Inocêncio I era italiano, nasceu em Albano, uma província romana do
Lazio. Ele foi eleito no ano 401 e governou a Igreja por dezasseis
anos, num período dos mais difíceis para o cristianismo.
A sua
primeira actividade pastoral foi uma intervenção directa no Oriente,
exortando a população de Constantinopla a seguir as orientações do
seu bispo, são João Crisóstomo, e assim viver em paz.
Mas um
dos maiores traumas de seu pontificado foi a invasão e o saque de
Roma, cometidos pelos bárbaros godos, liderados por Alarico. Roma
estava cercada por eles desde o ano 408 e só não tinha sido invadida
graças às intervenções do papa junto a Alarico. Pressionado pelo
invasor, e tentando salvar a vida dos cidadãos romanos, Inocêncio
viajou até a diocese de Ravena, onde se escondia o medroso imperador
Honório.
O papa
tentava, há muito tempo, convencê-lo a negociar e conceder alguns
poderes especiais a Alarico, para evitar o pior, que ele saqueasse a
cidade e matasse a população. Não conseguiu e o saque teve início.
Foram
três dias de roubo, devastação e destruição. Os bárbaros respeitaram
apenas as igrejas, por causa dos anos de contacto e mediação com o
papa Inocêncio I. Mesmo assim, a invasão foi tão terrível que seria
comentada e lamentada depois, por santo Agostinho e são Jerónimo.
Apesar
de enfrentar inúmeras dificuldades, conseguiu manter a disciplina e
tomou decisões litúrgicas que perduram até hoje. Elas se encontram
na inúmera correspondência deixada pelo papa Inocêncio I. Aliás, com
essas cartas se formou o primeiro núcleo das colecções canónicas,
que faz parte do magistério ordinário dos pontífices, alvo de
estudos ainda nos nossos dias.
Também
foi ele que estabeleceu a uniformidade que as várias Igrejas devem
ter com a doutrina apostólica romana. Além disso, estratificou em
forma e conteúdo a doutrina dos sacramentos da penitência, da unção
dos enfermos, do baptismo e do casamento.
Durante
o seu pontificado difundia-se a heresia pelagiana, condenada no ano
416 pelos concílios regionais de Melevi e de Cartago, convocados por
iniciativa de santo Agostinho e com aprovação do papa Inocêncio I,
que formalmente sentenciou Pelágio e seu discípulo Celestino.
O papa
Inocêncio I morreu no dia 28 de julho de 417, sendo sepultado no
cemitério de Ponciano, na Via Portuense, em Roma. |