Nasceu
este ilustre Carmelita em Caen, cidade da Normandia, França, no ano
de 1394. Desde criança floresceu na devoção a Nossa Senhora do
Carmo, vindo a entrar na sua Ordem. Estudou na Universidade de
Paris, depois de feita a Profissão na
Ordem
do Carmo. Ordenado sacerdote foi professor na sua Universidade.
Eleito Prior Geral da Ordem, exerceu o cargo até à morte por mandato
do Papa. É considerado o fundador das Irmãs Carmelitas e da Ordem
Terceira, hoje conhecida por Ordem Secular do Carmo. A estas
comunidades, já existentes, mas sem Regra, deu-lhes forma canónica.
Levou pessoalmente a proposta ao Papa pedindo que a aprovasse, e, ao
mesmo tempo, obteve a aprovação dos estatutos e leis e o
reconhecimento da Ordem Terceira do Carmo, composta por homens e
mulheres que no mundo vivem a sua vida normal, embora ligados
espiritualmente à Ordem.
Empreendeu a renovação da vida das comunidades carmelitas as quais
visitava frequentemente, animando a todos na santidade. De tal modo
se fez querido que lhe chamavam «o Desejado», já que sempre que
visitava algum convento nele infundia paz, serenidade, santidade e
alegria. Era humilde em extremo e, mesmo sendo Prior Geral, nunca
quis outras honras que as do hábito mais velho e mais gasto e a
túnica mais áspera. Era manso e delicado, mas também firme e sem
medo. Quis o Papa honrá-lo com a mitra de bispo e com a púrpura
cardinalícia, mas Frei João Soreth resistiu, declarando que entrara
no Carmo e no Carmo queria morrer.
Entrou
em disputa com a sua Universidade, a de Paris. Sustentavam os seus
mestres que os frades mendicantes não podiam confessar, pelo que
sem outra alternativa o nosso Santo se viu obrigado a recorrer ao
Papa solicitando a sua intervenção. Foi-lhe concedida razão através
da promulgação duma lei que autorizava a que os religiosos
pertencentes a Ordens Mendicantes pudessem confessar. E na mesma lei
o Papa consagrou um elogio a Frei João que começava assim: «O Padre
Soreth, vigilantíssimo pastor das ovelhas a ele encomendadas, homem
verdadeiro segundo o coração de Deus, dispenseiro fiel não somente
da sua esclarecida Ordem e coluna da mesma, mas de todos os
religiosos mendicantes, fundamento inamovível...».
Estando
em certa ocasião, dois exércitos no campo de batalha, dispostos para
o combate, interpôs-se Frei João Soreth, dizendo: «Se derramando o
meu sangue estais dispostos a abandonar a luta, estou disposto a
morrer pelo amor da paz». Os dois exércitos retiraram-se sem
combate, mas ambos derrotados, abandonando o campo de batalha e
instaurando a paz. O seu amor a Jesus eucaristia era tão grande que
as suas imagens o representam com a Regra da Ordem numa mão, e na
outra uma píxide com o Santíssimo Sacramento.
Fundou
muitos conventos, tanto de religiosos como de religiosas,
instaurando serenidade e paz em todas as comunidades. Quando estava
de visita a certo convento que se dizia convertido às reformas do
Santo e apaziguado pela sua entranhável bondade deram-lhe, na
refeição, veneno a tomar. Sentindo-se gravemente doente e
declarando-se a qualidade da enfermidade, afirmou diante dos irmãos
e de Deus, que perdoava a quem o tinha envenenado voluntária ou
involuntariamente. Apressou-se a viajar para o convento de Angers,
onde morreu, repetindo serenamente aquela bela frase de S. Bernardo:
«Ó bom Jesus, sede meu, Jesus». Era o dia 25 de Julho de 1471.
Fonte:
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