Alexandrina de Balasar

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O Cónego Manuel Vilar, enviado pela Santa Sé

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"Olhe, Alexandrina, gostava de há muito a ter conhecido, mas não queria ter vindo como vim..."

 

Capítulo 16

SEGUNDO EXAME POR ORDEM DA SANTA SÉ

1939

Após o primeiro êxtase da Paixão, a 3 de Outubro de 1938, declara Nosso Senhor à Alexandrina que é mais uma prova de que deseja quanto antes a Consagração do mundo a Sua Mãe Maria Santíssima e promete que, se o Papa lhe fizer a vontade, o levará direito ao Céu, logo depois da morte, sem passar pelo Purgatório.

Depois de levar a Balasar, com a aprovação do seu Provincial, os Padres Sebastião Pinto e José de Oliveira Dias para presenciarem os fenómenos da Paixão e darem o seu parecer, o Director Espiritual da doente escreveu directamente a SS. Pio XI, a 24 de Outubro de 1938, uma carta em que declarava a razão porque se dirigia directamente a Sua Santidade: a promessa a que nos referimos acima.

O resultado foi logo depois mandar a Santa Sé fazer novo exame da Alexandrina, sendo encarregado da incumbência, desta vez, o Cónego Manuel Pereira Vilar, Reitor do Seminário Maior de Braga e já então designado pela Santa Sé para Reitor do Colégio Português de Roma. A própria Alexandrina nos fala desse novo exame:

Em 5 de Janeiro de 1939, recebi a visita do nosso Sr. Abade, acompanhado pelo Rev.mo Sr. Cónego Vilar que, depois de me ser apresentado, ficou a sós comigo. Falámos de várias coisas de Nosso Senhor, cerca de duas horas, para depois entrarmos verdadeiramente no assunto que o trouxe aqui. Sua Rev.cia disse-me assim:

— A Alexandrina deve estranhar a minha visita; não me conhece...

Sorri-me, respondendo:

— Eu sei com certeza ao que V. Rev.cia vem aqui.

Ao que ele disse:

— Diga, diga, Alexandrina.

Então disse eu: vem do mando da Santa Sé (pois era o que eu sentia na minha alma, nesse momento.)

Sua Rev.cia confirmou:

— É isso mesmo; e apresentou os documentos que tinham vindo de Roma.

Fez-me várias perguntas a que respondi. Não falei da Crucifixão, mas falou-me ele, dizendo:

— Parece que há mais qualquer coisa que se passa há meses — apontando-me a Paixão, mas mostrando desejo de vir assistir, como veio logo na primeira sexta-feira seguinte. (13.1.39)

Falando eu disto ao meu Director Espiritual, este aconselhou-me a que lhe falasse com toda a franqueza. Visitou-me quatro vezes, mas só duas foram obrigatórias (quer dizer, por dever de ofício). Se me não engano, logo da primeira vez, disse-me:

— Olhe, Alexandrina, gostava de há muito a ter conhecido, mas não queria ter vindo como vim...

Termina a narrativa, dizendo:

Chorei quando Sua Rev.cia se despediu de mim, na partida para Roma. Prometeu escrever-me de lá, dizendo-me que ficaria a ser a sua intercessora na Terra. Recebi algumas cartas dele em que mostrava ter em mim inteira confiança. Respondi-lhe e ajudávamo-nos mutuamente com orações a Nosso Senhor.

O respeitadíssimo Examinador, hoje já falecido como um predestinado, ficou bem persuadido de que se tratava de um caso sobrenatural, digno de todo o respeito. Temos em nossa mão os originais de sete cartas de Sua Rev.cia para a Alexandrina que são um esplêndido testemunho a favor da Doentinha de Balasar. Não vamos copiá-las todas; alguns excertos ao menos, a provarem o que afirmamos.

Logo quatro dias depois de chegar a Roma, lhe escrevia e entre outras coisas, dizia:

Recordo-a todos as vezes que entro na Capela a visitar a Jesus ou sempre que pego no terço, no qual coloquei a recordaçãozinha que me ofereceu a última vez: dentre tantas é talvez a que mais estimo. E todos os dias na santa Missa, faço um memento especial por si, pedindo a Nosso Senhor todas as graças de que necessita, para realizar a sua missão.

