Primeiros tempos na
Ordem
Filho de uma das mais proeminentes famílias de Bolonha, foi como
estudante da Universidade que conheceu
a
Ordem dos pregadores, que prontamente o receberam, em 1350, tendo
ele mais tarde revelado que em sonhos, o próprio São
Domingos o
terá levado a dar esse passo. Uma das suas primeiras obrigações foi
a direcção espiritual de vários conventos de monjas na
região de Montepulciano.
Foi uma dos primeiros biógrafos de Santa Inês de
Montepulciano,
que tinha falecido menos de cin-quenta anos antes.
Em 1367 foi chamado a Roma a fim de se tornar o prior do convento de
Minerva. Ensinou em Santa
Maria Novella,
em Florença, quando, em 1374 para foi enviado pelo Mestre Geral da
Ordem para Sena. Ali vivia Santa Catarina de Sena,
a grande mística, pelo que as autoridades da Ordem estavam
natural-mente interessadas em acompanhar, sendo Raimun-do nomeado seu
director espiritual e confessor.
Com Catarina
Raimundo foi um homem cuidadoso e modesto apesar de ter sido nomeado
para acompanhar uma das mulheres mais célebres do seu tempo. A
prin-cípio não demonstrou grande entusiasmo pela sua nova missão. Mas
o posterior convívio mostrou-lhe que estava perante uma verdadeira
santa. A sua pri-meira decisão foi a de lhe permitir receber a comunhão diáriamente
(então uma prática bastante raramente concedida aos leigos em
geral). Com o advento da peste
negra à
região, ambos se tornaram incansáveis companheiros, apoiando e
confortando os enfermos e as suas famílias. Ele próprio ficou
doente, mas com os cuidados e sobretudo orações de Catarina
restabeleceu-se quando todos o davam já como perdido. Acompanhou a
vida de Catarina nos últimos seis anos que a este lhe restavam.
Fruto da sua acção, Catarina envia diariamente a Raimundo dezenas de
pessoas para se confessarem e converterem, o que o deixava
totalmente exausto e sem tempo para mais nada. A Ordem designou mais
duas freiras para o acompanharem em tal trabalho.
O cisma
Quando Catarina conseguiu persuadir o Papa Gregório
VI a
regressar a Roma, terminando os setenta anos de Cativeiro de
Avinhão,
este faleceu logo após a sua chegada. A posterior confusa eleição de Urbano
VI,
alguns cardeais descontentes elegeram Clemente VII,
como antipapa.
Todo país, a Igreja e
própria Ordem se dividiram em várias facções, ora apoiando um ora
outro. Catarina e Raimundo ficaram do lado do papa legítimo, Urbano
VI. Raimundo foi enviado por este ao rei de França a fim de
estabelecer negociações, mas foi impedido por soldados e populares
apoiantes da facção contrária. Catarina criticou-o severamente por
lhe faltar a coragem e bravura suficiente para realizar uma missão
de tal importância que de pouco valia ter salvo a própria vida.
Em Avinhão
Ao mesmo tempo em que foi eleito Raimundo, a facção discordante e de
apoio ao antipapa Clemente VII, elegeu Elias Raymond, como Geral da
Ordem, em obediência à Avinhão:
Elias Raymond (França)
1380-1389
Nicolau de Tróia (Itália)
1391-1393
Nicolau Vallisoletanus (Espanha)
1394-1397
João de Puinoix (França)
1397-1418
Mestre e reformador
Poucas semanas após a morte de Catarina, em 1380, Raimundo foi
eleito Mestre Geral da Ordem, pelo menos por aqueles que apoiavam
Urbano VI. O seu mandato, em tais circunstâncias foi obviamente
difícil e muito discutido. Para além de tudo ter tentado para reunir
novamente a dividida Ordem, tentou
introduzir o sistema dos observantes na
Ordem, uma reforma religiosa que apenas com Santa Teresa de
Ávila viria
a triunfar. Mas foi criticado por negligenciar a vertente do estudo
como factor primordial do carisma dominicano. No entanto a sua
estratégia, de introduzir em cada província pelo menos um convento
reformado, veio a mostrar-se vencedora.
Faleceu em Nuremberga quando ali se encontrava a promover a reforma,
sendo posteriormente transladado para Nápoles. No quinto centenário
da sua morte, o papa Leão
XIII procedeu
à sua beatificação.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_de_C%C3%A1pua |