Neta do
primeiro rei de Portugal, Teresa Sanches, filha primogénita de D.
Sancho I de Portugal e de sua
esposa
Dona Dulce de Barcelona, nasceu em Coimbra por volta de 1176.
Prometida em casamento a Afonso IX de Leão, as núpcias foram
celebradas em Guimarães no dia 15 de fevereiro de 1191.
Deste
matrimónio, antes da declaração da nulidade, por causa de
consanguinidade, pronunciada pelo Papa em 1198, nasceram três
filhos.
Voltando ao nosso país, recolheu ao mosteiro de Lorvão, onde se fez
cisterciense. Restaurou o velho convento e ali se refugiou durante a
guerra que seu marido moveu contra o rei português para fazer valer
os direitos que alegava deter pelo seu matrimónio então desfeito.
Ficou
conhecida pela sua caridade para com os humildes e desprotegidos.
Teve
papel importante na procura de uma solução para as contendas entre
seus sobrinhos Sancho II e Afonso III.
Faleceu
em 18 de Junho de 1250, em Lorvão, onde o seu corpo repousa ao lado
do de sua irmã Sancha, que ali fora a primeira Abadessa.
A 13 de
Dezembro de 1705, através da bula “Sollicitudo Pastoralis Offici”,
o Papa Clemente XI beatificou-a ao mesmo tempo que sua irmã Sancha.
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Esta
família real que deu à Igreja e a Portugal não só três
bem-aventuradas, mas também uma outra religiosa — Branca de
Portugal — merece ser posta em relevo, por isso mesmo vamos dar aqui
a sua composição “ad rei memoriam”:
Sancho I, o popular, nasceu em Coimbra a 11 de Novembro de 1154 e
ali faleceu a 26 de Março de 1212. Os seus restos mortais reposam na
igreja de Santa Cruz em Coimbra. Casou em 1174 com Dulce de
Barcelona que nasceu nesta cidade em 1160, vindo a falever em
Coimbre em 1198. Era filha de Raimundo Berengário IV, conde de
Barcelona et de Petronila de Aragão.
O casal teve 11 filhos:
1 – Teresa
de Portugal, nasceu em Coimbra por volta de 1176 e faleceu em
Lorvão em 18 de Junho de 1250. Casou em Guimarães com Afonso IX de
Castela (+ 1230) em 15 de Fevereiro de 1191. Este casamento foi
anulado pelo Papa por causa de consanguinidade em 1198. Beatificada
em 1705.
2 – Sancha
de Portugal, nasceu em Coimbra por volta de 1178, vindo a
falecer no mosteiro de Lorvão do qual foi a primeira Abadessa.
Beatificada em 1705.
3 – Raimundo de Portugal, nasceu em Coimbra por volta de 1180 e
faleceu por volta de 1189.
4 – Constância de Portugal, nasceu em Coimbra em 1182 e faleceu em
Lorvão em 1202.
5 – Afonso II de Portugal, cognominado o Gordo, nasceu em Coimbra em
1185 e faleceu em 1223. Foi o terceiro rei de Portugal e sucedeu a
seu pai Sancho I. Casou, em 1206 com Urraca de Castela, filha de
Afonso VIII e de Leonor da Inglaterra.
6 – Pedro de Portugal, nasceu em Coimbra em 23 de Fevereiro de 1187
e faleceu em Maiorca em 2 de Junho de 1258. Foi conde de urgel e rei
de Maiorca, príncipe de Segorbie; casou em 1229 Aremburga, a qual
nasceu em 1180 e faleceu em 1231, condessa de Urgel.
7 – Fernando de Portugal e duque de Flandres, nasceu em Coimbra em
24 de Março de 1188 e faleceu em Noyon (França) em 1233. Casou em
1211 ou 1212 com Joana de Flandres e de Hainaut, a qual nasceu em
Valencianas (França) em 1188 e faleceu em Marquette, em 1244.
8 – Henrique de Portugal, nasceu em Coimbra em 1189 e faleceu por
volta de 1191. Os seus restos mortais repousam na igreja de Santa
Cruz em Coimbra.
9 – Branca
de Portugal, nasceu em Coimbra por volta de 1192 e faleceu em
Guadalajara (Espanha) em 1240, onde era religiosa. O seu corpo foi
transladado para Coimbra.
10 – Berengária
de Portugal, nasceu em Coimbra por volta de 1194 e faleceu em
Ringsted (Dinamarca) em 1221. Casou, em 1213 com Valdemar II, rei da
Dinamarca, o qual faleceu em 1241.
11 – Mafalda
de Portugal, nasceu em Coimbra por volta de 1197 e faleceu em
Arouca em 1257. Casou, em 1215 com Henrique de Castela, o qual
faleceu em 1217. O casamento foi anulado pelo Papa em 1216 e Mafalda
entrou no convento, tornando-se religiosa como três das suas irmãs.
Foi beatificada em 1793.
Esta
profusão de santos no seio de uma mesma família — e mais
particularmente no seio de uma família real — é bastante rara, por
isso mesmo digna de ser melhor conhecida e admirada.
Afonso
Rocha |