A VENERÁVEL ALEXANDRINA MARIA DA
COSTA
Como ela influenciou uma decisão de Pio XII
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A relação entre
as revelações feitas à Venerável Alexandrina e as
que
haviam sido feitas à vidente Lúcia mereceu a Umberto Pasquale o opúsculo
Fatima e Balasar, celeste gemellagio (Milão, 1975). Esse relacionamento gira
sobre a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria, feita em 1942, por
Pio XII. E o facto é que na origem mais remota desta iniciativa está a
Venerável. Tudo começou ali em Balasar, no seu quarto.
Os especialista de
Fátima – e Umberto Pasquale também o foi – insistem nisso. Ao menos dois sites –
Fatima Network e Notre-Dame de Fatima, Forum – lembram-no na
Internet. É da página francesa de Fatima Network, mais completa que a
versão inglesa para este caso, que vamos transcre-ver, em tradução nossa, a
informação que lá se en-contra sobre este tema:
«É igualmente no
decurso de 1936, um ano deci-sivo, como se vê, que começaram as diligências jun-to
da Santa Sé para a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. Este
ponto da histó-ria, insuficientemente conhecido dos especialistas de Fátima,
levanta uma questão e pede um estudo especial. Porque até aqui, nos pedidos da
Virgem que lemos, só há a questão da consagração da Rússia. Qual é pois a origem
da consagração do mundo, que será feita em 1942? E qual é a relação entre esta
consagração e o desígnio providencial manifesto em Fátima? Recordemos os factos
principais desta história, que será para muitos uma revelação; serão eles que
nos darão a resposta.
Vimos atrás que, em
Maio de 1938, os bispos de Portugal haviam reunido em Fátima. No mês de Junho do
mesmo ano, por indicações do P.e Pinho, S.J., eles escreveram ao Papa para lhe
pedir para consagrar o mundo ao Coração Imaculado de Maria. O nome do P.e Pinho
explica esta diligência. Ele era com efeito, desde há vários anos, o director
espiritual de Alexandrina Maria da Costa, esta mística extraordinária que vivia
em Balasar, no Norte de Portugal, e cujo papel foi decisivo para a consagração
do mundo ao Coração de Maria. Foi em 30 de Julho de 1935 que o Senhor lhe
manifestou pela primeira vez esta vontade, relacionado-a com a consagração do
mundo ao Seu "Divino Coração." Mas foi seguramente um ano mais tarde, a 11 de
Setembro de 1936, que o P.e Pinho se decidiu a escrever a Pio XI, o que fez
passando pelo seu Secretário de Estado, o Cardeal Pacelli. Em 1937, a Secretaria
de Estado, tendo pedido um complemento de informação, o P.e Pinho remete uma
nota ao arcebispo de Braga. Tendo sido largamente positivo o resultado destas
investigações, os bispos de Portugal, reunidos em Fátima para um retiro que lhes
pregava precisamente o mesmo P.e Pinho, aceitam a sua sugestão e enviam ao Santo
Padre a carta que acabámos de referir.
Em Outubro de 1940,
procuraram juntar o testemunho da Irmã Lúcia ao de Alexandrina e mandaram-lhe
escrever ao Santo Padre para lhe pedir igualmente que consagrasse o mundo ao
Coração da Virgem. Ora Lúcia, até então, não tinha recebido do céu senão pedidos
relativos à consagração da Rússia, não sobre a do mundo. Recebida a ordem do
bispo, ela põe-se a orar, em 22 Outubro, para ter orientação sobre o que devia
fazer. E recebe do Senhor, não da Virgem, a resposta seguinte – recordemo-nos
que se está em plena guerra:
"A tribulação
aumentará. Punirei as nações pelos seus crimes com a guerra, a fome, a
perseguição contra a Minha Igreja, perseguição que pesará especialmente sobre
aquele que é o Meu Vigário na terra. Sua Santidade obterá a abreviação destes
dias de tribulação se satisfizer os Meus desejos e fizer o acto de consagração
ao Coração Imaculado de Maria do mundo inteiro com menção especial da Rússia".
É pois a esta
comunicação íntima que a Irmã Lúcia fará alusão na sua carta a Pio XII. ...
Vê-se assim a relação
que se estabelece entre a missão profética de Balasar e a de Fátima.»
Há também alguns
informes numa das várias notas de rodapé do artigo que queremos recolher:
«O
nome de Alexandrina Maria da Costa é tão pouco conhecido como o da beata Maria
do Divino Coração. Mas não apresenta garantias menos sérias. O processo de
beatificação de Alexandrina foi aberto em Braga em 14 de Janeiro de 1967 e
concluiu-se com êxito em 14 de Abril de 1973. Os carismas com que foi agraciada
para reviver na alma e na carne a paixão de Cristo contam-se entre os mais
espantosos que a história da Igreja conhece. O P. Guerra, S.J., não hesitou em
compará-la à irmã Maria do Divino Coração (citado por dom U. Pasquale in Obs.
Rom. de 12. V. 82). De facto, ela foi para Pio XII para a
consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria o que Maria Droste zu
Vischering foi para Leão XIII para a consagração ao Sagrado Coração de Jesus.
A fonte principal
para a conhecer é a obra publicada em italiano, infelizmente em "edizione
extracommerciale", pelo seu Director espiritual, dom U. Pasquale, S.D.B.:
Cristo Gesu in Alexandrina - Autobiografia (Leuman Torino, [1973], 838 p.)»
Como nota final,
informamos que vimos ultimamente este tema tratado numa página em português; é o
Yahoo! Groups leiame-news Messages Message 963 of
1093.
Claro que os
biógrafos de Alexandrina não deixam de esclarecer os seus leitores sobre este
assunto. Alias, ele é transcendente, já que a vivência de modo visível da Paixão
de Cristo por Alexandrina tem relação estreita com o pedido referente a esta
consagração. Consequentemente, após ela se ter realizado, aquela deixou de se
verificar.
José Ferreira |