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Juliana Falconieri
Religiosa, Fundadora, Santa
1270-1340

Na cidade de Florença havia dois irmãos, nobres e ricos, Caríssimo e Aléssio Falconieri; exerciam o comércio como a maior parte das mais ilustres famílias de Florença e de outras cidades da Itália. O bem-aventurado Aléssio Falconieri tinha devoção particular pela Mãe de Deus. Foi um dos sete comerciantes de Florença, todos bem-aventurados, que, com São Felipe Beniti, seu compatriota, fundaram a ordem dos Servitas. Chama-se servitas pessoas religiosas que se consagram ao serviço de Deus sob a protecção especial da Santa Virgem. Caríssimo Falconieri, avançando em idade, impressionou-se com o exemplo e as exortações do piedoso irmão.

Passando uma acurada revista na vida, muito se inquietou com a possibilidade de ter adquirido algo por vias injustas. Pediu esclarecimentos a Deus, fez restituições e esmolas. Enfim, em 1263, suplicou ao Papa Urbano IV lhe concedesse uma absolvição geral por todos os erros que poderia ter cometido sem saber. O soberano Pontífice concedeu-lha sob certas condições, que Caríssimo cumpriu com zelo.

Além das restituições e das esmolas, mandou construir em Florença uma igreja da Anunciação que, pela riqueza e beleza de arquitectura, é ainda hoje considerada uma maravilha. Foi recompensado de mais de uma maneira. Era já velho, quando lhe nasceu uma filha, que foi Santa Juliana Falconieri. Era pelo ano de 1270: a alegria foi grande para toda a família.

Juliana perdeu o pai pouco depois; apenas se lembrava de tê-lo visto. Mais tempo conservou o bem-aventurado tio Aléssio, que foi seu pai na piedade. As primeiras palavras que Juliana aprendeu a balbuciar foram os nomes de Jesus e Maria. Pronunciava-as tão frequentemente, que a ama muito se admirava, e sua piedosa mãe a via com alegria.

O bem-aventurado Aléssio dizia à cunhada que ela havia dado à luz não uma menina, mas um anjo, À medida que crescia, Juliana ocupava-se muito mais nos exercícios de devoção que lhe ensinava o santo tio, do que nos afazeres das mulheres, a que sua mãe se empenhava por habituá-la. Em lugar de manejar as agulhas e o fuso, construía pequenos altares, lia livros de piedade, cantava louvores da santa Virgem, recitava orações. Sua mãe com ela ralhava por vezes, dizendo que não sabia manter um ofício e dificilmente encontraria um marido. Juliana contentava-se em responder: Quando vier o tempo, a santa Virgem providenciará.

Como se tornasse muito bela com o correr dos anos, e virtuosa, a mãe alimentava dia por dia maiores esperanças em vê-la encontrar um dos mais honrosos partidos; já falava disso com o pessoal da casa. Mas Juliana tinha pensamentos inteiramente outros. De acordo com as inspirações do santo tio, havia resolvido guardar a virgindade, e consagrar-se ao serviço da Santa Virgem. Eis porque, nada obstante as exortações de sua mãe, nada obstante as carícias da família e do mundo, ligou-se pelo voto de continência, pronta a renunciar ao mundo e à família, para seguir Jesus Cristo pobre, desde que obtivesse permissão.

Completados, pois, seus dezasseis anos, recebeu das mãos de São Felipi Beniti o hábito da ordem terceira dos servitas. Meditou piedosamente nos mistérios durante o ano de provação. A túnica negra representava-lhe a tristeza de Maria sobre o Calvário, e a grandeza de seu martírio entre os sofrimentos do filho: a cintura de pele representava-lhe a pele do Salvador dilacerada pelos açoites, pelos pregos e pela lança; o véu branco a pureza da Virgem; a coroa os louvores que lhe foram rendidos pelo arcanjo. O livro lhe sugeria as meditações sobre a paixão de Jesus Cristo; o manto lhe recordava a protecção da mão de Deus, a quem se rejubilava em pertencer; o círio esta lâmpada acesa que devia trazer pronta, como virgem prudente, para ir ao encontro do esposo. Meditando assim sobre o seu piedoso hábito, Juliana foi uma edificação constante para a mãe, a família e todas as irmãs. No ano seguinte, 1285, fez profissão diante de São Filipe, que morreu pouco após.

A lembrança desse santo homem despertava nela de dia para dia, maior desejo de perfeição. Continuou junto de sua mãe, mas aumento muito as austeridades precedentes. Nas quartas e sextas-feiras tomava por alimento apenas a santa comunhão. Jejuava ainda no sábado, a pão e água, em honra da Virgem Santa, em cujas sete dores meditava. Empregava as sextas-feiras na meditação da paixão do Salvador. Para se tornar semelhante a ele, macerava a carne até o sangue, com rudes disciplinas. Muitas vezes foi arrebatada em êxtases, pelo veemente desejo de ser crucificada com Jesus sofredor. À sua morte encontraram-lhe uma cintura de ferro sobre os rins e tão fundo tinha penetrado na carne, que não puderam retirá-la sem lesar o corpo; isso faz crer que ela a carregasse desde a juventude. Seu tio, o bem-aventurado Aléssio Falconieri, dava-lhe o exemplo; recusou sempre ser promovido nas ordens sacras, e permaneceu a vida inteira na ordem leiga, dedicando-se aos mais humildes misteres, e mendigando todos os dias o pão para os irmãos. Da mesma maneira a sobrinha, em lugar de viver nobremente de seus bens, preferia ganhar a vida com o trabalho das mãos e partilhar o lucro com as irmãs. Imitou principalmente Filipe Beniti, no zelo pela conversão das almas.

Com a morte da mãe, entrou no convento de suas irmãs da ordem terceira, e atraiu para lá várias nobres jovens de Florença. Em 1316, foi mister dar a esta casa uma regra definitiva e uma superiora. Juliana foi eleita prioresa por unanimidade. Recusou por longo tempo, julgando-se incapaz e indigna, e acabou aceitando por lembrar-se das palavras de São Filipe Beniti, que lhe recomendara a congregação nascente, como prevendo que ela seria, um dia, a segunda fundadora. Foi-o menos pela autoridade do que pelo exemplo. A longevidade era como que um privilégio hereditário na família; seu tio, o bem-aventurado Aléssio, tinha cento e dez anos quando morreu, em 17 de Fevereiro de 1310. Se Juliana não ultrapassou os setenta, deve-se atribuir o fato às grandes austeridades. As religiosas da ordem terceira dos servitas devotavam-se particularmente ao serviço dos enfermos e a outras obras de caridade. Juliana sofreu também longa e penosa enfermidade, que suportou com paciência inalterável. Um vómito contínuo não permitia lhe administrassem o santo viático nos últimos momentos.

O Salvador dignou-se fazer um prodígio para unir-se à esposa: a santa hóstia, colocada sobre o seu coração, desapareceu subitamente. No mesmo instante ela faleceu. Era no dia 19 de Junho de 1340. A verdade de diversos milagres, operados por sua intercessão, foram juridicamente provados, e Bento XIII beatificou-a em 1729 e Clemente XII terminou o processo de canonização.

 

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