O Milagre Eucarístico de Santarém
Os Milagres Eucarísticos de Santarém (Portugal) e de Lanciano
(Itália) estão considerados entre os mais importantes. Foram
realizados numerosos estudos e análises canónicas.
A
Hóstia do Milagre de Santarém transformou-se em carne e sangue e que
foi sangrando pela rua e ainda está preservada em Santarém, na
Igreja
do Santíssimo Milagre, outrora con-hecida como Igreja de Santo
Estêvão.
Vários Papas concederam indulgência plenária ao Milagre: Pio IV, São
Pio V, Gregório XIV e Pio VI.
Hoje ainda podemos reverenciar essas preciosas relíquias na
Igreja do Santíssimo Milagre,
em Santarém.
Segundo a cópia de um documento encomendado pelo rei D. Afonso IV em
1346:
Em 16 de fevereiro de 1266 em Santarém havia uma mulher em Santarém
que se sentia muito infeliz, porque o seu marido lhe era infiel,
demonstrando que não a amava mais.
Querendo salvar o seu casamento, ouviu a sugestão de pessoas amigas
e procurou a orientação e o serviço de uma feiticei-ra. Esta, logo
lhe prometeu fazer com que o seu marido mudasse de conduta, isto se
ela seguisse as suas recomendações.
Ela então aconselhou-a a ir à igreja e roubar uma Hóstia consa-grada
para fazer uma poção do amor.
Diante do espanto da mulher, a feiticeira instruiu-a dizendo que
fingisse uma enfermidade e comunicasse sua doença à Igreja, assim
ela poderia receber a Comunhão durante a semana e teria oportunidade
de levar lhe Hóstia Consagrada para ela fazer o trabalho.
A mulher ficou aterrorizada, porque sabia que isto era um abominável
sacrilégio. Permaneceu em silêncio, não disse nada. Saiu da presença
da feiticeira e por longo tempo pensou naquele pedido, tentando
solucionar a dúvida que afligia o seu coração.
Por fim, imaginando a possibilidade de converter o marido e alcançar
a sonhada felicidade que buscava para a sua vida matri-monial,
inventou uma grande mentira e contou ao sacerdote, a fim de
conseguir a devida autorização. O pároco concedeu a licença e ela
foi receber a Sagrada Comunhão na Igreja de São Estêvão.
No momento da Comunhão estava visivelmente emocionada e com um
imenso drama de consciência. Ao receber JESUS Sacramentado na
língua, não consumiu a Hóstia. Guardou-a
escondendo-A num lenço de linho que ficou logo manchado com sangue,
e deixou a Igreja imediatamente, seguindo em direcção a casa do
bruxo.
Várias pessoas notaram manchas de sangue em sua roupa e pensaram que
ela estivesse com algum problema de saúde que se manifestava por uma
hemorragia. Diante do acontecido, o medo tomou conta dela. Decidiu
não continuar com o projecto. Levou a Hóstia Consagrada para a sua
casa, envolveu-a num lenço bem limpo e completou a protecção com um
tecido de linho branco e depois a colocou num baú que possuía no
quarto de casal.
Durante a noite ela e o marido foram acordados por uma radiação
clara e luminosa que vinha do baú e iluminava inteiramente o quarto.
Espantados e comovidos, viram dois Anjos abrirem o baú e libertarem
Nosso Senhor Eucarístico da prisão do baú e do lenço.
Sem palavras e admirados com aquele fato, viram a pequena Hóstia
branca bem no meio do lenço aberto. E diante da realidade do
momento, chorando e arrependida de seu pecado, a esposa contou ao
marido toda a verdade sobre o acontecido.
Ambos chorando e emocionados passaram a noite de joelhos rezando
diante Nosso Senhor Eucarístico, suplicando perdão por aquele
abominável desatino.
Em estado de vigília e adoração ali permaneceram até a manhã do dia
seguinte, quando chegaram diversas pessoas, que foram atraídas por
lampejos e brilhos como pequenos relâmpagos que saíam da casa. Então
foram até o local para saber o que estava acontecendo. Conheceram o
fato pela emocionada narração do casal e testemunharam o notável
milagre.
No dia seguinte, o marido informou o padre que foi à casa para
recolher a Hóstia e trazê-la para a igreja, em solene procissão
seguida por muitos religiosos e leigos. A Santa Hóstia ainda sangrou
durante mais três dias. Ela foi então colocada num magnífico
relicário de cera de abelha.
Em 1340 houve um outro milagre: outro padre abriu o tabernáculo e
encontrou o vaso cera quebrado em vários pedaços. Em seu lugar havia
um vaso de cristal contendo o sangue da Hóstia misturado com a
cera. Hoje, a Partícula é mantida numa custódia do século XVIII, no
Altar.
A Igreja de Santo Estêvão é conhecida como o Santuário do
Santíssimo Milagre.
A Hóstia em diversas ocasiões ao longo dos séculos tem jorrado
sangue e surgiu também em si imagens de nosso Senhor Jesus
Cristo. Entre as testemunhas do milagre, encontra-se São Francisco
Xavier, Apóstolo das Índias, que visitou o santuário antes de uma
missão.
Desde aquela época até hoje, todos os anos, no segundo domingo do
mês de Abril, o Relicário sai em procissão pelas ruas de Santarém,
até a casa onde morava aquela mulher. Na mencionada casa fizeram um
respeitoso Altar e transformaram a residência em Capela diocesana.
Rui Manuel Tapadinhas Alves |