|
A Beata Alexandrina
considerava Santa Teresinha sua «irmã espiritual» e dedicou-lhe particular
devoção. Aliás acamou no ano em que Santa Teresinha de Lisieux foi canonizada e
esta apareceu-lhe várias vezes, duas no dia em que reviveu pela primeira vez a
Paixão. O dia litúrgico da Alexandrina, 13 de Outubro, é muito próximo do da
Teresinha, 3 de Outubro…
Neste princípio de
2006, quando as Relíquias de Santa Teresinha vieram recentemente a Portugal,
veja-se, para começar, este fragmento do colóquio da Alexandrina do dia de 13 de
Outubro de 1947:
«Veio
Santa Teresinha, vestida de luz, com um diadema formosíssimo. Como ela era linda
e bondosa! Abraçou-me, beijou-me muito e num abraço prolongado disse-me:
―
Minha irmã, esposa do Meu Esposo e filha do Meu Senhor, tem coragem!
Que grande glória
te espera no Céu! Que formosa coroa formada do teu martírio!
Sofre com alegria,
conta com a minha protecção aqui na terra e virei ao teu encontro na passagem
para a eternidade.
- Santa Teresinha,
minha querida Santa Teresinha, confio em ti, conto com a tua protecção, ama por
mim a Jesus e à Mãezinha e a toda a Santíssima Trindade.
Apresenta-Lhes
todos os meus pedidos e alcança para todos os que me são queridos e toda a minha
família as bênçãos e graças do Céu.
Lembra-te de todos
os que se me recomendam, lembra-te do mundo inteiro.
Com a promessa de
sim, de nada esquecer, desapareceu».
O texto é
esclarecedor: Santa Teresinha começa por chamar-lhe «irmã» e só depois vem tudo
o resto, que é muito: «virei ao teu encontro na passagem para a eternidade».
Foi no dia de Santa
Teresinha que a Alexandrina reviveu pela primeira vez a Paixão. E a repetição do
facto, bem o sabemos, foi determinante para se chegar à consagração do Mundo ao
Imaculado Coração de Maria, o que deveria deixar encantada a Teresinha.
Em No Calvário
de Balasar, o Padre Pinho refere-se assim àquele dia:
«No
dia seguinte, 3 de Outubro, dia de Santa Teresinha, depois da Comunhão, após
grandes aflições místicas em que se viu com Cristo no Horto, repete-se-lhe o
convite:
— Aceitas, minha
filha, um calvário que Eu só dou às minhas esposas mais predilectas?
E, ouvido de novo o
sim generoso, anuncia-lhe então Jesus, como na véspera, que depois das 12 horas
começará a sua paixão do Horto ao Gólgota e terminará às 3 da tarde. Depois
ficará Ele com ela em colóquio a desabafar as suas mágoas, até às 6 da tarde.
Na verdade, tudo se
realizou assim e os presentes vimos desenrolar-se o drama da Paixão do mais ao
vivo que era possível: Horto... prisão... tribunais... flagelação... caminho do
Calvário... Crucifixão... Morte.»
Apetece recordar
aqui como respondeu Santa Teresa de Ávila a Jesus que lhe dizia que era assim,
mergulhando-os no sofrimento, que tratava os seus amigos: «Não admira que
tenhais tão poucos!» Mas este foi o caminho real de Redenção, o do amor louco
pelos homens.
A Alexandrina evoca
assim na Autobiografia a sua primeira vivência da Paixão:
«Depois do
meio-dia, veio Nosso Senhor convidar-me assim:
―
Olha, minha filha, o Horto está pronto e o Gólgota também, aceitas?
Senti que Nosso
Senhor me acompanhou por algum tempo no caminho do Calvário, depois senti-me
sozinha, vendo-O a Ele lá no alto, em tamanho natural, pregado na cruz. Percorri
todo o caminho do Calvário sem O perder de vista… era junto d’Ele que eu tinha
de ir parar.
Vi por duas vezes
Santa Teresinha. Na primeira vez, vi-a vestida de freira, entre duas irmãs, à
porta do Carmelo. Na segunda, vi-a cercada de rosas e envolvida num manto
celestial.»
Se a Teresinha era
imã, como havia aqui de faltar neste momento de tamanha importância?
Certamente dois dos
temas comuns à Teresinha e à Alexandrina são o canto do amor e o de Nossa
Senhora.
Veja-se agora este
poema da Crucificada de Balasar:
SÓ POR
AMOR
Só por
amor me deixei ferir,
Só por amor meu coração sangra,
Só por Ti, Jesus, a dor tem doçura,
Só na cruz contigo se me alegra a alma.
Duro é
meu penar por Te saber ofendido;
Só por amor direi sempre: tem encantos o martírio.
Aqui tens, meu doce Jesus, o meu peito para abrigo.
Meu
coração foi ingrato contra o meu Deus e Senhor;
Foi assim que Lhe paguei o Seu infinito amor.
Agora só quero amá-Lo e suavizar-Lhe a dor.
Dizer-Te quanto Te amo não preciso, Jesus.
Tu vês o meu coração e quanto ele ama a cruz.
Porque é que ele sofre? É só por Ti, meu Jesus.
E, para concluir,
duas estrofes do poema Viver de Amor, da Teresinha:
Vivre d'Amour
!...
Au soir d'Amour, parlant sans parabole
Jésus disait : "Si quelqu'un veut m'aimer
Toute sa vie qu'il garde ma Parole
Mon Père et moi viendrons le visiter.
Et de son coeur faisant notre demeure
Venant à lui, nous l'aimerons toujours !...
Rempli de paix, nous voulons qu'il demeure
En notre Amour !..."
Vivre d'Amour, c'est te garder Toi-Même
Verbe incréé, Parole de mon Dieu,
Ah ! tu le sais, Divin Jésus, je t'aime
L'Esprit d'Amour m'embrase de son feu
C'est en t'aimant que j'attire le Père
Mon faible cœur le garde sans retour.
O Trinité ! vous êtes Prisonnière
De mon Amour !... |
|
|