Leopoldo Mandic
nasceu em Castelnovo de Cátaro da Dalmácia, na Jugoslávia, a 12 de
Maio de 1866, numa família croata. Os pais, profundamente
religiosos, educaram-no nos mais elevados sentimentos em relação a
Deus e aos homens.
Quando
tinha 16 anos, sentindo-se chamado a trabalhar pelo regresso dos
orientais à unidade com a Igreja Católica, deixou
a
sua casa paterna e decidiu entrar na Ordem dos Capuchinhos, em
Bassano del Grappa, a 2 de Maio de 1884.
A 20 de
Setembro de 1890 foi ordenado sacerdote em Veneza. Convencido que o
Senhor o chamava a um grande ideal, pediu, com insistência, aos seus
Superiores que o deixassem partir para o Oriente a fim de poder
dedicar a sua vida à reunificação na Igreja Católica dos cristãos
ortodoxos. Porém, as suas precárias condições de saúde não lho
permitiram e teve, assim, de se submeter à vontade dos seus
Superiores e passou então por diversos Conventos, entregando-se ao
ministério das confissões até que, em 1909, foi destinado ao
Convento de Santa Cruz, em Pádua, com o encargo de atender de forma
estável o sacramento da Reconciliação. Ali permaneceu até à morte.
Uma
pequena cela junto à igreja converteu-se no campo do seu maravilhoso
apostolado: o sacramento da Reconciliação. Este divino ministério
foi, nas mãos de São Leopoldo, uma eficaz arma de salvação para as
almas no seguimento pelos caminhos de Deus. Ali, se mantinha a
atender as pessoas durante todo o dia, sem uma hora de descanso, sem
gozar jamais de quaisquer férias, não obstante o tórrido calor do
Verão e o intenso frio do Inverno — na pequena cela que servia de
confessionário nunca teve aquecimento!
Muito
depressa, aquela despida cela se converteu em farol luminoso que
atraía almas sem conta, necessitadas de paz e de conforto. Para
todos, São Leopoldo tinha palavras de perdão, de paz, de estímulo
para o bem. Somente o Senhor sabe quantos foram os penitentes que se
vieram ajoelhar aos seus pés durante quarenta anos. Quanto bem ali
realizou e tudo no silêncio mais absoluto e no mais profundo
escondimento. Nenhuma propaganda em volta dele.
Pedia
ao Senhor que pudesse fazer todo o bem possível, mas que ninguém o
soubesse. E foi ouvido, porque, nem os jornais, nem qualquer outro
meio de propaganda se ocuparam dele. Somente Deus deveria ser
glorificado na sua humilde pessoa. Sempre envolto em sofrimento,
suportou tudo para a salvação das pessoas que se aproximavam dele. A
tudo isso acrescentava ainda penitências ocultas. Não descansava
mais de quatro horas por noite.
Em cada
uma das pessoas que se aproximava dele via o seu Oriente. Era muito
devoto da Eucaristia. Costumava dizer: “Oh! Se os nossos olhos
pudessem ver o que acontece sobre o altar durante a Missa! A nossa
pobre humanidade não poderia suportar a grandeza de tamanho mistério
(...)”. Era filial e intenso o seu amor à Virgem Maria, a "Padroeira
Bendita".
Chegou
aos 76 anos. Um tumor no esófago prostrou-o na manhã de 30 de Julho
de 1942, no momento em que se preparava para celebrar a Eucaristia.
Naquela manhã, ele mesmo se converteu em vítima sobre o altar do
Senhor. As suas últimas palavras foram uma invocação a Nossa Senhora
da qual tinha sido sempre devoto.
As
vozes e a convicção de todos era que tinha morrido naquele momento
um santo. Começaram a invocá-lo para obterem conforto e graças do
Céu. O seu corpo, sepultado numa capela junto ao seu confessionário,
foi encontrado incorrupto.
A 2 de
Maio de 1976, durante o Sínodo da Evangelização, o Papa Paulo VI
beatificou-o, em São Pedro, afirmando, nessa altura: “Que o nosso
Beato saiba chamar ao sacramento da Penitência, a este, certamente,
severo tribunal, mas não menos amável refúgio de conforto, de
verdade, de ressurreição para a graça e de exercício para a
autenticidade cristã, muitas almas para lhes fazer experimentar as
secretas e renovadas alegrias do Evangelho no colóquio com o pai, no
encontro com Cristo, na consolação do Espírito Santo”.
A 16 de
Outubro de 1983, quando decorria o Sínodo da Reconciliação e da
Penitência, o Papa João Paulo II canonizou-o solenemente na Basílica
de São Pedro. |