Alexandrina de Balasar

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IV DOMINGO DO TEMPO COMUM
— B —

Leitura do Livro do Deuteronómio     (Deut 18, 15-20)

Moisés falou ao povo, dizendo:

« O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: “Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer”.

O Senhor disse-me: “Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá” ».

 

Salmo 94 (95),  1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou;
pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
« Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras ».

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo
aos Coríntios     (1 Cor 7, 32-35)

Irmãos:

Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido.

Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido.

Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Marcos     Mc 1, 21-28

Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar:

« Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus ».

Jesus repreendeu-o, dizendo:

« Cala-te e sai desse homem ».

O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros:

« Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe! »

E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

 

PONTOS DE REFLEXÃO

1ª. Leitura. Dt. 18,15-20

A leitura de hoje propõe uma parte das normas respeitantes à vida dos profetas, figuras de mediação entre  JHWH e Israel requeridas pelo próprio povo. O versículo 18 enumera as características do profeta: é suscitado por Deus, é tomado de entre os Israelitas, refere o que o Senhor lhes comunica, é “como Moisés”.

No Antigo Testamento o profeta é o homem capaz de ler o presente com um olhar iluminado por Deus, e por isso está habilitado a falar em nome de JHWH , o qual lhe coloca nos lábios as Suas próprias palavras, como é referido no versículo 18 da leitura de hoje e como se encontra nas narrações de vocação profética.

Precisamente o versículo 18 foi objecto, quer no judaísmo quer no cristianismo primitivo, de uma interpretação escatológica. Ou seja, viu-se na promessa de “um profeta como Moisés” o anúncio não tanto de uma figura respeitável somente, mas  do enviado último e definitivo da parte de Deus, Jesus como Messias. 

2ª Leitura. 1Cor.7,32-35

O capítulo sétimo da Primeira Carta aos Coríntios enfrenta temas referentes à sexualidade e aos estados de vida. Através da exposição de uma casuística rica acerca das condições diversas da vida, Paulo responde à questão levantada pelos destinatários da Carta: é permitida aos cristãos uma vida sexual, ou devem abster-se dela completamente?

No âmbito do discurso articulado e complexo a respeito das modalidades com as quais os cristãos são chamados a viver a sua sexualidade, Paulo não esconde a sua preferência por um regime de vida celibatário, o qual, no entanto, requer um dom específico de Deus.

No texto que hoje estamos a meditar, o Apóstolo sustenta que a vantagem de quem não está casado consiste em ter menos preocupações, portanto os casados, além de procurarem agradar a Deus devem também procurar agradar ao marido ou à esposa, ao passo que quem não está casado tem somente a preocupação de agradar a Deus. Certamente que não se trata de dois tipos de preocupações inconciliáveis entre si, senão o Apóstolo deveria ter proibido o matrimónio, mas de arcar com um maior ou menor número de preocupações.

A finalidade, única para todos, é declarada no último versículo: “O que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios”. Para o alcançar, Paulo não impõe nada a ninguém, limita-se apenas a dar conselhos. 

EVANGELHO. Mc. 1,21-28

Estamos no início do Evangelho de Marcos, logo após o chamamento dos primeiros quatro discípulos, e pela primeira vez o evangelista descreve Jesus enquanto este ensina e expulsa um demónio.

No centro da narração é colocado um exorcismo. A multidão fica assombrada mais pela “nova doutrina ensinada com autoridade” do que pelo poder de Jesus sobre os “espíritos impuros”. Depois a fama de Jesus divulga-se extraordinariamente.

O Evangelho lido em paralelo com o texto do Deuteronómio, que anuncia a chegada de um grande profeta, sublinha que Jesus é o verdadeiro herdeiro de Moisés e que a Sua doutrina se distingue do ensino dos escribas pois Jesus ensina com “autoridade”.

A Palavra de Jesus provoca a reação daquilo que lhe é contrário: um “espírito impuro”, isto é, afastado de Deus, que habita num homem e que vê o seu poder em perigo, desencadeia-se contra Jesus, reconhece-O por quem realmente é, e por isso não quer nada com Ele. É de notar que a primeira profissão de fé do

Evangelho de Marcos provém precisamente de um espírito impuro.

O que será um “espírito impuro”? O homem que rejeita a Deus, a Sua Palavra é alguém com um “espírito impuro”. Quantas vezes mesmo dentro de nós surge esta pergunta: “que tens a ver connosco Jesus de Nazaré”? Ou mais literalmente: “Que pretendes da minha vida”? Há sentimentos dentro de nós que são manifestação desse “espírito impuro”! Por vezes pensamos que “impuro” é apenas o chamado pecado da “carne”, mas não! Tudo aquilo que em nós rejeita O Evangelho é “impuro”: corrupção, inveja, ciúme, maledicência, roubo, injustiça, egoísmo, etc... Mas Jesus com a força da Sua Palavra pode libertar-nos de todas essas “impurezas”.

P. José Granja

 

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