Remédio
pertencia a uma rica família dos primeiros nobres do norte da
Itália. Ele era o jovem senhor do
castelo
de Thaur, no vale do Trento. Jovem poderoso, tinha nas mãos o poder
económico e político. Era proprietário das ricas salinas daquele
vale e possuía muitos homens a seu serviço. Com a morte dos pais sua
fortuna aumentou, entretanto, nada o satisfazia. Foi procurar seu
amigo Virgílio, bispo de Trento, que mais tarde se tornou santo, e
doou tudo para a sua igreja. Alguns dias depois, voltou, com uns
poucos amigos, pedindo sua benção e aprovação para uma peregrinação
com destino a Roma. O grupo seguiu a pé, levando um documento do
bispo para o papa, que os recebeu e abençoou.
Voltando para Trento, juntos decidiram prosseguir a experiência
religiosa comunitária vivida durante a peregrinação. Foram para um
velho castelo em ruínas, situado no pico de um penhasco rochoso.
Neste ambiente pitoresco, Romédio viveu em estimulante confronto com
Deus, com suas criaturas e com si mesmo; através da austeridade,
penitência e oração. Quando era rico, Romédio não vivia nesta
plenitude, pois explorava a terra e os homens a seu serviço. Vivendo
na pobreza, ele se reencontrou em plena comunhão com Deus e com as
suas criaturas.
Os
montanheses do vale aprenderam a conhece-lo e a estima-lo, paravam
para rezar junto à cruz que Romédio tinha colocado dentro de uma
gruta e conversavam com ele. A sua fama de ermitão se espalhou, como
os seus prodígios. Romédio fez muitos discípulos, dentre eles havia
um chamado Davi, que a tradição lembra por uma passagem singular.
Contam que Romédio, velho e cansado, desejava encontrar com o amigo
bispo Virgílio, por isto mandou o seu jovem discípulo Davi selar o
cavalo. Ele foi, mas encontrou um urso esfomeado estraçalhando o
cavalo. Quando soube, Romédio disse ao jovem: "Não tenha medo!
Coloque a sela no urso. Ele me servirá de cavalo". Davi obedeceu.
Receoso se aproximou da fera bravia, mas para sua surpresa o urso
mansamente se deixou selar. Com a cabeça baixa, como se pedisse
perdão por ter comido o cavalo, o urso foi até Romédio e este o
acariciou e montou sobre a sela, concluindo o seu prodígio na
cidade, onde foi recebido por Virgílio e pela população surpresa.
Quando
Romédio morreu, com a idade bem avançada. Foi sepultado dentro da
gruta onde costumava rezar, e o local se tornou meta de
peregrinação. Assim, por volta do ano 1000 foi construída uma
igreja, onde iniciou o culto a São Romédio e se tornou um Santuário
belíssimo erguido sobre rochas. Dois séculos depois, o culto já
consolidado foi reconhecido oficialmente pelo bispo de Trento e se
ampliou com a distribuição das relíquias para as igrejas de toda a
região do Trento e dos Alpes austríacos, alemães, suíços. O papa Pio
X confirmou em 1907, o seu culto “imemorável”.
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