Ainda não fui recebido pelo Santo Padre; mas logo que seja, expor-lhe-ei todos os desejos de Nosso Senhor.

A 2.6.39, escreve-lhe:

Boa Alexandrina: É hoje a primeira sexta-feira de Junho e está a fazer um mês que recebi a sua estimada cartinha. Esperava, ao escrever esta, poder-lhe dar alguma boa notícia acerca da nossa Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, tão insistentemente pedida por Jesus, mas infelizmente ainda nada de positivo lhe posso dizer. As coisas em Roma contam-se em comparação com a eternidade e por isso nunca têm pressa. Continuemos porém a rezar e a trabalhar, para que por fim os santíssimos desejos de Jesus sejam realizados.

Esta manhã, ao recordar-me de si na santa Missa, como costumo fazer, recordei-me da sua paixão e ofereci tudo a Nosso Senhor. Encontrei assim um meio de desagravar a justiça divina pelas minhas tão numerosas e tão graves infidelidades… Procuro ser bom para com todos e só para Jesus continuo a ser assim infiel! E depois disto ainda Ele vem dizer-me que me ama e me compreende.

Quando li estas palavras, as lágrimas saltaram-me aos olhos; e a sua carta lá ficou aos pés do meu Crucifixo até hoje... Jesus ouviu-a: mais uma graça. Mas compreendo que o Amor seja hoje para si ao mesmo tempo o algoz, o amparo e força, a consolação e felicidade. Mas deixe: esse Artista divino sabe realizar obras admiráveis; e se Ele a levar até a imolação heróica, maior será a glória do Senhor, mais completa a reparação, mais bela a recompensa. É isto o que Ele lhe pede, não é verdade? Mas nem admira. Nesta hora de desvario, Jesus tem necessidade de vítimas que com Ele desarmem a justiça divina.

Na carta de 5.7.1940:

Em princípios de Junho alguém falou ao Santo Padre na Consagração do mundo a Nossa Senhora; mas o momento é tão incerto e tão difícil, que só Deus sabe o que será. Nós continuaremos a rezar, na certeza de que sua santíssima vontade, um dia, se realizará plenamente.

Esse alguém a quem aqui se refere Monsenhor Vilar, supomos ser um Prelado português que, indo a Roma, reiterou o pedido a Pio XII e a Sua Santidade teria respondido que queria fazer essa Consagração, mas, como eram tantas revelações sobre o caso, hesitava ainda um pouco.

Certeza de que a Consagração se faria, tinha-a dado Nosso Senhor repetidas vezes à Alexandrina; disse-lhe mesmo que ela não morreria antes que o facto se realizasse; por exemplo, a 25.4.38, mandava-lhe Nosso Senhor que comunicasse ao Padre Espiritual para escrever ao Papa sobre a vontade divina:

Diz-lhe que escreva ao Santo Padre, Eu que quero a Consagração do mundo a minha Imaculada Mãe, mas quero que o mundo saiba a razão porque lhe é consagrado:

Eu quero que se faça penitência e oração. Tu é que estás a aplacar a justiça divina e tens que sofrer isto (eram as imolações de que já antes falámos), até que Ele o consagre.

Já a 20.11.37, ouvia:

Eu venho buscar-te em breve, mas não quero vir sem que antes seja feita a Consagração do mundo a minha Mãe Santíssima...

E eu (afirma Alexandrina) disse:

Ó meu Jesus, o Santo Padre parece que não atende: demora tanto!

E Nosso Senhor disse-me:

— Sossega, descansa, minha filha: Ele atende; chegará o dia da glorificação.

E ainda a 4.1.41:

Prometo-te, neste sábado consagrado a Ela (a Nossa Senhora) não demorar na Terra por muito tempo a tua existência. E prometo-te alcançar no Céu, com os teus pedidos e amor, o que agora te alcanço na Terra pela dor. Mas para isso, minha filha, pede ao Santo Padre que se compadeça do teu martírio e que satisfaça os desejos divinos de Jesus, que é consagrar o mundo a minha Mãe bendita.

   

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