Nossos irmãos e intercessores
Após ler sobre a
vida do Beato Inácio de Azevedo e como se deu o martírio, devemos conhecer
melhor os outros 39 mártires. Conhecer algo das suas
vidas
é importante para entendermos melhor a importância da oferta que fizeram a Deus.
Não são uma multidão de anônimos, um número sem rosto, mas pessoas como
nós, que lutaram para crescer na fé e na doação a Deus. Ao todo são 32
portugueses e 8 espanhóis. Vários desses beatos são venerados também nas suas
cidades de origem. Deus abençoou os seus esforços e deu-lhes o grande dom do
martírio. São Beatos do Brasil, e merecem a nossa veneração toda especial. É
impossível não nos admirar com esses breves relatos, como o do Beato João Adauto,
sobrinho do capitão da nau. Não era jesuíta, mas por causa de tão santa e
arrebatadora amizade, já que não se apartava do grupo de missionários, vestiu-se
como um deles na hora do martírio e apresentou-se para roubar o céu! Invejado
rapazote! Vamos comparar suas vidas com as nossas, e a de tantas pessoas que
conhecemos. Um dia nós também podemos ser um deles, já que mártires sempre
existirão...
Eis,
brevissimamente, alguns dos traços biográficos dos 39 companheiros de Inácio de
Azevedo (informações extraídas de LEITE, Serafim, Novas Páginas da História do
Brasil. p. 207-246):
Do grupo de 40
mártires jesuítas, dois eram Padres (Inácio e Diogo) e 38 eram Irmãos. Desses
Irmãos, alguns eram estudantes (religiosos seminaristas que estudavam
para serem padres), outros eram coadjutores (somente religiosos, não
destinados à ordenação sacerdotal).
Beato Diogo de Andrade, padre
Nascido em Pedrógão
Grande, próximo a Leiria, Portugal, em 1531. Cuidava da fazenda da família;
ouvia missa todos os dias e quis entrar para a Companhia pelo bom exemplo dos
padres, para ajudá-los a "converter as almas à Fé de Cristo". Em Coimbra ocupou
os afazeres humildes da casa, na cozinha, refeitório, portaria, etc. Depois de
estudar latim e teologia moral, foi destinado ao Brasil e assim ordenado
sacerdote, já com 38 ou 39 anos. A bordo da nau Santiago exercia o ofício de
ministro, e foi um dos que animaram os marinheiros para a defesa da embarcação.
Ferido na cabeça e a punhaladas, foi lançado vivo ao mar.
Beato Bento de Castro, irmão,
estudante
Nascido em Vila de
Chacim, de Trás-os-Montes, Portugal, em 1543, de família fidalga e rica.
Estudando em Bragança e depois em Lisboa, aí entrou na Companhia em 1561, com
quase 18 anos. Era estudante de filosofia em Coimbra quando o destinaram ao
Brasil. Ficou extremamente feliz, pois desejava ser missionário e "morrer pela
fé de Cristo". Embora ainda não fosse padre, exercia na nau Santiago o ofício de
mestre de noviços e explicava a doutrina às pessoas da nau. Foi o primeiro a ser
ferido com pelouros e punhaladas e lançado ao mar ainda vivo.
Beato Antônio Soares, irmão,
estudante
Nascido em
Trancoso, Portugal. Entrou na Companhia em 1565 como estudante, e ocupava-se dos
ofícios comuns na casa durante a permanência em Val de Rosal. Foi ele quem deu a
notícia de que a tão esperada nau Santiago havia chegado a Lisboa, vindo do
Porto, em 8 de maio de 1570. Na nau Santiago ajudava os feridos e animava os
combatentes. Crivado de punhaladas, foi lançado vivo ao mar.
Beato Manuel Álvares, irmão,
coadjutor
Nascido em Estremoz,
Portugal, em 1536, entrou na Companhia como Coadjutor, em Évora, em 1559. Era
trabalhador do campo e guardava gado; contava que estava arando a terra certa
vez, e sentiu o desejo de ser peregrino e nada ter por amor a Deus, fazendo
parte de alguma ordem religiosa. Depois dessa inspiração de Deus, foi levado por
um sacerdote à Companhia. Aprendeu a ler e pediu para ir ao Brasil. Na nau
Santiago, durante o combate gritava animando os combatentes para que não se
deixassem vencer pelos hereges, pois batalhavam pela fé. Foi lançado vivo ao
mar.
Beato Francisco Álvares, irmão,
coadjutor
Nascido em Covilhã,
Portugal, em 1539. Entrou na Companhia em Évora com 25 anos de idade, e tinha o
ofício de tecelão e cardador. Foi lançado vivo ao mar.
Beato Domingos Fernandes , irmão,
estudante
Nascido em Vila de
Borba, no Alentejo, Portugal, em 1551. Entrou na Companhia com 16 anos de idade
em Évora. Ferido a punhaladas e lançado vivo ao mar.
