foste escolhida. Tu não terás outro viver. Para ti acabaram todas as consolações e alegrias e luz. Repete o teu “creio”. Tens de viver de fé sem fé, do amor, sem nenhum sentimento de amor. Só quero de ti o teu “creio”, a tua firmeza na cruz, a tua generosidade heróica, sempre heróica. Vem repousar sobre o meu Divino Coração. É repouso divino, é repouso confortante, é repouso de vida.”

Jesus sentou-se. Fez que eu me sentasse também sobre os Seus joelhos e o Seu Divino Coração. Caía sobre mim, vinda de Jesus, uma água caída de levada, mas esta água escacholante era dourada. Caiu por um bom pedaço de tempo. Vinha de Jesus e confortou-me. O que era, só Ele o sabe. De repente, Ele desapareceu, e a levada terminou. Bradei-Lhe com fortaleza:

― Fugistes-me, meu Jesus, mas eu creio, eu creio! Por Vós tudo aceito; sou sempre a Vossa vítima.

As minhas palavras foram repetidas na escuridão mais tremenda. Jesus voltou. Trouxe consigo nova luz.

― “Minha filha, minha filha, escuta o meu desabafo. O mundo peca loucamente, dia e noite. Não cessa de desafiar a justiça de meu Pai, mas os sacerdotes, tantos sacerdotes, aquelas almas a Mim consagradas, tomam-me nas suas mãos, esmagam-me, põem-me todo em sangue com os seus sacrilégios, vida de vícios. Os seus maus exemplos abrem abismos para a perda de tantas, tantas, tantas almas. Vigilância à Igreja, principie a Igreja. Haja uma renovação de vida!”

Não posso dizer, não sei dizer em que estado vi o meu Jesus. Todo o Seu ser era uma massa de sangue. Não tinha forma humana. Ai, como eu vi o meu Jesus!... E como aquela massa dava sangue, só sangue!

― Sou a Vossa vítima, sou a Vossa vítima. Sede Jesus, transformai-Vos na beleza de Jesus.

Assim sucedeu. Jesus voltou a ser Jesus. Uniu o Seu Divino Coração ao meu. Fez passar a gota do Seu Sangue pelo meio de luz e raios de amor.

― “Minha filha, minha louquinha, louquinha das almas, recebe o meu Sangue para viveres, recebe vida para fazeres viver. Fala às almas, fala às almas. Toda a tua vida lhes fala, lhes dá exemplo. Todo o teu viver lhes comunica o meu viver. O teu Céu está perto. E como prémio da tua vida sofredora na terra vou dar-te todas as minhas bênçãos, graças, amor com meios de salvação, para que toda a terra por ti seja favorecida até ao fim dos séculos. Confia, confia! Jesus é justo. Jesus não falta às Suas promessas.”

Deixou-me o meu Jesus. Fiquei na minha cruz, entregue aos meus sofrimentos. Repeti-Lhe com frequência:

― Creio, creio e espero sempre em Vós. Ó meu Jesus, não esqueçais os meus pedidos. Perdoai à humanidade.

26 de Novembro de 1954 – Sexta-feira

A não ser que eu melhore, tenho de desistir da minha obediência, o que então não representa desobediência, mas sim não poder. Terei de abafar tudo dentro de mim, ficando só para Jesus o meu desabafo. Só Ele sabe o meu sacrifício em falar, porque não posso, e em estar calada. O coração está cheio, cheio a transbordar. Apenas vou dar uma pálida ideia das minhas tentações contra a fé. É inaudito o meu martírio. Atingiu o auge tal sofrimento. Estou no cimo do monte, onde toda a tempestade pega. Eu tenho de pender para um dos lados. Com a minha perda de Jesus e da Mãezinha, pendia a cair no desespero. Na agonia nunca exprimida da minha alma, quase me convenci de que não havia Deus, nem a eternidade, a não ser a eternidade morta que há tanto tempo já vivo. Que luta, meu Deus, que luta!... Não querer cair só para não Vos ofender! Parecia ser inútil toda a minha repetição do meu “creio” e actos de fé. Foi tremendo o horto. Com este martírio foi tremendo também o calvário. Logo de manhã sem raiar o dia, a noite da alma foi pavorosa. Fraquejei. Não resisti. Depois de muito bradar ao Céu e no sentimento de nada conseguir, chorei, chorei amargamente. Apesar de não ter fé, sempre fui oferecendo as minhas lágrimas a Jesus. Não podia e não queria convencer-me de que havia de separar-me dos meus para nunca mais ver-nos. Queria tentar com o fim da minha vida: sofrer tanto para nada valer, para nunca mais, nunca mais ver aqueles a quem tanto amo. Acto de fé, meu Deus, creio, creio… Rezei o Credo. Como não o podia repetir com os lábios, dizia-o com o coração. “Creio no Espírito Santo…” e tudo o mais até ao fim. Assim lutei até à vinda de Jesus. Ele veio, chamou-me:

