Olga, a
primeira santa russa inserida no calendário católico bizantino, é
considerada o elo entre a época pagã e a cristã, na história das
populações eslavas. As fontes que a citam são numerosas e todas de
relevância histórica.
Delas
aprendemos que Olga nasceu em 890, na aldeia Vybut, próxima de Pskov
e do rio Velika, Rússia. Era uma belíssima
jovem
típica daquela região. Em 903, quando o príncipe Igor a avistou,
logo quis casar-se com ela, apesar de sua pouca idade. Na realidade,
Olga era filha do chefe dos Variagi, uma tribo normanda de origem
escandinava, responsável por vários pontos estratégicos, pois se
dedicavam à exploração do transporte e do comércio.
O seu
casamento foi um símbolo concreto da fusão do povo russo com aquele
variago, que ao final do século IX começava a viver sob a influência
do cristianismo. Em 945, o príncipe Igor, marido de Olga, foi
assassinado e ela, com um temperamento correto, mas violento,
vingou-se com firmeza. Mandou matar muitos chefes inimigos e, para
os sobreviventes, impôs tributos e taxas de todos os tipos.
Tornou-se a regente para o filho Esviatoslav, de três anos de idade,
governando Kiev com esperteza política e colocando o principado numa
excelente condição financeira. Era amada pelo povo, que a reconhecia
como justa e misericordiosa, mas também severa e inflexível. Educou
o filho corretamente, mas não teve a felicidade de vê-lo
converter-se ao cristianismo como ela tinha feito. Essa satisfação
desfrutou seu neto Vladimir, que, além de tornar-se cristão e
baptizado, depois veio a ser o "baptizador da Rússia", "novo
apóstolo" e santo da Igreja.
Olga
tentou estreitar os laços com o sólido Império de Bizâncio por meio
do casamento de seu filho com uma princesa de lá. Em 957, viajou
para Constantinopla, mas não obteve bons resultados, para desilusão
dos cristãos e satisfação dos pagãos. Por isso os cristãos buscavam
apoio no imperador Otto I da Saxónia, que era católico. Em 959, eles
lhe pediram que enviasse um bispo para a Rússia, o qual ficou só
três anos, pois foi expulso devido à revolta dos pagãos.
Olga
rezava dia e noite pela conversão do filho e para o bem dos
súbditos. Ao terminar a regência, segundo as leis da época,
retirou-se para suas actividades privadas, dando continuidade às
obras de seu apostolado e de missionária. Construiu algumas igrejas,
inclusive a de madeira dedicada à santa Sofia, em Kiev.
Viveu
piamente e morreu com quase oitenta anos, em 11 de julho de 969.
Dela escreveu seu biógrafo: "Antes do baptismo, a sua vida foi
manchada por fraquezas e pecados. Ela, mesmo assim, tornou-se santa,
certamente não pelo seu próprio merecimento, mas por um plano
especial de Deus para o povo russo".
A
veneração por santa Olga começou durante o governo do seu neto
Vladimir, que, em 996, mandou transferir as relíquias da avó para a
igreja que mandara construir especialmente para recebê-las. O seu
culto foi confirmado pela Igreja no Concílio Russo de 1574, mantendo
a festa litúrgica no mesmo dia em que ocorreu o seu trânsito. |