São Narciso, foi bispo de Jerusalém eleito em 189. Quando se deu tal
facto, devia ter quase cem anos de idade. Narciso não era judeu e
teria nascido no ano 96. Homem austero, penitente, humilde, simples
e puro,
sabe-se
que presidiu com Teófilo de Cesareia a um concílio (197) onde foi
aprovada a determinação de se celebrar sempre a Páscoa num Domingo.
Encabeçou a lista de assinaturas de uma carta que o episcopado da
Palestina enviara ao papa S. Vítor. Nesta carta, os bispos
declaravam observar os ritos e usos da Igreja romana.
Eusébio narra que em certo dia de festa, em que faltou o óleo
necessário para as unções litúrgicas, Narciso mandou vir água de um
poço vizinho, e com sua bênção a transformou em óleo. Conta também
as circunstâncias que levaram Narciso a demitir-se das suas funções.
Para se justificarem de um crime, três homens acusaram o Bispo
Narciso de certo ato infame. "Que me queimem vivo - disse o primeiro
- se eu minto". "E a mim, que me devore a lepra", disse o segundo.
"E que eu fique cego", acrescentou o terceiro. O desgosto de ser
assim caluniado despertou em Narciso o seu antigo desejo pelo
recolhimento e, por isso, sem dizer para onde ia, perdoou os
caluniadores e saiu de Jerusalém em direcção ao deserto.
Considerando-o definitivamente desaparecido, deram-lhe por sucessor
a Dio, ao qual por sua vez sucederam Germânio e Górdio. Todavia, os
três caluniadores não tardaram a sofrer os castigos que em má hora
tinham invocado, pois o primeiro pereceu num incêndio com todos os
seus, o segundo morreu de lepra e o terceiro cegou à força de tanto
chorar o seu pecado.
Alguns anos depois, Narciso reapareceu na cidade episcopal. Nunca
tinha sido posta em dúvida a santidade do seu procedimento; por
isso, foi com imensa alegria que Jerusalém recebeu seu antigo
pastor. Segundo diz Eusébio, continuou Narciso a governar a diocese
até a idade de 119 anos, auxiliado por um coadjutor chamado
Alexandre.
Faleceu cerca de 212. |