Alexandrina de Balasar

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XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM
— A —

Livro de Sabedoria  (6,12-16)

Radiante e inalterável é a sabedoria ; facilmente se deixa ver por aqueles que a amam, e encontrar por aqueles que a buscam. Antecipa-se a manifestar-se aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará : há-de encontrá-la sentada à sua porta. Meditar nela é prudência consumada, e aquele que não dorme por causa dela depressa estará livre de inquietação. Pois ela própria vai à procura dos que são dignos dela, pelos caminhos lhes aparece com benevolência e vai ao encontro deles, em cada um dos seus pensamentos.

 

Livro de Salmos 63(62),2-8.

Deus, Tu és o meu Deus !
Anseio por ti! A minha alma tem sede de ti ;
todo o meu ser anela por ti,
como terra árida, exausta e sem água.

Quero contemplar-te no santuário,
para ver o teu poder e a tua glória.

Teu amor vale mais do que a vida ;
por isso, os meus lábios te hão-de louvar.

Quero bendizer-te toda a minha vida
e em teu louvor levantar as minhas mãos.

Minha alma será saciada com deliciosos manjares,
com vozes de júbilo te louvarei.

Lembro-me de ti no meu leito,
penso em ti, se fico acordado,
porque Tu és o meu auxílio,
e à sombra das tuas asas eu exulto.

 

Leitura da Primeira Carta de S. Paulo, Apóstolo
aos Tessalonicenses  (4,13-17)

Irmãos, não queremos deixar-vos na ignorância a respeito dos que faleceram, para não andardes tristes como os outros, que não têm esperança. De facto, se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus reunirá com Jesus os que em Jesus adormeceram. Eis o que vos dizemos, baseando-nos numa palavra do Senhor : nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que faleceram ; pois o próprio Senhor, à ordem dada, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, descerá do Céu, e os mortos em Cristo ressurgirão primeiro. Em seguida nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo S. Mateus  (25,1-13)

« O Reino do Céu será semelhante a dez virgens que, tomando as suas candeias, saíram ao encontro do noivo. Ora, cinco delas eram insensatas e cinco prudentes. As insensatas, ao tomarem as suas candeias, não levaram azeite consigo ; enquanto as prudentes, com as suas candeias, levaram azeite nas almotolias. Como o noivo demorava, começaram a dormitar e adormeceram. A meio da noite, ouviu-se um brado : 'Aí vem o noivo, ide ao seu encontro !’

Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias. As insensatas disseram às prudentes : 'Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se.’

Mas as prudentes responderam : 'Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o.’ Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo ; as que estavam prontas entraram com ele para a sala das núpcias, e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram as outras virgens e disseram : 'Senhor, senhor, abre-nos a porta !’ Mas ele respondeu : 'Em verdade vos digo : Não vos conheço.’

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora. »

 

Interroguemo-nos sinceramente

Poderíamos chamar a este domingo, o domingo da prudência, visto que todos os textos que nos são propostos caminham nesse sentido.

Na primeira leitura, diz-nos o livro da Sapiência que “a sabedoria facilmente se deixa ver por aqueles que a amam, e encontrar por aqueles que a buscam” e que, “ela própria vai à procura dos que são dignos dela, pelos caminhos lhes aparece com benevolência e vai ao encontro deles, em cada um dos seus pensamentos”.

Mas, quais são esses caminhos onde a sabedoria nos “aparece com benevolência” e “se deixa ver por aqueles que a amam”?

São Paulo procura esclarecer-nos, mesmo se utilizando um extremo da cadeia que nos une a Deus e às suas obras.

Efectivamente, quando ele diz não nos “querer deixar na ignorância”, ele explica que “se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus reunirá com Jesus os que em Jesus adormeceram”.

Esta afirmação parece estar em desacordo com o que Jesus tinha dito, ao falar das dez virgens, o que não é exacto. Vejamos:

Jesus diz: “O Reino do Céu será semelhante a dez virgens”, mas dez virgens que “saíram ao encontro do noivo”, quer dizer que foram para casa do noivo à espera que este chegasse no momento oportuno. Ora, esse momento “oportuno” era-lhes desconhecido, por isso mesmo elas tiveram tempo de adormecer “assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã (Gen. 1, 5).

Como nos diz Jesus, “todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias”, salvo cinco delas, as que Jesus chama imprudentes, quase não tinham já azeite para alimentar as candeias, o que as levou a pedirem auxílio àqueles que ainda tinham reserva de azeite: “dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se”.

A recusa das outras cinco, não pode aqui ser considerada como uma falta de amor, como uma falta de caridade, mas sim como um acto de justiça, como está previsto nas obras de misericórdia: “corrigir os que erram”.

De facto, as prudentes respondem às imprudentes de maneira certa, de maneira caridosa: “Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o”.

Aliás, esta resposta não parece ter “caído mal” às outras cinco que logo saíram da casa do esposo para irem à procura de azeite. Mas, o que poderia acontecer aconteceu e, o esposo chegou antes que elas voltassem...

Será que o Esposo vai mostrar-se benevolente ou então aplicar a justiça?

O facto é que quando elas batem à porta, esperando que alguém lhes abra, a resposta sai pronta, mas terrível:

— “Não vos conheço”.

Agora, olhemos com atenção o interior das nossas almas e perguntemos a nós mesmos:

Quando eu bater à porta da casa do Senhor – o Esposo da minha alma — que vai Ele dizer-me?

Durante toda a minha vida, que fiz eu para alimentar a candeia que arde no meu coração, na minha alma?

Vou eu ter azeite suficiente — o azeite das minhas boas obras — para esperar a chegada do Esposo?

Terei eu que recorrer às idas e vindas para encontrar esse azeite que me falta?

Sou eu suficientemente sensato para não deixar apagar a lâmpada que arde na minha alma?

Depois destas interrogações, serei eu suficientemente sensato para guardar na minha alma, custe o que custar, este conselho de Jesus?

“Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”.

Meditemos esta frase tão cheia de sentido e estejamos sempre prontos para a chegada do divino Esposo. Amem.

Afonso Rocha

 

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