Pedro nasceu em Ravena, em 1007. Teve uma infância muito sofrida,
ficou órfão muito cedo e foi criado de forma
improvisada pelos
irmãos que eram em grande número. Mesmo assim, o irmão mais velho,
Damião, acabou por se responsabilizar sozinho por seus estudos.
Estudou em Ravena, Faenza e Pádua e depois de ter ensinado em Parma,
ingressou no mosteiro camaldulense de Fonte Avelana, na Úmbria, que
se tornou o centro de suas atividades reformadoras. Pe-dro, em
retribuição à seu irmão Damião, assumiu também o seu nome ao se
ordenar sacerdote.
Pedro Damião, aos vinte e um anos, então na Ordem Camaldulense, por
seus méritos logo tornou o supe-rior diretor. As regras da Ordem já
eram duras, mas ele as tornou mais rígidas ainda. Passou a criticar
se-veramente conventos onde não havia pobreza e sua influência se
estendeu por mosteiros da Itália e da França, entre eles
Montecassino e Cluny, que passa-ram a seguir seus conceitos. Com seu
reformismo, tra-balhou incansavelmente para devolver à vida religiosa
seu sentido de consagração total a Deus, na auste-ridade da solidão e
da penitência.
Pedro Damião era um sacerdote contemplativo, de vida simples, adepto
à vida monástica e desse modo singular atacava o luxo dos cardeais.
Citava os após-tolos Pedro e Paulo como exemplos, pois percorreram o
mundo para evangelizar, sendo magros e andando descalços, ou seja,
para levar a Palavra de Deus, era necessário sobretudo se despojar
dos apegos mate-riais. Foi desse modo que solidificou a austeridade
religiosa e como viveu toda sua existência terrena.
Seu
trabalho não parou aí. Havia, na época, a venda de títulos, funções
e cargos da Igreja, como se fazia com os títulos feudais. A essa
troca de favores se deu o nome de simonia clerical. O ato de comprar
ou vender benesses espirituais, era antigo e esse nome deriva de
Simão, o Mago, que procurou comprar dos Apóstolos graças
espirituais. Dessa forma, cargos da Igreja acabavam ocupados por
pessoas despreparadas e indignas que se rebelavam contra a
disciplina exigida deles, principalmente com relação ao celibato.
A
Igreja, assim dilacerada, vitimada pelas discórdias e cismas, tinha
necessidade de homens cultos e austeros como padre Pedro Damião. Por
isso, ele foi chamado à Santa Se para auxiliar nesses combates.
Esteve ao lado de seis papas, como viajante da paz, e em particular
colaborou com o cardeal Hildebrando, o grande reformador que se
tornou o Papa Gregório VII.
Pedro Damião após várias peregrinações à cidade de Milão, à França e
à Alemanha, se tornou cardeal e foi designado para a diocese de
Óstia. Seus escritos, após a sua morte, prosseguiram doutrinando
religiosos importantes. Aos poucos, a situação da Igreja foi se
normalizando. Já velho, foi enviado à Ravena para recompor a questão
do antipapa. Morreu em 1072, na cidade italiana de Faenza, quando
voltava de uma missão de paz.
A
fama de sua santidade em vida se cristalizou junto aos fiéis, que
então passaram a venerá-lo como santo. Em 1828 o papa Leão XII
declarou Santo Pedro Damião e o proclamou também doutor da Igreja,
por seus numerosos escritos teológicos e pela incansável e eficiente
atuação para a unidade da Santa Mãe, a Igreja Católica de Roma. |