São
João Fisher nasceu em Beverley, na cidade de Yorkshire, na
Inglaterra, no ano de 1469. Órfão de pai ainda pequeno, aos catorze
anos era o mais destacado estudante do Colégio São Miguel. Quando
completou
vinte
anos, era professor daquele colégio. Em seguida, ingressou na famosa
Universidade de Cambridge. Dois anos depois, recebeu o diploma de
doutor com louvor, foi ordenado sacerdote e nomeado vice-reitor da
referida universidade.
Quando
a rainha Margareth, viúva pela terceira vez, decidiu deixar a corte
e ingressar num mosteiro, foi ele que escolheu para ser seu director
espiritual. Distribuiu sua fortuna entre várias instituições,
destinando grande parte à Universidade de Cambridge. Na mesma
ocasião, São João Fisher era eleito chanceler da universidade, cargo
que manteve até morrer.
Aos
trinta e cinco anos, foi eleito bispo de Rochester, dedicando-se
muito à função. Distribuía esmolas com generosidade e as portas de
sua casa estavam sempre abertas para os visitantes, peregrinos e
necessitados. Mesmo sendo bispo e chanceler da universidade, levava
uma vida tão austera como a de um monge.
Apesar
de todo o seu trabalho, estudava muito e escrevia livros. Seus
discursos fúnebres, da morte do rei Henrique VII e da própria rainha
Margareth, tornaram-se obras famosas. Quando Martinho Lutero começou
a difundir sua Reforma, o bispo Fisher combateu os erros da nova
doutrina, escrevendo quatro livros, que o tornaram famoso em todo o
mundo cristão.
Em
1535, o rei Henrique VIII desejou divorciar-se de sua legítima
esposa para casar-se com a cortesã Ana Bolena. O bispo João Fisher
foi o primeiro a posicionar-se contra aquele escândalo, embora
muitos outros ilustres personagens da corte declarassem, apenas para
agradar o rei, que o divórcio poderia ser feito. Ele não; mesmo
sabendo que seria condenado à morte, declarava a todos que:
— “O
matrimónio católico é indissolúvel e o divórcio não será possível
para um matrimónio católico que não se tenha anulado”.
Entretanto o ardiloso rei Henrique VIII conseguiu que o Parlamento
inglês o declarasse chefe supremo da Igreja na Inglaterra, em
substituição ao papa da Igreja Católica, com a aprovação de todos os
que desejavam conservar seus altos postos no governo. Porém João
Fisher declarou no Parlamento que:
— “Querer substituir o Papa de Roma pelo rei da Inglaterra, como
chefe de nossa religião, é como gritar um 'morra' à Igreja
Católica”, e isto seria um erro absurdo.
Os
inimigos o ameaçavam, com atentados e calúnias. Como não conseguiram
que o bispo deixasse de declarar sua fé católica, foi preso na Torre
de Londres. Tinha sessenta e seis anos, porém os muitos anos de
penitências, seus alunos, e o excessivo trabalho pastoral faziam-no
aparentar oitenta. Ainda estava preso quando foi nomeado cardeal
pelo Papa Paulo III. Ao ser informado da nomeação cardinalícia, o
rei Henrique VIII sem qualquer piedade, exclamou:
— “Enviaram-lhe o chapéu de cardeal, porém não poderá colocá-lo,
porque eu lhe mandarei cortar a cabeça”. E assim o fez. A sentença
de morte foi comunicada a João Fisher, que foi executado no dia 22
de junho se 1535. Antes de ser decapitado, ele declarou à multidão
presente que:
— “Morro por defender a Santa Igreja Católica, fundada por Jesus
Cristo, e o Sumo Pontífice de Roma”. Em seguida, os carrascos
cumpriram a sentença.
Este é
o relato de um homem que morreu pelo Papa e pela Igreja, opondo-se
ao Rei Henrique VIII para que Cristo fosse o vencedor. Para os
mártires não há derrota, mas sim, a palma do martírio, o coro dos
Anjos, o nome escrito na eternidade para nossa perpétua memória. A
fé a qualquer preço e levada até as últimas consequências: “Assim
como o baptismo significava morrer com Cristo e ressurgir para a
plenitude da vida eterna, o martírio é o selo de uma total
conformidade do Santo com Cristo” (Kenneth L. Woodward. A
Fábrica de Santos. Editora Siciliano: 1992, p. 53.)
Fonte:
http://anglo-catolicos.blogspot.com/ |