Lázaro de
Betânia, na Judeia, irmão de Marta e Maria, deve à amizade de Jesus
não só a estrondosa ressurreição do túmulo, mas também o culto com
que a Igreja o honrou no curso dos séculos.
A
casa de Lázaro residência que estava à três milhas de Jerusalém,
numa próspera região agrícola em Betânia, era um lugar onde Jesus
costumava passar alguns momentos de descanso. Lázaro era estimado e
respeitado pela comunidade hebraica, pela origem nobre, honestidade
e religiosidade da família. Convivia com suas duas irmãs, Marta e
Maria – “Maria
é aquela que ungiu os pés do Senhor com perfume e lhos enxugou com
os seus cabelos”
(Jo. 11, 2) –,
ao que parece, os três eram solteiros. Essa amizade com o Mestre,
não se sabe quando come-çou. As narrações feitas pelos evangelistas
mostram Jesus sendo confortado pelas atenções dessas irmãs devido à
sincera e confiante amizade do dono da casa. É de salientar que,
Lázaro era um amigo pre-dilecto, talvez um de seus primeiros
discípulos.
Um dia, o
amigo adoeceu gravemente e as irmãs mandaram avisar Jesus, que
estava pregando na região da Galileia: ... “Senhor, aquele que tu
amas está enfermo. A estas palavras, disse-lhes Jesus: Esta
enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de
Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus”. (Jo, 11, 3-4).
“Mas, embora
tivesse ouvido que ele estava enfer-mo, demorou-se ainda dois dias
no mesmo lugar. Depois, disse a seus discípulos: Voltemos para a
Judeia.
Mestre,
responderam eles, há pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas
para lá? Jesus respondeu: Não são doze as horas do dia? Quem caminha
de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas quem anda de
noite tropeça, porque lhe falta a luz. Depois destas palavras, ele
acrescentou: Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo.
Disseram-lhe os seus discípulos: Senhor, se ele dorme, há de sarar.
Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que
falasse do sono como tal. Então Jesus lhes declarou abertamente:
Lázaro morreu. Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá,
para que creiais. Mas vamos a ele. A isso Tomé, chamado Dídimo,
disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com
ele. À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no
sepulcro”. (Jo,
11, 6-17)
Quatro dias
após Jesus chegou. Marta chamou sua irmã Maria, e junto com Jesus
foram ao sepulcro. As duas irmãs choraram e os amigos que estavam
presentes se comoveram. O próprio Jesus também chorou. “Vejam
quanto o amava”, exclamaram os judeus que notaram o rosto de
Jesus com lágrimas.
“Jesus
ordenou: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já
cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí... Respondeu-lhe
Jesus: Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus? Tiraram,
pois, a pedra. Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: Pai,
rendo-te graças, porque me ouviste. Eu bem sei que sempre me ouves,
mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam
que tu me enviaste. Depois destas palavras, exclamou em alta voz:
Lázaro, vem para fora! E o morto saiu, tendo os pés e as mãos
ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então
Jesus: Desligai-o e deixai-o ir. Muitos dos judeus, que tinham vindo
a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele”. (Jo
11, 39-45)
O resultado de
tudo foi a ressurreição de Lázaro, pelo poder do Senhor da vida e
vencedor da morte. Lázaro reviveu e este facto bíblico acabou
levando muitos à fé em Jesus Cristo e outros começaram a pensar na
morte do Messias, como a de Lázaro. Antigas tradições relatam que a
casa de Lázaro permaneceu acolhedora para com os cristãos e o
próprio teria sido Bispo de Marselha (França) e Mártir.
A Igreja
escolheu o dia 17 de dezembro para seu culto. |