Margarida
Maria Alacoque
Religiosa visitandina, Santa
1647-1690
Santa Margarida Maria Alacoque, nasceu em 22 de agosto de 1647, na diocese de
Autun (França). Desde a mais tenra idade, até a sua adolescência,
sofreu
as mais duras provações. Já com saúde frágil, não tinha completado ainda oito
anos quando perdeu o pai e logo em seguida a irmã. A mãe e os irmãos, eram
vítimas das perseguições diárias de tias rabugentas com as quais habitavam. Sua
mãe, sofrendo de longa e dolorosa doença, foi carinhosamente amparada pela
pequena Margarida, apesar da repulsa que certos cuidados exigiam à sua extrema
sensibilidade.
A sua mudança
para o convento das Irmãs clarissas, que cuidariam dela e de seu aprimoramento
religioso, representou um período difícil pela separação da vista da mãe. A
decisão de enviá-la para as clarissas não foi tanto pelas incoveniências em
cuidar da mãe, mas principalmente pela luta diária diante da falta de
amabilidade e incompreensão dos que a rodeavam. Permaneceu no convento das
clarissas, porém, ligada à vida secular até atingir a juventude.
Certo dia,
quando participava de uma missa, mesmo sem conhecer o sentido exato, pronunciou
inspiradas palavras de consagração ao Senhor: “Ó meu Deus”, disse,
“consagro-vos a minha pureza e faço-vos voto perpétuo de castidade”. Uma
doença, porém, passou a lhe atormentar por um período de quatro anos, de modo
que o sofrimento tornou-se constante, já que nenhum medicamento era eficaz para
abrandar as intensas dores no organismo. Foi quando, milagrosamente, a doença
regrediu até a cura, e por este motivo consagrou-se à Virgem Maria, prometendo
entrar no serviço religioso. Estava decidida a ingressar na Congregação das
Ursulinas, quando uma voz secreta disse-lhe: “Não a quero lá, mas em Santa
Maria...!” Estava claro que o Senhor destinara ela para a Congregação das Irmãs
da Visitação e isto já era prefigurativo de como ela iria glorificar o Senhor na
propagação do Coração de Jesus. As palavras do fundador da Ordem da Visitação,
São Francisco de Sales, quando escreveu a Santa Joana de Chantal em 10/06/1611,
demonstravam já a devoção da congregação aos Corações de Jesus e Maria:
“Realmente, a nossa pequena congregação é uma obra do Coração de Jesus e de
Maria”. Devoção correlatada por Santa Joana de Chantal: “As Irmãs da
Visitação são bem humildes e fiéis a Deus, e terão o Coração de Jesus como
residência e estada neste mundo”.
Santa Margarida
foi acolhida no convento das Irmãs da Visitação de Paray-le-Monial. Ali mesmo o
Senhor se manifestaria a ela em revelações distintas, relativas à difusão da
consagração e amor ao Seu Coração. Apareceu-lhe por numerosas vezes, e deu a
conhecer que seria ela o instrumento para arrebanhar o maior número de pessoas
ao Amor de Seu Coração. A essência da mensagem, porém, agrupa-se em três
revelações. A primeira ocorreu em 27 de dezembro de 1673, conforme
relatou Santa Margarida: “Diversas vezes, diante do Santíssimo Sacramento...
encontrei-me inteiramente investida desta divina presença... eu abandonei-me ao
Seu Divino Espírito, por força do Amor o Seu divino Coração... Ele fez-me
repousar de forma extrema e por um longo tempo sobre o Seu divino peito, onde
pude descobrir as maravilhas do Seu amor, e os segredos mais profundos e
inexplicáveis do Sagrado Coração... Ele me disse: ‘O Meu divino Coração
transborda de amor para os homens, de modo especial por você, que não poderá
mais conter para si a luz das chamas da brilhante caridade; é necessário que
seja difundida aos homens, e que lhes seja manifesto para enriquecê-los dos
preciosos tesouros que te revelei...’” A segunda, situa-se
provavelmente deu-se em uma das primeiras sextas-feiras do ano 1674: “E uma
das vezes, entre tantas outras, em que o Santíssimo Sacramento estava exposto,
após ser eu retirada do interior de mim mesma... Jesus Cristo, Meu suave Mestre,
apresentou a mim, repleto da sua glória, suas cinco chagas, brilhantes como
cinco sóis, e desta sagrada Humanidade saíam chamas de todas as partes,
sobretudo do Seu adorável peito, semelhante à uma fornalha; neste instante
revelou-me todo o amor e todo o seu amável Coração e o estado da fonte viva
destas chamas. Ele revelou-me as maravilhas inexplicáveis de seu Puro Amor,
excessivamente entregue aos homens, dos quais recebia apenas frieza e
ingratidão...” Na terceira, ocorrida durante o mês de junho de 1675,
Jesus exigiu que fosse feita uma festa especial ao Seu Sagrado Coração: “Numa
das tantas vezes em que encontrava-me diante do Santíssimo Sacramento,
revelou-me Deus as graças excessivas de Seu Amor... Então, mostrando-me Seu
divino Coração, disse: ‘Aí está o Coração que tanto tem amado os homens, a ponto
de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor; ...
eu te exijo mais, que na primeira Sexta-feira de acordo com a oitava do
Santíssimo Sacramento, seja dedicada e junte-se à esta festa por honra ao Meu
Sagrado Coração, fazendo que seja de igual honra àquele dia, a fim de reparar as
indignidades e ultrajes durante o tempo em que o viram exposto sobre os
altares’”.
Santa Margarida,
porém, enfrentaria diversos obstáculos na propagação das revelações feitas a ela
por Nosso Senhor. Não tardou que fossem levantadas críticas e colocadas em
dúvida as suas experiências místicas. Submetida às mais duras provações e
intensas humilhações, Deus enviou ao mosteiro um santo sacerdote que, a
princípio passou a estudar minuciosamente os fenômenos relatados.
Posteriormente, tornar-se-ia ele propagador e apóstolo do Sagrado Coração de
Jesus: Padre Cláudio de La Colombiere.
No último ano da
sua vida, Santa Margarida teve a oportunidade de ver a propagação da devoção ao
Sagrado Coração de Jesus; viu também um grande número de críticos e opositores
tornarem-se fervorosíssimos propagadores da santa devoção. Deus revelou-lhe o
mistério da Santíssima Trindade, durante uma das suas aparições.
Jesus deixou
grandes promessas às pessoas que, aproveitando-se da Sua divina misericórdia,
participassem das comunhões reparadoras das primeiras sextas-feiras:
“Prometo-te, pela Minha excessiva misericórdia e pelo amor Todo-Poderoso do meu
Coração, conceder a todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove
meses consecutivos, a graça da penitência final; não morrerão em minha
inimizade, nem sem receberem os sacramentos, e meu divino Coração lhes será
seguro asilo nesta última hora”.
Tais
manifestações divinas, sucederam num período em que a heresia jansenista,
retratava um braço do protestantismo a propagar seus erros no seio da Igreja,
tentando aniquilar a concepção da misericórdia de Deus e da confiança dos fiéis
em relação ao Pai Celeste. A mensagem misericordiosa de Cristo, que aos poucos
foi se impondo no convento da Visitação, acabou espalhando-se rapidamente entre
as nações e em seguida instituída a sua prática em toda a Igreja Universal.
Santa Maria
Margarida Alacoque morreu jovem, aos 43 anos de idade, em 17 de outubro de 1690
e foi canonizada em 1920, pontificado do Papa Bento XV.
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