A
actual Balasar era, nos seus séculos XI e seguintes, constituída por duas
paróquias, como aliás as suas vizinhas Gondifelos e Outeiro Maior. Havia Santa
Eulália — primeiro de Lousadelo e depois de Balasar — e S. Salvador de Gresufes.
Em 1430, o Arcebispo juntou Gresufes a Balasar, mas mais adiante elas
separaram-se e Gresufes anexou a Gondifelos. Só em meados do séc. XVI é que as
duas antigas paróquias se uniram definitivamente.
Da
antiga Balasar, conhecem-se estes nomes de reitores:
Pedro Pais,
pelas Inquirições de 1220 e 1258.
João da Fonte
João Fernandes
Lourenço Anes
João Peres, dos
tempos da anexação de Gresufes (1422-1457).
De
João Fernandes há a curiosidade de ele ser analfabeto. Se calhar, seria apenas
uma espécie de administrador da paróquia, deixando a algum coadjutor as tarefas
propriamente sacerdotais.
Da
antiga paróquia de Gresufes, chegaram até nós dois nomes de párocos:
João Gonçalves,
do tempo das Inquirições de 1258,
Gonçalo Durães
(1422), do tempo da primeira anexação a Balasar.
Os reitores de Balasar no século XVII
Francisco Fernandes Borges
Os mais antigos
registos paroquiais de Balasar que se conhecem vêm de 1622. Nalgumas paróquias
conservam-se registos desde muito perto do final do Concílio de Trento e, em
paróquias urbanas, até de antes.

Documento preenchido e assinado
pelo Padre Francisco Fernandes Borges
O reitor Francisco
Fernandes Borges é assim o primeiro nome que deles conhecemos e manteve-se à
frente da paróquia até 1632. Em seu tempo, muitas vezes os serviços são feitos
por outros sacerdotes e os livros estão mal escriturados. Quando o novo pároco
tomou posse, ele ainda vivia.
O país ainda
esperaria vários anos até se libertar dos Filipes.
João da Silva
O P.e João Silva
foi reitor ao longo de 43 anos, de 1632 a 1675. Era pouco caligráfico, mas
cuidadoso nos assentos.
É o pároco do tempo
da Restauração e do período de guerra que se seguiu.
Silvestre da Costa Montalvão
Os assentos do
reitor Silvestre da Costa Montalvão têm uma apresentação bonita; infelizmente
não foi sacerdote modelar. Paroquiou a freguesia de 1676 a 1700, devendo por
isso ter sido o informador do P.e Costa Carvalho para a sua Corografia
Portuguesa.
Os reitores de Balasar no século XVIII
João da Silva
Nas três décadas
iniciais do século – 1701-1731 – paroquiou a freguesia o P.e João Silva.
É o pároco do tempo
dos antepassados recentes de D. Benta e da primeira parte do reinado de D. João
V, com a vinda do ouro do Brasil.
António da Silva
A passagem do P.e
António Silva pela reitoria de Balasar foi breve: 1733-36. Resigna em Novembro
de 1736.
António da Silva e Sousa
António da Silva e
Sousa esteve à frente da paróquia de Balasar quase 60 anos, de 1736-1792.
Decorreram em seu
tempo profundas obras de restauro da igreja, redigiu as duas memórias
paroquiais, ouviu os desacatos de Manuel Nunes Rodrigues, viu-o a erguer a sua
capela da Lapa e viu os descendentes dele deixarem Balasar.
Paroquiou então na
segunda parte do reinado do Magnânimo, sofreu com as prepotências do Marquês de
Pombal e com o cisma que ele provocou e chegou ainda à viradeira. Foi em seu
tempo que encerrou portas o Mosteiro da Junqueira.
José Gonçalves
O reitor José
Gonçalves entra em 1794 e assina o último assento em 1821; o seu sucessor só foi
colocado em 1823.
Os reitores de Balasar no século XIX
José Gonçalves
(continuação)
Não há-de ter
tido vida sossegada este pároco: soube com certeza as notícias terríveis da
Revolução Francesa, aconteceram depois as invasões napoleónicas e no fim os
primeiros passos do liberalismo, com o seu grande desvairo.
António José de Azevedo
O reitor António
José de Azevedo foi pároco de Novembro de 1823 a fins de Agosto de 1832, o tempo
da renovação do Tombo da Comenda de Balasar (quase até ao fim), da aparição da
Santa Cruz e do período politicamente quente que então se vivia.
A data do fim da
sua actividade é um pouco suspeita. Terá ele sido vítima de expulsão logo após o
desembarque do Mindelo?
Manuel José Gonçalves da Silva
De acordo com o P.e
Silos, ao reitor António José de Azevedo sucedeu Manuel José Gonçalves da Silva.
