O Padre
Mariano Pinho, que começa a dirigir a Beata Alexandrina em Agosto de
1933,
chegara à Povoa de Varzim em 1929 – vindo de Paray-le-Monial. Nesse ano
de 1929, é adquirida a imagem de Santa Margarida Maria para o que já
havia da Basílica do Sagrado Coração de Jesus.
Desde o
seu início esta basílica tivera a assistência dos Jesuítas. Regressados
do exílio republicano, logo se estabeleceram na então vila. Quando o
Padre Mariano Pinho chega, para tomar a direcção do Mensageiro do
Coração de Jesus, os seus colegas já se encontravam aí há uns quatro
anos.
A
mensagem de Santa Margarida Maria acabara certamente de adquirir
acrescida actualidade com a recente publicação da encíclica
Miserentissimus Redemptor («O Misericordiosíssimo Redentor»). Esta
encíclica, que explica o fundamento teológico e o sentido da expiação
reparadora, saiu em 1928. O Padre Mariano Pinho há-de citar este
parágrafo dela na sua biografia da Alexandrina No Calvário de Balasar,
logo na capa:
Enquanto
sobe sem cessar a malícia dos homens, o sopro do Espírito Santo
multiplica maravilhosamente o número dos fiéis de um e outro sexo que
generosamente procuram reparar tantas injúrias feitas ao Divina Coração
e até não hesitam em se oferecerem a si mesmo como vítimas.
Em 1929 e
nos anos seguintes o Mensageiro falou repetidamente de Santa
Margarida Maria e do seu director, o nesse tempo «Venerável» Colombière.
Inclusive, havia um arranjo artístico que se repetia a abrir esses
artigos, onde se lia esta divisa: «Sofrer, calar, reparar». Ora ele é
bem próximo do que a Beata de Balasar há-de adoptar, desde 1933: «Sofrer,
amar e reparar». A Beata está, desde então, com bastante clareza, na
órbita de Santa Margarida.
Mas é em
30 de Julho de 1935 que o nome de Santa Margarida Maria Alacoque surge
explicitamente numa carta ao Padre Pinho. Falou então Jesus assim:
Manda
dizer ao teu Pai espiritual que, em prova do amor que dedicas à minha
Mãe Santíssima, quero que seja feito todos os anos um acto de
consagração do mundo inteiro num dos dias das suas festas escolhido por
ti – ou Assunção, ou Purificação, ou Anunciação – pedindo a esta Virgem
sem mancha de pecado que envergonhe e confunda os impuros, para que eles
arrecuem caminho e não Me ofendam.
Assim
como pedi a Santa Margarida Maria para ser o mundo consagrado ao
meu Divino Coração, assim o peço a ti para que seja consagrado a Ela com
uma festa solene.
Santa
Margarida Maria Alacoque surgirá de novo num colóquio, mas muito
adiante, em 1 de Outubro de 1954; o texto evidencia o paralelismo entre
a Beata Alexandrina e a santa francesa:
Santa Margarida Maria,
eu quero que incendeies no mundo este amor tão apagado nos corações dos
homens.
Incendeia-o, incendeia-o!
Eu quero
dar, Eu quero dar o meu Amor aos homens!
Eu quero
ser por eles amado. Eles não mo aceitam e não Me amam.
Por ti
quero que este amor seja incendiado em toda a humanidade, assim como por
ti foi consagrado o mundo à minha Bendita Mãe.
Faz,
esposa querida, que se espalhe no mundo todo o amor dos nossos Corações!»
«Como,
Jesus? Como trabalhar dessa forma?! Se ele não é aceite por Vós, como
hão-de os homens recebê-lo por mim?»
«Com a
tua dor, com a tua dor, minha filha! Só com ela as almas ficam agarradas
às fibras da alma e depois se vão deixar os corações incendiar no meu
amor.
Deixa que
estes raios das minhas Chagas divinas vão penetrar nas tuas chagas
escondidas, nas tuas chagas místicas».
Na última
página do seu livro Alexandrina, the Agony and Glory, conta
Francis Johnston um encontro que teve em Balasar com o Padre Humberto. A
dada altura perguntou-lhe se a Beata Alexandrina não poderia um dia vir
a ser considerada uma segunda S. Margarida Maria Alacoque. O Padre
Humberto respondeu-lhe com o mais decidido sim: «he gave a most emphatic
yes».