Beato João Fernandes, de Braga,
irmão, estudante
Nascido em Braga,
Portugal, em 1547. Ingressou na Companhia em Coimbra em junho de 1569, com 22
anos. Foi lançado vivo ao mar.
Beato João Fernandes, de Lisboa,
irmão, estudante
Nascido em Lisboa,
Portugal, em 1551. Entrou na Companhia em Coimbra, em abril de 1568, com 17
anos, habilidoso para o estudo de letras. Foi vivo ao mar.
Beato Antônio Correia, irmão,
estudante
Nascido no Porto,
Portugal, em 1553. Entrou para a Ordem com 16 anos. Maltratado pelos hereges com
os punhos de uma adaga e lançado vivo ao mar. Ao abrir-se o processo de
canonização no Porto em 1628, muitos já lhe tinham devoção.
Beato Francisco de Magalhães,
irmão, estudante
Nascido em Alcácer
do Sal, Portugal, em 1549. Já estudante em Évora, entrou para a companhia com 19
anos, em 1568. Cantava admiravelmente e era dedicado colaborador de Pe. Inácio;
ajudava na instrução religiosa dos marinheiros. Ao ser lançado vivo ao mar,
disse aos hereges: "Ah! Irmãos, Deus vos perdoe isto que fazeis".
Beato Marcos Caldeira, irmão
Nascido em Vila da
Feira, Portugal, em 1547. Entrou na Companhia em Évora, com 22 anos, como
indiferente, isto é, para ser estudante ou coadjutor conforme se revelassem suas
aptidões. Vivo ao mar.
Beato Amaro Vaz, irmão, coadjutor
Nascido em
Benviver, distrito do Porto, Portugal, em 1553. Entrou para a Companhia com 16
anos e logo seguiu para Val de Rosal. Apunhalado e atirado vivo ao mar.
Beato João Maiorga, irmão,
coadjutor
Nascido em 1533, em
Saint-Jean Pied-de-Port, povoado da Gasconha, pertencente à França, mas que na
época do seu nascimento era da Espanha. Quando Pe. Inácio passou por Valência
voltando de Roma, ele foi um dos indicados para o Brasil, pois era pintor de
profissão, arte que seria muito útil então ao nosso país. Deixou quadros em
Saragoça. Em Val de Rosal ensinava pintura aos companheiros, e chegou a fazer
duas ou três imagens de Nossa Senhora. Era um dos designados a animar os
combatentes. Lançado vivo ao mar.
Beato Alonso de Baena, irmão,
coadjutor
Nascido em
Villatobas, Toledo, Espanha, em 1539. Estava terminando o noviciado, com 30 anos
de idade, quando Pe. Inácio o levou para Portugal com destino ao Brasil. Tinha o
ofício de ourives. Em janeiro de 1570 estava residindo no Colégio do Porto, e
trabalhava na horta. Um dos designados para animar os combatente e curar os
feridos. Após ser ele também ferido, foi lançado ao mar vivo.
Beato Esteban de Zuraire, irmão,
coadjutor
Nascido em Biscaia,
Espanha. Era bordador de ofício, e ocupava o posto de roupeiro no Colégio de
Placência quando por aí passou o Pe. Inácio recrutando voluntários. Um dos
escolhidos para animar os combates. Lançado vivo ao mar.
Beato Juan de San Martín, irmão,
estudante
Nascido em Yuncos,
Toledo, Espanha, em 1550. Estudava na Universidade de Alcalá e foi para Portugal
com destino ao Brasil. Animava os combates. Lançado vivo ao mar.
Beato Juan de Zafra, irmão,
coadjutor
Nascido em Jerez,
Espanha. Aceito para o Brasil em Cuenca, entrou na Companhia em Évora, a 8 de
fevereiro de 1570. Lançado vivo ao mar.
Beato Francisco Pérez Godói,
irmão, estudante
Nascido em
Torrijos, Espanha, em 1540. Bacharel em Cânones pela Universidade de Salamanca.
Fez os Exercícios Espirituais e entrou na Ordem em abril de 1569. Foi com Pe.
Inácio para Portugal, onde continuou o noviciado, já com 30 anos de idade. Era
parente de Santa Teresa de Ávila. Muito estimado por todos, era também cantor e
tocava harpa e outros instrumentos. Um dos escolhidos para animar os combates.
Ferido a punhaladas e lançado vivo ao mar.
Beato Gregório Escribano, irmão,
coadjutor
Nascido em Logroño,
Espanha. Veio com Pe. Inácio para Portugal quando este passou pela Espanha.
Lançado vivo ao mar.
Beato Fernán Sanchez, irmão,
estudante
Nascido na Espanha,
em Castela-a-Velha. Recebido em Salamanca por Pe. Inácio , com destino ao
Brasil. Lançado ferido ao mar.
Beato Gonçalo Henriques, irmão,
estudante
Nascido no Porto,
Portugal. Era subdiácono ou diácono. Um dos que animavam os combates. Lançado ao
mar, não se sabe se ainda vivo ou já morto.