Mas,
apesar de provido para reitor da freguesia, não deve ter chegado a tomar
conta do lugar senão muito mais tarde, “por motivo ter sido mercê no tempo da
usurpação” e talvez devido a ser mestre de Moral, em Braga. Se calhar também
pertenceu ao batalhão eclesiástico… De facto, não se conhece nenhum registo
paroquial com a sua assinatura antes de 1841, quando o governo liberal retoma as
relações com a Santa Sé. O fim do cisma em Braga só se verificará em 1843, com a
confirmação do arcebispo por Roma.
Como, em 1845,
tinha 37 anos e fora provido para Balasar em 1833, teria nesta data 22.
A partir de 1841,
ocupará o cargo até 1860, aos 52 anos.
Domingos José de Abreu
De fins de 1832 até
à vinda do reitor Manuel José Gonçalves da Silva, paroquiou Balasar o P.e
Domingos José de Abreu. Nunca assinou como reitor, reconhecendo porventura que a
sua situação não era definitiva na paróquia. Por vezes assinava como coadjutor
ou cura.
Durante o breve
período que medeia entre a saída de Domingos José de Azevedo e a chegada dele,
assegurou o serviço o cura António José da Silva, como encomendado.
Domingos José de
Abreu é o pároco do tempo das obras da actual capela da Santa Cruz e do começo
da Junta de Paróquia. Lidou muito de perto com Custódio José da Costa.
Em 1845, o P.e
Domingos José de Abreu paroquiava Rio Mau. Segundo o P.e Silos, a sua política
era a do catavento.
António José Ferreira
Ao contrário dos
seus antecessores, este pároco deve ter tido uma vida bastante sossegada.
Paroquiou a freguesia entre 1860 e 1873, sob o regime da Regeneração, quando o
país começou a modernizar as vias de comunicação (estradas e caminhos de ferro)
e vivia numa democracia mais ou menos formal.
António Martins de Faria
Poeta e jornalista,
António Martins de Faria esteve em Balasar entre 1873 e 1882; foi depois para
Beiriz; chegou a ser arcipreste. Deixou dois livros de poemas, além do poemeto,
também publicado, sobre Santa Eulália.
Manuel Fernandes de Sousa Campos
Veio para Balasar
em 1885, como encomendado; só passou a assinar como pároco em meados de 1888.
É o pároco da
construção da actual Igreja Paroquial, do baptismo da Alexandrina e dos tempos
difíceis dos primeiros anos da República. Era natural de Balasar e
faleceu em 1919.
Nesse período
foi ela estudar para a Póvoa de Varzim, regressou e mudou-se de Gresufes para o
Calvário e depois, já jovem, fez-se cantora e catequista e teve a gesto heróico
do salto.
Manuel Fernandes
de Sousa Campos (ver acima).
P.e Manuel de
Araújo
Paroquiou Balasar
de 1920 a 1933. Natural de Infias, era bom pregador e devia ser culto.
Em 1928, no
Congresso Litúrgico de Braga, o P.e Manuel de Araújo toma parte na “discussão”
duma das teses (A Voz do Crente, 6/7/1928). No final da sua estada em
Balasar, parece que padeceu de perturbações mentais.
A Alexandrina
recorda algumas vezes o P.e Manuel Rodrigues na Autobiografia.
A década de 20
marcou profunda viragem na vida da Alexandrina: o seu vigor juvenil soçobrou
frente à doença que lhe atacou a coluna, acamou e iniciou a caminhada mística.
P.e
Leopoldino Mateus
É sobretudo o P.e Leopoldino (Póvoa de Varzim, 9//1/1879-ibidem,
29/2/1966) que é lembrado como pároco da Alexandrina. Nunca terá sido
uma figura particularmente grada na casa do Calvário. De facto, entre
ela e ele mediou sempre ou quase sempre um director espiritual, vindo
assim o pároco em segundo ou até terceiro lugar, após o confessor.
Era homem
lido, pregador e com gosto pela escrita; os balasarenses conservaram
dele uma memória muito agradável. |
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Depois da
Beata Alexandrina
Francisco Dias de Azevedo
Paroquiou Balasar desde 1956 a 2004. Decorreram no seu tempo a criação
do Boletim de Graças, o Processo Informativo Diocesano, a trasladação
das relíquias da Alexandrina do cemitério local para a Igreja Paroquial,
a proclamação do Decreto das Virtudes Heróicas e a Beatificação.
Promoveu obras de monta na Igreja Paroquial e a colocação dos vitrais
bem como a construção da actual residência paroquial. |
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José
Barbosa Granja
O P.e José
Barbosa Granja foi pároco de Balasar entre 2004 e 2010; deve-se-lhe o
arranjo do túmulo da Beata Alexandrina, a colocação da Via-Sacra ao ar
livre próximo da casa da Beata, etc. Foi um dos co-fundadores do Sítio
Oficial da Beata Alexandrina, juntamente com o Afonso Rocha e com o
autor deste trabalho. |
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Manuel Casado
Neiva
Em 2010, foi
colocado como pároco de Balasar o P.e Manuel Casado Neiva.
José Ferreira
http://notciasdabeataalexandrina.blogspot.com/
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