Conta
a tradição que os pais de Julião eram nobres e viviam num castelo.
No dia do seu batizado, seus pais tiveram um sonho idêntico. Nele,
um ermitão lhes dizia que o menino seria um santo. O menino foi
educado como um nobre, apreciando a caça como esporte, e apesar do
caráter violento, era caridoso com os pobres.
Na
adolescência, foi a vez de Julião. Ele sonhou com um grande veado
negro que lhe disse: "Você será o assassino de seus pais".
Impressionado, fugiu para nunca mais voltar. Ficou famoso como
soldado mercenário. Casou-se com uma princesa e foi morar num
castelo. Certa noite, saiu para caçar, avisando que voltaria só ao
nascer do sol. Algumas horas depois, seus pais, já idosos, chegaram
para revê-lo. Foram bem acolhidos pela nora que lhes cedeu o seu
quarto para aguardarem o filho, repousando.
Julião regressou irritado porque não conseguira nenhuma caça. Mas a
lembrança da esposa a sua espera acalmou seu coração. Na penumbra do
quarto, percebeu que na cama havia duas pessoas. Possuído pela
cólera matou os dois com seu punhal. Ao tentar sair, viu o vulto de
sua mulher na porta do quarto. Então, ele compreendeu tudo.
Desesperado abriu as janelas e viu que tinha assassinado os pais.
Após os funerais, colocou a esposa num mosteiro, doou os bens aos
pobres e partiu para cuidar da alma.
Tornou-se outro homem, calmo, humilde e pacífico. Andou pelos
caminhos do mundo, esmolando. Por espírito de sacrifício contava a
sua história e, então, todos se afastavam fazendo o sinal da cruz.
Foi renegado por homens e animais. Vivia afastado, remoendo sua
culpa, rezando em penitência, amargando suas visões fúnebres e os
soluços da alma. Mas, Julião sentia necessidade de salvar vidas,
ajudar os velhos e as crianças doentes e pobres. Decidiu então
ajudar os leprosos na travessia de um rio, que pela violência da
correnteza fazia muitas vítimas.
Julião, construiu sozinho um caminho para descer até ao rio. Em
seguida reparou um velho barco e ergueu uma grande cabana. A
travessia passou a ser conhecida por todos os leprosos, pois além de
conduzi-los de graça, eram tratados por ele, na cabana. Ficou
conhecido por "Julião Hospitaleiro". Costumava ir esmolar para
distribuir o que ganhava com os que já não podiam caminhar.A cabana
se tornou um verdadeiro hospital para leprosos. A fama de sua
santidade começou a se espalhar, mas Julião continuava a sentir o
tormento de sua alma, que só era aplacado quando cuidava dos seus
leprosos. Até que uma noite, após um leproso morrer nos seus braços,
Julião sentiu sua alma inundada por uma alegria infinita e caminhou
para se encontrar face a face com Nosso Senhor Jesus Cristo, que o
chamou para a glória do céu.
Esta
é a história de Julião Hospitaleiro, e se encontra descrita, num dos
vitrais da Catedral de Notre Dame, na França, que guarda suas
relíquias. A diocese de Macerata, na Itália, onde dizem que ele
permaceu durante anos mendigando e ajudando as pessoas com seus
prodígios de santidade, também recebeu algumas delas. A Igreja o
comemora no dia 12 de fevereiro, data que a tradição indicou como
sendo a de sua morte.
http://www.paulinas.org.br/ |