Muitos,
no nosso tempo — e até mesmo sacerdotes! — afirmam, a quem aceita de
os ouvir que o demónio não existe, que é apenas uma imagem que a
Igreja inventou para personificar o mal e fazer medo às crianças.
“Hoje, infelizmente, existem teólogos e exegetas que negam até
mesmo os exorcismos de Nosso Senhor”.
Estas palavras são do maior exorcista actual, o Padre Gabriel
Amorth.

O
Catecismo da Igreja Católica, publicado pelo santo Papa Pio X, diz
que o demónio, “por ódio a Deus, tenta o homem ao mal”. Mas,
cada vez é maior o número daqueles que não acreditam na existência
do inimigo das nossas almas.
Pobres
loucos !
Perguntem a Francisco e à Jacinta; perguntem ao santo Padre Pio;
perguntem à Beata Alexandrina; perguntem a santa Teresa de Ávila…
— Mas
todos esses já morreram e não podem agora falar…
Então
perguntem ao Padre Gabriel Amorth — já citado acima — e a outros
exorcistas nomeados pelos Bispos, para exercerem essa função
delicada, se o diabo existe… e estes vivem no meio de nós, podem
falar, podem responder…
— “Vós
vistes o inferno para onde vão as almas de muitos pecadores”,
disse a Virgem Maria em Fátima aos pastorinhos. Será que alguém
ousaria tratar de mentirosa à Mãe de Deus e nossa Mãe?
Mais
perto de nós, lembremos a Beata Alexandrina Maria da Costa que,
depois de ter vivido as penas do Purgatório, viveu, algum tempo mais
tarde, aqueles do Inferno, vivência horrível que ela aceitou
livremente para a salvação dos pecadores. Quando nos seus escritos
lemos certos textos deste período particular da sua vida, podemos
ver até que ponto o diabo é manhoso e sagaz.
O texto
que a seguir vamos ler, faz parte desse período particular da vida
da “Doentinha de Balasar”, como carinhosamente a chamavam no seu
tempo.
«O
demónio continua a correr para mim como um cavalo sem freio. Vem
louco para me insultar e convidar ao mal. Ouço dele o que nunca ouvi
das criaturas, conheço dele o que nunca conheci do mundo. Não sei se
disse, parece-me que sim:
— Tu
não me satisfazes, convida mais demónios para pecarem comigo; quero
o prazer, quero gozar.
Que
horror, que horror parecer-me que dizia isto e que desviava para
longe de mim o terço e a Mãezinha, que lhes escarrava e os calcava
aos pés. Parece-me sempre que o maldito consegue de mim tudo quanto
deseja e que ofendo o meu Jesus. No auge da dor, mais libertada
dele, repeti muitas vezes:
— Não, não, não, meu Jesus, não quero pecar.»
Textos
como este podemos ler muitos, particularmente naqueles de 1945.
Que
deduzir?
Uma
certeza se impõe a nós, quando conhecemos bem a Beata Alexandrina e
a sua incapacidade a inventar ilusões.
Primeiramente, a sua cultura não lhe permitia tais invenções: esteve
apenas 18 meses na escola primária da Póvoa de Varzim, justamente
para aprender a ler e a escrever.
Segundamente, e apesar desta falta de “cultura humana”, deixou para
a posteridade escritos que rivalizam com aqueles dos maiores
místicos da Igreja Católica, tais como Santa Teresa de Ávila e São
João da Cruz, graças à “cultura divina”. O próprio Jesus disse que
ela “era doutora em ciências divinas”.
Por
estas e por outras razões, sobretudo doutrinários, afirmamos que o
diabo existe, que o Inferno existe e que o nosso dever de cristãos e
de baptizados é, não só de acreditar nesta verdade, mas afirmá-la
categoricamente àqueles infelizes que a negam desavergonhada e
descaradamente.
Afonso Rocha |