Numa França que
acabava de sair das ruínas provocadas pelas guerras de religião que haviam
ensanguentado o final do século XVI, São João Francisco Régis surgiu como um
homem providencial,
chamado por Deus a dar nova força e coragem a um inteiro
povo deixado de parte e abandonado a si mesmo. Quando a situação nos campos e
nas cidades das regiões de Vivarais e de Velay era verdadei-ramente desastrosa,
João Francisco partiu pelos caminhos à procura da ovelha tresmalhada. Me-diante a
simplicidade da sua palavra e uma caridade ilimitada, sensibilizava o coração
dos pequeninos e dos humildes para os elevar ao amor de Deus e os guiar na sequela de Cristo. O seu ministério de pregador e de confessor ganhou
rapidamente grande renome. Ele sabia levar a paz às almas e às cidades, a
reconciliação às famílias, convencido do poder das palavras de Cristo: «Dou-vos
a minha paz. A paz que vos dou não é a paz que o mundo dá» (Jo 14, 27).
A sua acção
arraigava-se na espiritualidade de Santo Inácio de Loiola. Com efeito, membro da
Companhia de Jesus, sabia que sem uma entrega total de si à vontade divina, o
ser humano, o fiel, o sacerdote não pode ter qualquer eficácia concreta: «Sem
mim não podeis fazer nada», diz Jesus Cristo (Jo 15, 5). Eis por que durante
toda a sua vida procurou pôr em prática os conselhos evangélicos e cultivou ao
mais alto nível a disponibilidade à acção da Providência e a humildade do
servidor nas provações da sua corajosa vida missionária.
Hoje ainda e mais
que nunca, tais disposições constituem um modelo preeminente para todos os que
querem seguir as pegadas do Senhor e confiar-Lhe a própria vida para que Ele
faça dela uma oferenda ao louvor da Sua glória (cf. Ef 1, 6). A pacificação dos
corações e das sociedades parecia como uma das missões essenciais do fim do
século XX. Perante uma certa perda de pontos de referência, é importante evocar
a luminosa verdade do Evangelho. Assim como João Francisco Régis soube fazê-lo
na sua época, os fiéis do nosso tempo são convidados a entregar-se a Deus numa
confiança total para serem, entre eles e «entre todos os povos da terra» (Dt 7,
6), testemunhas alegres e generosas da Boa Nova da salvação oferecida a todos os
homens. (João Paulo II)
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