Beato Álvaro Borralho, irmão,
estudante
Nascido em Elvas,
Alentejo, Portugal. Era excelente cantor. Embora tenha adoecido na Ilha da
Madeira, quis seguir na nau Santiago. Lançado vivo ao mar.
Beato Pero Nunes, irmão, estudante
Nascido em
Fronteira, Alentejo, Portugal. Lançado vivo ao mar.
Beato Manuel Rodrigues, irmão,
estudante
Nascido em
Alcochete, Portugal. Lançado vivo ao mar.
Beato Nicolau Diniz, irmão,
estudante
Nascido em
Bragança, Portugal, em 1553. Era de pele morena, tinha graça em representar, e
entrou na Companhia em Val de rosal, com 17 anos. Lançado vivo ao mar.
Beato Luís Correia, irmão,
estudante
Nascido em Évora,
Portugal. Vivo ao mar.
Beato Diogo Mimoso, irmão,
estudante
Nascido em Nisa,
Portalegre, Portugal. Freqüentava o curso de filosofia na Universidade de Évora.
Ofereceu-se para ir ao Brasil e foi recebido. Morto à lançada e jogado ao mar.
Beato Aleixo Delgado, irmão,
estudante
Nascido em Elvas,
Portugal, em 1555. Filho de um cego, a quem servia de guia. Como era pobre,
entrou para o Colégio de Évora servindo e estudando ao mesmo tempo. Passando Pe.
Inácio por Évora, admitiu-o na Companhia para ir para o Brasil, com apenas 14
anos de idade. Era bom cantor. Vivo ao mar.
Beato Brás Ribeiro, irmão,
coadjutor
Nascido em Braga,
Portugal, em 1546. Já estava na Companhia, no Porto, quando o Pe. Inácio o
recebeu para o Brasil em janeiro de 1570, com 24 anos de idade. Os hereges o
mataram com uma cutilada na cabeça enquanto estava ajoelhado rezando diante das
relíquias, e morto foi lançado ao mar.
Beato Luís Rodrigues, irmão,
estudante
Nascido em Évora,
Portugal, em 1554. Entrou na Companhia enquanto cursava o ginásio, aos 16 anos,
em 15 de janeiro de 1570. Continuou o noviciado em Val de Rosal e na nau do
martírio. Depois da morte do Pe. Inácio exortava os colegas: "Irmãos,
animemo-nos e ajudemo-nos do Credo, porque o sangue de Cristo não se há de
perder". Ferido a punhaladas e lançado ainda vivo ao mar.
Beato André Gonçalves, irmão,
estudante
Nascido em Viana de
Alvito, Portugal. Havia estudado na Universidade de Évora. Foi recebido pelo Pe.
Inácio diretamente para o Brasil. Depois de apunhalado, foi lançado ao mar.
Beato Gaspar Álvares, irmão
Nascido no Porto,
Portugal. Quando a nau foi atacada pela armada dos huguenotes e atacada por
balas de canhão, uma delas quase acertou Gaspar, que disse: "Oh! Prouvera a Deus
que aquele pelouro me tivesse acertado e matado por amor de Deus". Ferido a
punhaladas e lançado vivo ao mar.
Beato Manuel Fernandes, irmão,
estudante
Nascido em Celorico,
Portugal. Vivo ao mar.
Beato Manuel Pacheco, irmão,
estudante
Nascido em Ceuta,
cidade que à época pertencia a Portugal, ao norte do Marrocos. Um dos que
animavam os combates. Lançado ao mar.
Beato Pedro Fontoura, irmão,
coadjutor
Nascido em Braga,
Portugal. Estando em oração diante das relíquias, um herege acutilou-o no rosto,
cortando-lhe a língua; assim foi lançado ao mar.
Beato Antônio Fernandes, irmão,
coadjutor
Nascido em
Montemor-o-Nôvo, Portugal. Entrou na Companhia em janeiro de 1570; era muito bom
carpinteiro e em Val de Rosal era o chefe de oficina. Lançado vivo ao mar.
Beato Simão da Costa, irmão,
coadjutor
Nascido no Porto,
Portugal. Como era noviço a pouco tempo e ainda não estava com o hábito, a veste
religiosa, os hereges acharam que deveria ser algum pajem, pelo qual poderiam
exigir algum resgate. Por isso não o mataram no dia 15, como fizeram com todos
os demais. Foi interrogado no dia seguinte, e ao responder que era religioso
como os outros, foi degolado. Foi o único que recebeu esse gênero de
martírio, e no dia seguinte, 16 de julho de 1570.
Beato Simão Lopes, irmão,
estudante
Nascido em Ourém,
Portugal. Vivo ao mar.
Beato João Adauto
Natural de Entre
Douro e Minho, Portugal. Sobrinho do capitão da nau Santiago, não era da
Companhia, embora desejasse vir a sê-lo. Em toda a viagem andava com Pe. Inácio
e os demais religiosos, e durante o combate vestiu um dos hábitos religiosos que
tiraram dos jesuítas. Vendo que os irmãos se deixavam matar sem resistência,
consentiu no mesmo. Lançado vivo ao mar.
|