Alexandrina de Balasar

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SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR
— B —

Leitura do livro dos Actos dos Apóstolos ( Ac. 1, 1-11)

No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu.

A eles também apareceu vivo depois da sua paixão e deu-lhes disso numerosas provas com as suas aparições, durante quarenta dias, e falando-lhes também a respeito do Reino de Deus.

No decurso de uma refeição que partilhava com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o Prometido do Pai, «do qual – disse Ele – me ouvistes falar. João baptizava em água, mas, dentro de pouco tempo, vós sereis baptizados no Espírito Santo.»

Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» Respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.»

Dito isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos. E como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: «Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado para o Céu virá da mesma maneira, como agora o vistes partir para o Céu.»

 

Salmo  46  (2-3. 6-7. 8-9)

Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
ajuda permanente nos momentos de angústia.
Por isso, não temos medo, mesmo que a terra trema,

mesmo que as montanhas se afundem no mar
.

Deus está no meio dela, não pode vacilar;
Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.
As nações murmuram, os reinos agitam-se.
Ele faz ouvir a sua voz e a terra estremece.

O SENHOR do universo está connosco!
O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
Vinde e contemplai as obras do SENHOR,
as maravilhas que Ele realizou na terra.

 

Leitura da Epístola de São Paulo aos Efésios   (Ef. 1, 17-23)

Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê o Espírito de sabedoria e vo-lo revele, para o conhecerdes; sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes que esperança nos vem do seu chamamento, que riqueza de glória contém a herança que Ele nos reserva entre os santos e como é extraordinariamente grande o seu poder para connosco, os crentes, de acordo com a eficácia da sua força poderosa, que eficazmente exerceu em Cristo: ressuscitou-o dos mortos e sentou-o à sua direita, no alto do Céu, muito acima de todo o Poder, Principado, Autoridade, Potestade e Dominação e de qualquer outro nome que seja nomeado, não só neste mundo, mas também no que há-de vir. Sim, Ele tudo submeteu a seus pés e deu-o, como cabeça que tudo domina, à Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude daquele que tudo preenche em todos.

OU

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios   (Ef 4, 1-13)

Irmãos:

Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade do espírito pelo vínculo da paz.

Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados.

Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo.

Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua em todos e em todos Se encontra.

A cada um de nós foi concedida a graça, na medida em que recebeu o dom de Cristo.

(Por isso diz a Escritura:

«Subiu às alturas, sujeitou um grupo de cativos, concedeu dons aos homens».

Que quer dizer «subiu», senão que também desceu às regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher o universo.)

Foi Ele também que a uns constituiu apóstolos, a outros evangelistas e a outros pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos cristãos, em ordem ao trabalho do ministério e à edificação do Corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, à medida de Cristo na sua plenitude.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
 segundo São Marco   (Mc. 16, 15-20)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:

«Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado.

Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, 18apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.»

Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus.

Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.

 

PONTOS DE REFLEXÃO

I LEITURA. ACT 1,1-11

O aspecto mais interessante da narração é o contraste entre as expectativas dos discípulos, ainda ligadas em parte à sua mentalidade religiosa anterior ao encontro com Jesus, e o plano salvífico que Deus começou a realizar com a morte e ressurreição do Filho.

Os discípulos pensam sobretudo na restauração do povo de Israel neste mundo, ao passo que Jesus não a exclui mas remete-a para a vontade secreta do Pai.

Os discípulos detêm-se a “olhar para o céu” como que para reter o Mestre no meio deles, ao passo que os anjos anunciam o regresso de Jesus no fim dos tempos. Os discípulos, privados assim da forma que eles tinham dado às suas esperanças, são preparados para receberem o Espírito, o qual preencherá as suas vidas com a novidade trazida ao mundo por Jesus. 

II LEITURA. EF 4,1-13

Jesus subido ao Céu é imaginado como o vencedor do mal que, tendo aprisionado todas as forças negativas, distribui dons aos homens com finalidades precisas, de modo que aptidões e tarefas diversas consigam conduzir todos a uma fé igualmente completa e amadurecida.

A diversificação dos dons é um meio de alcançar a unidade na idêntica fé, no conhecimento e na esperança. Trata-se de uma unidade que abrange diversos aspectos: ritual, doutrinal e vital, e é obra de Deus. O contributo humano consiste em valorizar as virtudes que favorecem a concórdia e a comunhão. 

EVANGELHO. MAC 16,15-20

A apresentação das finalidades e dos conteúdos da missão confiada por Jesus Ressuscitado aos Apóstolos é peremptória: “todo o mundo”, “toda a criatura”, salvação para os crentes batizados, condenação para os não acreditam. Isto com a finalidade de demonstrar  como é necessária para cada homem a participação nos dons de Cristo.

Surpreende a tipologia dos sinais concedidos aos crentes sobretudo pela sua consistência material, que parece assemelhar-se a magia, mas é só a confirmação do facto de que a salvação, enquanto o homem estiver na terra, não pode ignorar a sua condição de mortal.

Não se trata de nenhum elogio dos discípulos, não obstante os prodígios, porque quem faz tudo é o Senhor, que está sentado à direita de Deus, e está realmente presente entre os discípulos quando estes realizam a sua missão.

Para compreender a Ascensão é preciso partir da afirmação com que termina o Evangelho: “Eles partiram a pregar por toda a parte, cooperando o Senhor com eles e confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam” (Jo,16,20).  Jesus, tendo subido para Deus, continua aqui connosco na terra e está de verdade ( e com todos os crentes), precisamente porque já não esta ligado a um tempo ou a um lugar determinado. A ida de Jesus é  a fonte e a garantia da Sua permanência connosco.

Os verbos da festa da Ascensão do Senhor têm todos, de uma maneira explícita ou implícita,  o sentido de elevação e convidam-nos, deste modo, a olhar para o alto, a elevar o coração, a dirigir os olhos ao céu, a transportar o nosso coração ao lugar onde se encontra Cristo à direita do Pai.  Deste modo, a solenidade da ascensão, revela-nos a nossa pertença, desde já, à Jerusalém Celeste, o nosso viver no céu, “todavia ainda não” com o corpo, mas sim “já” com o espírito e o coração.

A ascensão não marca, por  conseguinte, um final, mas um princípio. Implica uma separação, mas, apesar dela, proporciona uma comunhão mais profunda com o Senhor Jesus, uma comunhão que será completa no final dos tempos.

Padre José Granja
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga

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