Rita Amada de
Jesus, viu a luz do dia a 5 de Março de 1848 num pequeno povoado da
paróquia de Ribafeita, Diocese de Viseu – Portugal. Com muito poucos dias de
idade recebe o baptismo e foi-lhe dado o nome de
Rita Lopes de Almeida. Cresceu
num ambiente familiar muito piedoso onde à noite se fazia leitura espiritual e,
desde criança, manifestou ela mesma uma especial devoção por Jesus Sacramentado,
por Nossa Senhora, por S. José e carinho pelo Papa que, por essas alturas vivia
vida atribulada, a ponto de se ver exilado e, poucos anos depois espoliado dos
Estados Pontifícios.
A maçonaria, que
em Portugal, na década de trinta se apoderou dos bens eclesiásticos, mandara
encerrar todas as casas Religiosas masculinas e nas femininas proibia a admissão
de qualquer Noviça, concorreu para o cristianismo perder alguma vitalidade. Além
disso, muitos bispos e até sacerdotes descuravam seus deveres, pelas constantes
lutas políticas em que se viam envolvidos.
No lar desta
jovem todos, a começar pelos pais, sentia-se a ânsia de uma autêntica vivência
cristã e desejo de a comunicar a outros. Deus fez nascer nela a vocação
missionária para arrancar os jovens do indiferentismo, dos perigos morais e
exercer apostolado entre em prol da família. Chegou a andar de aldeia em aldeia
a rezar; e ensinava a rezar o terço e espalhar a vontade sincera de imitar Nossa
Senhora. Encontrava pessoas de vida menos exemplar e fazia tudo quanto estava ao
seu alcance para que Nosso Senhor as arrancasse do mal e as trouxesse ao bom
caminho. Não tardaram ameaças de morte e até houve um homicídio frustrado.
À oração juntou a
penitência. Nas vindas a Viseu, começou a contactar as Irmãs Beneditinas do
Convento de Jesus e conseguiu delas alguns "instrumentos de mortificação". Cedo
deu conta, juntamente com seu confessor, que Jesus a chamava à vida de
consagrada, numa época impossível pelas leis ainda vigentes que proibiam
admissões de Noviças. Rita continuava no mundo, entregue ao apostolado, às
mortificações, esperançada de que haveria de alcançar a consagração total a Deus
e rejeitando peremptoriamente pretendentes, alguns deles ricos, porque no seu
íntimo já era "consagrada". Fazia a Comunhão Reparadora; crescia no fervor
eucarístico, na devoção ao Sagrado Coração de Jesus e no forte desejo de salvar
almas, tornando-se missionária e apóstola. Comungando no apostolado de Rita, os
pais chegaram a albergar em sua casa mulheres desejosas de conversão e de mudar
de atitudes e comportamentos morais com que tinham contribuído para a destruição
de famílias.
Com cerca de 20
anos viu que era imperioso consagrar-se a Deus na Vida Religiosa. Confidenciava
muito com sua mãe e o pai, embora muito piedoso, por sentir por aquela filha uma
oculta predilecção, opunha-se a este desiderato. Porque importa obedecer mais a
Deus que aos homens, Rita não esmoreceu e finalmente aos 29 anos conseguiu
entrar num convento de Religiosas, a única Congregação permitida em Portugal por
ser estrangeira e se dedicar apenas à assistência. Ao confrontar o carisma
daquelas Irmãs com o que lhe ia na alma, deu conta que não se coadunava com o
género de apostolado para que se sentia inclinada. O Director Espiritual da
Comunidade a quem se abria inteiramente verificou ser vontade de Deus a respeito
daquela Aspirante: recolher e educar meninas pobres e abandonadas. Rita deixou
aquelas Religiosas de origem francesa e, ainda de acordo com o Revº P. Francisco
Pereira S.J., procurou meios de melhor se preparar para futuro e urgente
desempenho da sua especial missão. Deu entrada num colégio onde pôde aprender ao
vivo como lidar com as exigências estatais e religiosas.
Rita, humanamente
rica de predicados e virtudes, profundamente piedosa, levada pelo desejo de
cumprir a vontade de Deus a seu respeito, deixando-se guiar pelo Director
Espiritual, ao sair do Colégio, aos 32 anos, conseguiu vencer as dificuldades de
natureza política e até religiosa para fundar a 24 de Setembro de 1880, na
paróquia de Ribafeita, um colégio e simultaneamente o Instituto das Irmãs de
Jesus Maria José, seguindo o lema da Sagrada Família de Nazaré. Em breve espaço
de tempo, estendeu a Obra de apostolado a outras Dioceses de Portugal; mas nas
Dioceses de Viseu, Lamego e Guarda as autoridades políticas concelhias
procuraram por todos os meios obrigá-la a encerrar a Obra. Não lhe faltaram
também dificuldades económicas e ainda internas com uma das suas religiosas.
Porém, em Portugal no ano de 1910 a implantação da República desencadeou
perseguição feroz contra a Igreja, apoderou-se dos bens que o Instituto possuía,
aboliu novamente as Ordens Religiosas e Madre Rita teve que se refugiar na terra
natal. Daqui conseguiu localizar algumas Irmãs dispersas, aos poucos
reagrupá-las numa humilde casa e pôde salvar o Instituto, enviando-as depois em
grupos para o Brasil. Lá continuaram o carisma da Fundadora que faleceu em
Casalmendinho (paróquia de Ribafeita) a 6 de Janeiro de 1913, em odor de
santidade, confortada pelos últimos Sacramentos. O funeral para o cemitério
paroquial, presidido pelo Vigário Geral da Diocese foi antes uma acção de graças
pelo dom desta Religiosa à Igreja e ao Mundo.
Beatificação :
28 de Maio de 2006 por Bento XVI. A cerimónia
realizou_se em Viseu e foi presidida pelo Cardeal
José Saraiva
Martins, prefeito da Congregaçã para as Causas dos Santos.
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