― “Minha filha, alerta, alerta. Repete o teu “creio”. Tenho sempre presentes aquelas palavras com que Eu te preparei para o maior martírio da tua vida e inigualável martírio. Colóquio de dor, colóquio de fé, colóquio de amor. Dor e sangue, dor e sangue. Repete, repete sempre o teu “creio”. De vez para vez, omitirei as minhas palavras e não falto àquilo que prometi. É o mundo, luxurioso, odiento, vaidoso, é o mundo com todos os seus crimes hediondos a exigir de ti tal agonia, incomparável agonia. Coragem, minha filha! Olha para as almas, preço do meu Sangue divino. Coragem, minha filha! Os teus dias são breves. Eu velo, velo por ti.”

Logo a seguir a estas palavras, Jesus apareceu-me dentro do sacrário com a porta do sacrário aberta.

― “Escuta, louquinha das almas, escuta, louquinha da Eucaristia. Estou aqui só por amor. Os homens não compreendem este amor. Estou aqui para ser alimento e vida. Os homens não querem alimentar-se e viver a minha vida. Fala-lhes do meu amor. Comunica-lhes o meu amor. Tu que foste criada para distribuidora de tudo o que é meu; fala, minha louquinha, fala, esposa minha, da minha Eucaristia. Pede às almas para virem ao sacrário e viverem do sacrário.”

Mostrando-me o rosário, fez-me sentir como se nas minhas mãos o enleasse muito e continuou:

― “Fala do rosário da minha bendita Mãe. Fala às almas dos grandes meios de salvação.”

Eu vi que Jesus irradiava amor. Eu senti que todo Ele era doçura e caridade e vi que as Suas chagas derramavam sangue vermelhinho, muito vermelhinho.

― Ó Jesus, eu não tenho fé. Eu sou miserável. Eu sou nada para falar do sublime, para falar de coisas tão belas e grandes, falar do Omnipotente! Estando Vós no sacrário, que representa este Sangue?

― “Tens fé, minha filha, tens amor e tens tudo. És a maior vítima de expiação. Fala ao mundo, lembra-lhe as ameaças e justiças de meu Pai. Se ele não se converte e vive a vida nova, vida pura e santa. Este sangue é sangue derramado por amor. São chagas avivadas dia e noite por tantas, tantas almas que me recebem na Eucaristia sacrilegamente. Vinde ao sacrário, vinde em graça e abrasados em amor.”

Fiquei em trevas a chamar por Jesus, a repetir o meu “creio”. Ele não se demorou. Veio unir o Seu Divino coração ao meu e disse-me:

― “Aqui estou, minha filha, a dar-te o meu Sangue, a dar-te a minha vida para poderes viver. Criei-te para dares vida. Dá esta vida. Criei-te para dares amor. Incendeia este amor. Criei-te para a salvação das almas: sofre, sofre tudo por meu amor e para as salvar. Repete o teu “creio”, os teus actos de fé. Vive da fé, sem fé. Vive de amor, sem amor. Vive a vida de dor, sem utilidade. Vive a eternidade morta, porque em breve passas ao Paraíso. Tudo hás-de possuir, e toda a terra por ti será enriquecida.”

― Creio, Jesus, creio! Espero em Vós! Creio sem Vos ver e sentir, mas confio cegamente no Vosso amor, na Vossa protecção. Atendei aos meus pedidos. Perdoai à humanidade.

   

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