Assunção de Maria
A festa
da Assunção de Nossa Senhora é uma das mais antigas da Igreja. No
ano de 600 já a Igreja Católica festejava este dia de glória de
Maria Santíssima. A festividade de hoje lembra como a Mãe de Jesus
Cristo recebeu a recompensa de suas obras, dos seus sofrimentos,
penitências e virtudes. Não só a alma, também o corpo da Virgem
Santíssima fez entrada solene no céu. Ela, que durante a vida
terrestre desempenhou um papel todo singular, entre as criaturas
humanas, com o dia da gloriosa Assunção começou a ocupar um lugar no
céu que a distingue de todos os habitantes da celeste Sião.
Só
Deus pode dar uma recompensa justa; só Ele pode remunerar com glória
eterna serviços prestados aqui na terra; só Ele pode tirar toda a
dor, enxugar todas as lágrimas e encher nossa alma de alegria
indizível e dar-nos uma felicidade completa. Que recompensa o Pai
Eterno não teria dado àquela que por ele mesmo tinha sido eleita,
para ser a Mãe do Senhor humanado? Se é impossível descrever as
magnificências do céu, impossível é fazermos idéia adequada da
glória que Maria Santíssima possui, desde o dia da Assunção. Se dos
bem-aventurados do céu o último goza de uma felicidade infinitamente
maior que a do homem mais feliz no mundo, quanta não deve ser a
ventura daquela que, entre todos os eleitos, ocupa o primeiro lugar;
aquela que pela Igreja Católica é saudada: Rainha dos Anjos, Rainha
dos Patriarcas, Rainha dos Profetas, Rainha dos Apóstolos, dos
Mártires, dos Confessores, das Virgens, Rainha de todos os Santos!
Que
honra, que distinção, que glória não recebeu Maria Santíssima pela
sua gloriosa Assunção! Esta distinção honra também a nós e é o
motivo de nos alegrarmos. Maria, que agora é Rainha do Céu, foi o
que nós somos, uma criatura humana e como tal, nasceu e morreu, como
nós nascemos e devemos morrer; mais que qualquer outra, foi provada
pelo sofrimento, pela dor. Pela glória com que Deus a distinguiu, é
honrado o género humano inteiro e por isso a elevação de Maria à
maior das dignidades no céu é o motivo para nos regozijarmos. Outro
motivo ainda de alegria temos no fato de Maria Santíssima ser a
Medianeira junto ao trono divino.
O
protestantismo não se cansa de repetir que a Igreja Católica adora
os Santos. Doutrina da Igreja Católica é que os Santos podem
interceder por nós, e que suas orações tem grande valor aos olhos de
Deus; por isto, devemos invocá-los e pedir-lhes a intercessão. Esta
doutrina, baseada na Sagrada Escritura, é além disto mui racional.
Os Santos não são iguais em santidade e por isto seu valor de
intermediários não é o mesmo. Entre todos os habitantes da
Jerusalém, a mais santa, a mais próxima de Deus é Maria Santíssima.
A intercessão de Maria deve, portanto, ser mais agradável a Deus e
mais valiosa para nós. São Bernardino de Siena chama Maria
Santíssima a “tesoureira da graça divina”; Santo Afonso vê em
Maria o “refúgio e a esperança dos pecadores”, e a Igreja
Católica invoca-a sob os títulos de “Mãe da divina graça, Porta
do céu. Advogada nossa”. Maria Santíssima é a nossa Mãe, nossa
grande medianeira, pelo fato de ser a Mãe de Jesus Cristo, nosso
grande mediador.
O dia
de sua gloriosa Assunção é para nós um grande “Sursum corda”.
Levantemos os nossos corações ao céu, onde está nossa Mãe.
Invoquemo-la em nossas necessidades, imitemo-la nas virtudes. Desta
sorte, tornando-nos cada vez mais semelhantes ao nosso grande
modelo, mais dignos seremos da sua intercessão e mais garantidos da
nossa salvação eterna.
