São
Romão, que viveu no século V e foi o primeiro eremita que existiu na
França. Natural de Borgonha, entrou bem cedo no célebre e mais
antigo mosteiro da França, Ainay. Tendo aprendido os princípios da
vida
religiosa,
retirou-se para a solidão, num lugar chamado Condat, entre a Suíça e
Borgonha, onde mais tarde se lhe associou o irmão, Lupicino. Algum
tempo viveram juntos, entregues às práticas religiosas, quando
começaram a experimentar impertinentes perseguições do demónio, que
procurou assustá-los de mil modos. Bastante incomodados com as
artimanhas do inimigo, retiraram-se daquele lugar, em demanda de um
outro. Surpreendidos pela noite, hospedaram-se na choupana de uma
pobre mulher. Esta, sabendo do motivo da fuga, disse-lhes: “Fizestes
mal em ter abandonado a vossa casa. Se tivésseis lutado com mais
coragem e pedido sossego a Deus, teríeis vencido as insídias do
demónio”. Envergonhados com esta advertência, voltaram ao lugar de
onde tinham saído e de facto nunca mais o demónio os incomodou.
A fama
dos dois santos homens chamou muita gente ao lugar onde estes
moravam, uns para pedir conselho, oração e consolo, outros, a estes
em maior número, para, sob sua direcção, levar uma vida em Deus.
Santo Hilário tinha conferido a Romão as ordens do sacerdócio. Junto
com seu irmão Lupicino fundou três conventos: o de Condat, hoje São
Cláudio (Saint Claude), o de Laucone e de la Baume. Ao redor deste
último se agrupou a cidadezinha de Saint-Romain-de-Roche. Estes
conventos gozavam de grande reputação na França, devido ao bom
espírito, à vida santa que lá se levava. Romão era para todos o
modelo de perfeição.
Em
certa ocasião fez uma romaria ao túmulo de S. Maurício e levou em
sua companhia o monge Paládio. A noite os surpreendeu e tiveram de
abrigar-se numa gruta, que servia de albergue a dois leprosos.
Grande foi o espanto destes, ao avistarem os dois religiosos na
pobre habitação. Romão, para convencê-los de que nada precisavam
temer, abraçou-os e beijou-os com muito afecto. Quando, no dia
seguinte, os romeiros se despediram dos pobres lázaros, Romão fez o
sinal da cruz sobre eles e no mesmo momento a lepra os deixou.
Este
grande milagre aumentou ainda mais o grande conceito do Santo, em
que o tinha todo o povo.
Romão,
porém muito aborreceu-se com as honras de que o fizeram alvo e
retirou-se para o convento de S. Cláudio, onde morreu em odor de
santidade. |