Alexandrina de Balasar

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SANTA MARIA, MÃE DE DEUS
— B —

Leitura do Livro dos Números   (Num 6, 22-27)

O Senhor disse a Moisés:

«Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’.

Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».

 

Salmo 66 (67), 2-3.5.6 e 8 (R.  2a)

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação.

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.

Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra.

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo
aos Gálatas   (Gal 4, 4-7)

Irmãos:

Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos.

E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abbá! Pai!»

Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Lucas   (Lc 2, 16-21)

Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura.

Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam.

Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração.

Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado.

Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.

 

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS. 

1º- Leitura. Num. 6,22-27

O  primeiro dia do ano civil a Igreja celebra a solenidade de Maria, Mãe de Deus, e, apesar das leituras se centrarem em Maria, elas põem de relevo  o seu Filho e o seu nome, o qual, longe de reduzir a função de Maria na vida da Igreja, a fazem  ressaltar  justamente ao colocá-la junto do Filho.

Esta leitura recorda a antiga bênção que os sacerdotes davam ao seu povo nas vésperas das solenidades litúrgicas, especialmente na festa do ano novo. Abençoar o povo era uma prerrogativa do rei e do sacerdote, que actuavam em nome de Deus. A fórmula recorda os favores que Deus concederá  ao povo que está em sua presença. Particularmente significativos são os termos que abrem e fecham a fórmula: bênção - “te abençoe” - e paz - “te conceda a paz”: o primeiro indica a acção de Deus para o povo, que é benevolência, protecção e favor e significa invocar sobre o seu nome, para que o senhor seja fonte de salvação. O segundo indica o conteúdo dos dons de Deus, e resume-se no dom messiânico da paz, isto é, da plenitude da felicidade. A palavra Shalom tem um significado bastante amplo e compreende plenitude, integridade da vida, mas sobretudo é o estado do homem que vive em harmonia com Deus, consigo mesmo e com a natureza.

Na realidade é o homem novo, plenamente aberto a Deus, de quem Jesus é figura e modelo, porque  nele se realiza o encontro das liberdades humana e divina. E Deus concede-a a quem procura viver em comunhão com o próximo. 

2ª Leitura. Gal. 4,4-7.

Este texto Paulino é um fragmento Cristológico que nos fala de Jesus, de Maria, terreno fecundo que acolheu o Filho de Deus, e da experiência cristã. A vinda de Jesus ao mundo assinalou a plenitude do tempo e cumpriu as antigas promessas do retorno do homem à vida de comunhão com Deus: “Quando se cumpriu o tempo, enviou Deus a seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, para nos libertar da sujeição à lei”.

Deus teve a iniciativa de enviar a seu Filho e o homem foi elevado à dignidade de filho. Jesus entrou historicamente assim a formar parte da humanidade a titulo pleno, submetendo-se às leis e condições humanas, e a humanidade, de algum modo,  se identificou  com Cristo  formando com Ele uma realidade única . E tudo isto através do ventre de uma mulher  em plena e normal humanidade. Paulo apresenta aqui o esquema de toda a acção libertadora: a imersão de Cristo na pobreza humana, autolibertação com a sua força divina e atracção a si da humanidade. Esta missão do Filho  teve um único objectivo: revelar o autêntico sentido da vida e possibilitar-nos para sermos realmente filhos de Deus.  E os sinais que o apóstolo evidencia desta real transformação são a oração que o Espírito faz surgir no coração do crente, levando-o a dizer: “Abba, Pai”, fazendo-o sentir diante de Deus não ser servo mas livre, com a liberdade de filho de Deus. E, neste plano divino, Maria foi um instrumento privilegiado.  

Chamar a Maria “Mãe de Deus” significa, pois, conhecer o coração do mistério da incarnação e da mesma história da salvação. 

Evangelho. Lc. 2,16-21

Este Evangelho foi proclamado na Missa da aurora do dia de Natal.  Esta repetição do Evangelho , no espaço de uma semana, ajuda-nos a aprofundar o mistério da Incarnação. Os pastores vão a Belém e encontram o Menino no presépio, e depois de O adorar regressam a anunciar tudo o que tinham visto e ouvido e todos ficam maravilhados. Seguidamente voltam para junto dos seus rebanhos  com imensa alegria e louvando a Deus pela experiência. 

Passados oito dias do nascimento foi celebrada a circuncisão do Menino, ritual mediante o qual passa a fazer parte do povo eleito e foi-Lhe dado o nome de Jesus, que quer dizer, “Deus salva”. Diante de todos estes acontecimentos, Maria conserva tudo em seu coração meditando dia e noite. Maria aparece assim como a Mãe que sabe interpretar os factos do Filho.

Há diversas atitudes que se podem assumir diante de Cristo: a procura pronta e alegre dos pastores, o assombro  e louvor dos intervenientes no acontecimento, e o relato a outros da experiência vivida. Para o evangelista somente Maria adopta a atitude de verdadeiro crente, porque ela sabe guardar com simplicidade o que escuta e medita com fé no que vê, para levá-lo ao coração e transformar em oração a salvação que Deus Lhe oferece.

P. Granja

 

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