A
Assunção de Nossa Senhora é uma verdade, que foi acreditada desde os
primeiros anos do cristianismo, e declarada Dogma em 1950 pelo Papa
Pio XII. Eis um trecho de um sermão de São João Damasceno, sobre o
mistério da ressurreição e Assunção de Nossa Senhora: “Quando a
alma da Santíssima Virgem se lhe separou do puríssimo corpo, os
Apóstolos presentes em Jerusalém, deram-lhe sepultura em uma gruta
do Getsémani. Tradição antiquíssima conta que, durante três dias, se
ouviu doce cantar dos Anjos. Passados três dias não mais se ouviu o
canto. Tento entretanto chegado também Tomé e desejando ver e
venerar o corpo, que tinha concebido o Filho de Deus, os Apóstolos
abriram o túmulo mas não acharam mais vestígio do corpo imaculado de
Maria, Nossa Senhora. Encontraram apenas as mortalhas, que tinham
envolvido o santo corpo, e perfumes deliciosos enchiam o ambiente.
Admirados de tão grande milagre, tornaram a fechar o sepulcro,
convencidos de que Aquele que quisera encarnar-se no seio puríssimo
da Santíssima Virgem, preservara também da corrupção este corpo
virginal e o honrara pela gloriosa assunção ao céu, antes da
ressurreição geral”
REFLEXÕES
Como
deve ser suave a morte como termo de uma vida santa! Se queres ter
uma morte santa, imita a Maria Santíssima na prática das virtudes,
principalmente na fé, na confiança em Deus, no amor a Deus e ao
próximo, na humildade, paciência e mansidão, na incomparável pureza,
na conformidade absoluta à vontade de Deus. Não há nenhuma destas
virtudes, cuja prática esteja acima das tuas forças. Não te importa
que os homens te desprezem, se Deus te dá tua estima. Que importa se
os homens te abandonarem, sendo Deus teu amigo e protector? É
indiferente que sejas rico ou pobre, se possuíres a Deus. Que são os
sofrimentos, tribulações, pobreza, fome, sede e doença em comparação
com uma boa morte, que te transportará para uma glória e felicidade
sem fim? Quem mais participou da Paixão de Jesus Cristo do que sua
Santa Mãe? Há, entre os Santos todos, um só, que tenha sofrido como
Maria Santíssima? Não é Ela a Rainha dos Mártires? Não obstante é a
bendita entre as mulheres, a Esposa do Espírito Santo, a eleita da
Santíssima Trindade.
Também
nós havemos de seguir o caminho da cruz, para nos tornarmos dignos
da eterna glória. À Vista de Maria Santíssima ao pé da cruz e seu
divino Filho pregado no lenho da ignomínia, devem emudecer nossas
queixas, nossos desânimos.
Lembremo-nos ainda que hoje é o dia das Mil Ave-Marias. Esta
prática salutaríssima, vêm dos nossos avós, por antiga tradição
católica. É preciso difundir cada vez mais, principalmente no seio
da família este dia tão especial, para que nossos pósteros levem
adiante esta chama tão preciosa de graça e de bênção de valor
inimaginável. É muito salutar passar o dia rezando, intensa e
continuamente as Ave-Marias em honra a Maria Santíssima. É como que
fazer um retiro espiritual em meio às nossas actividades cotidianas.
Delas podemos alcançar por intercessão de Maria, copiosas bênçãos e
graças espirituais ou mesmo as temporais que nos afligem nesta
peregrinação terrestre. Coloquemos hoje, nas mãos amorosas de Nossa
Senhora, todas as nossas dificuldades, aflições e intenções mais
íntimas. Façamos o possível para, pelo menos, lembrar-nos de repetir
continuamente a oração da Ave-Maria, ainda que mentalmente, desde o
alvorecer até o anoitecer. Ainda que o ideal fosse não só contar as
Ave-Marias, mas meditar todos os respectivos mistérios do Rosário,
as nossas actividades diárias, no automóvel, no trabalho, na escola,
no lar, podem impedir meditação adequada. Não importa, o que vale é
passarmos o dia rezando, sempre que pudermos, essa oração poderosa
tanto para os ataques do mal, quanto para obtermos as graças daí
advindas.
FONTE :
http://www.paginaoriente.com/titulos/nsassun1508.htm |