Alexandrina de Balasar

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TORRES NO ARCIPRESTADO DA ALEXANDRINA

José Ferreira

A torre da igreja de Balasar

É sabido que a torre da Igreja Paroquial de Balasar representou para a Alexandrina algo especial. Quando revivia a paixão com movimentos, era usual no fim ir até à janela, donde ela se via, e fazer daí a sua visita ao Santíssimo.
 

Também ela poderia repetir com o poeta, a propósito dos seus sinos:

 

Cada tua badalada

Soa dentro da minha alma.

 

Para a sua devoção eucarística, o Santíssimo era o seu Tudo, e a torre era o sinal de que Ele estava ali.
 

A torre é um elemento acessório da igreja, mas de construção dispendiosa. Nalguns casos, em que era dupla e vistosa, chegaria a custar quase tanto como todo o resto do edifício.

 

A torre da igreja do Matinho cujos sinos tocaram quando a Alexandrina foi baptizada era muito diferente da actual: possuía “um torreão de duas empenas e duas sineiras”. Qualquer coisa semelhante ao que se vê ainda em Rates, mas a dobrar.

Se a Igreja Paroquial de Ba-lasar é um amplo templo, a sua torre não destoa em imponência

Da torre de Balasar a outras torres

Com a palavra torre podem-se designar realidades bem diferen-tes: entre as torres das nossas igrejas, a de Pisa e a torre Eiffel há pouca semelhança.


Aqui só nos interessam as sineiras e dessas apenas as sineiras do arciprestado da Beata Alexandrina, de modo particular as paroquiais.
 

Quem sabe que há até torres sineiras que são Património da Humanidade? Vejam-se muitas outras neste endereço.
 

A torre convida-nos para as alturas, para nos elevarmos do que é vulgar. Mas as das igrejas dirigem uma mensagem particular.

A torre do antigo Mosteiro de Rates, segundo um modelo de que já restam poucos exemplares.

A velha torre do Convento de S. Francisco
de Vila do Conde

A torre sineira não tem hoje nas paróquias o lugar que já teve noutros tempos, quando pautava a vida das comunidades: ela chamava para os actos religiosos, anunciava as Ave-Marias (ou Angelus), as Trindades, tocava de alegria em baptizados e casamentos ou chorava dolentemente por altura dos enterros, anunciava o fim do período de trabalho. Se hoje a vida mudou, se não dependemos do relógio da torre, ela mantém ainda simbolismo.

Mas sobretudo, como para a Alexandrina, ela pode anunciar a presença do Santíssimo, que deve ser uma referência constante da vida do católico.

Torres no arciprestado da Alexandrina

As torres sineiras, mesmo as do arciprestado da Beata Alexandrina, podem apresentar feitios muito diferentes. O modelo mais comum é o da torre quadrada, com cúpula em forma de pirâmide ou outra, como a de Balasar. A mais antiga, próxima desse modelo, deve ser a pesada torre da Paróquia de Vila do Conde, que vem da segunda metade do séc. XVI.
 

Houve um modelo de torre mais barata e mais simples, apenas uma grossa parede, terminada em empena, onde se encontravam as aberturas para os sinos, como a de Rates, as do Convento de S. Francisco de S. Francisco e do Mosteiro de Santa Clara em Vila do Conde, a de Parada (que já não tem sinos e certamente vai ser demolida), a da Igreja Velha do Outeiro Maior (destruída, mas de que há fotografia) e a desaparecida do Matinho, em Balasar.
 

Todavia há torres mais ou menos poligonais, como a de S. José de Ribamar ou a nova do Outeiro Maior, igrejas com duas torres, como no do Mosteiro da Junqueira e na Lapa (em Vila do Conde), na da Matriz da Póvoa de Varzim, na Basílica do Sagrado Coração de Jesus e em Beiriz e Terroso.
 

Depois, há torres adossadas à igreja, como as da Matriz de Vila do Conde, que é construção posterior ao edifício principal, as de Beiriz e de Terroso, a de Nabais e a de Rio Mau (nova) e torres integradas na estrutura principal, caso mais comum.
 

E há torres destacadas da igreja (de novo a do Outeiro Maior), Rio Mau (Igreja Velha) e Rates.

Esta pesada torre da Matriz de Vila do Conde talvez seja o exemplar mais antigo dum modelo que depois se divulgou

Torre de Parada

 Torres em forma poligonal:

 

Outeiro Maior

S. José de Riba-mar, na Póvoa de Varzim

Outras são sobrepostas à entrada axial (Aguçadoura e Amorim – Igreja Nova) e a de Nossa Senhora da Saúde, em Laundos.

Igreja Velha de Rio Mau, sobre a porta de entrada do Cemitério

A bela igreja nova de Amorim, com a torre sobre a entrada principal

Igreja de Aguçadoura com a torre
sobre a entrada principal

     

A das Caxinas fica sobre a capela-mor.
 

Tanta diversidade e em que tão pouco se repara!

 

TORRES E SINOS NA POESIA

 

Tocam os sinos da torre da igreja

 

Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia, que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia, que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!

Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia, que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

António Lopes Ribeiro

 

Tarde de Agosto

Domingo. O sol molesta,
Incendeia o horizonte.
Tocam sinos à festa
Em S. Pedro do Monte.

Num ramo de giesta
Canta um melro defronte.
É poeta: manifesta
O estro de Anacreonte.


Nos fios telefónicos
Andorinhas baloiçam...
Outras cruzam pelo ar.

E risonhos, harmónicos,
Os sinos de há pouco – oiçam! –
Repicam sem cessar.

Matias Lima
 

Ó sino da minha aldeia

 

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa
 

Sino de Belém

Toca o sino, pequenino,
sino de Belém
Já nasceu o Deus Menino,
para nosso bem. (2x)

Venham pastorinhos,
Venham a Belém,
Vamos ver Maria
E Jesus também.

Vamos minha gente,
vamos a Belém,
Pois já veio ao mundo
Jesus, nosso bem.


Refrão

Eu ouvi tocar o sino,
Eu ouvi chamar por mim,
Sendo eu tão pequenino
Quem me chamará assim?
oje a noite é bela
Oração final:
A todos desejamos
Um feliz Natal!

 

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