Alexandrina de Balasar

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A IGREJA PAROQUIAL DE BALASAR

 

Ao contrário de outras paróquias cuja igreja, ao longo dos séculos, com acrescentos e modificações, sempre se ergueu no mesmo lugar, a de Balasar é já o terceiro templo construído de raiz e em localização diferente.

A igreja do Matinho

Antes de se reunir com Gresufes, consta que a igreja de Balasar ficava no lugar do Casal. Ou seria em Lousadelo? Depois, foi construída uma nova no lugar do Matinho, onde está o Cemitério, de que nos dão algumas notícias as memórias paroquiais e o inquérito de 1845.

As Memórias Paroquiais contradizem-se num pormenor: em 1737, diz-se que a igreja tinha três naves, em 1758, que tinha só uma. Veja-se a de 1737:

“A paróquia tem três naves e está no meio do lugar; é seu orago Santa Eulália. Tem os altares do SS. Sacramento, Nossa Senhora das Candeias, Santo António, Santo Antão Abade e Nosso Senhor Jesus Cristo, com as irmandades de Santo Antão Abade e das Almas”.

E agora a de 1758:

“O orago é Santa Eulália; tem cinco altares, um do SS. Sacramento, outro de Nossa Senhora da Conceição, outro de Santo Antão, outro de Santo António e outro do Senhor Crucificado; tem duas irmandades, uma das Almas e outra de Santo Antão Abade. É igreja duma só nave, e perfeita”.

De acordo com a informação veiculada pelo Mons. Manuel Amorim, a igreja, que entrara em ruínas no séc. XVIII, foi reconstruída pelo Comendador de Balasar. Terá ele suprimido então as naves laterais, libertando assim, porventura, mais espaço?

O P.e Domingos da Soledade Silos, em 1845, registou que a igreja não ameaçava ruína, excepto o trono. Mas não era assim em 1907, como consta duma acta da Junta de Paróquia; aí fala-se do “estado de ruína” em que ela se acha e diz-se que as “suas paredes estão desequilibradas e as suas madeiras podres”.

A construção da igreja actual

O P.e Leopoldino fez uma afirmação errada sobre a igreja que tantos anos paroquiou e que então ainda era relativamente recente. Disse que ela fora inaugurada em 1907, mas certamente ela entrou ao culto apenas em finais de 1909 ou princípios de 1910.

Efectivamente, em 23 de Dezembro de 1906, o jornal poveiro Estrela Povoense traz esta notícia sobre a “Igreja Paroquial de Balasar”, bem semelhante a uma outra saída n’O Comércio da Póvoa de Varzim no dia 27:

“A freguesia de Balasar, deste concelho, vai possuir um novo templo paroquial, cujas obras vão ser postas a concurso.

Quem desejar concorrer deverá examinar o projecto na secretaria do arquitecto da Câmara Municipal, onde ele está exposto todos os dias úteis, desde as 10 horas da manhã até às 3 horas da tarde.

As propostas devem ser enviadas, em carta fechada, à residência paroquial daquela freguesia, até ao próximo dia 30 do corrente ao meio-dia”.

Em termos de obras, no final deste ano não só estava tudo por fazer, mas até a empreitada não fora entregue ao construtor. E como a construção levou três anos, já se vê que a data de 1907 – que está sobre a porta principal da igreja – só poderá ser a do ano do seu início ou daquele em que se aprontou tudo para ela começar, pois a Junta de Paróquia só deu a aprovação à planta… em 24 de Novembro de 1907, como consta da acta desse dia.

De 24 de Fevereiro do mesmo ano da 1907, lê-se numa acta uma exposição feita à Junta de Paróquia pelo pároco, o abade Manuel Fernandes de Sousa Campos, que merece ser transcrita:

“Tendo uma comissão, composta de alguns moradores desta freguesia, como à Junta não é estranho, tomado a seu cargo, por meio duma subscrição, a construção da nova igreja paroquial desta mesma freguesia, por essa construção não poder realizar-se por conta desta Junta de Paróquia, visto serem insignificantes os seus rendimentos e essa nova igreja tornar-se absoluta necessidade pelo estado de ruína em que se acha a actual, que não pode contiguar a funcionar porque as suas paredes estão desequilibradas e as suas madeiras podres, como já foi verificado por peritos competentes, cumpria à Junta auxiliar essa iniciativa, prestando a essa comissão todo o seu apoio e valimento, dentro das atribuições legais, pois que de um tal melhoramento provinha um salutar benefício para a freguesia. Portanto, ocorria à Junta o dever de não só ceder da antiga igreja o seu material, altares e mais aprestos, como realizar definitivamente o acordo feito em 20 de junto de 1897 com a comissão do Senhor da Cruz, desta freguesia, a fim de ser aproveitada a sua capela e terreno anexo na construção da nova igreja, por se tornar esse local o mais apropriado para essa edificação”.

Os membros da mesa da Confraria do Senhor da Cruz estavam presentes e fecharam o acordo mencionado, abrindo assim as portas à construção da nova igreja. Este acordo será ainda corroborado na sessão de 28 de Abril.

As actas da Junta de Paróquia não dão conta do andamento da construção, mas registam que, a 23 de Janeiro de 1910, a igreja “já está concluída e aberta aos actos de culto”.

Uns dois meses adiante, um jornal poveiro diz que ela foi assaltada, mas não adiante nada sobre ela era nova ou velha.

Em síntese, as obras terão começado ainda em 1907 e prolongaram-se certamente pelos anos de 1908 e 1909. Como parece que os preparativos se tinham iniciado uns dez anos antes, faz sentido que tivessem sido rápidas.

Em 1978, em tempo do P.e Francisco de Azevedo, a igreja paroquial de Balasar sofreu uma ampliação e restauro de monta de monta, sobretudo ao nível da capela-mor, que foi radicalmente modificada.

Ao lado esquerdo do altar-mor, estão actualmente inumados os restos mortais da Beata Alexandrina.

O abade Manuel Fernandes de Sousa Campos

O impulsionador da construção actual igreja de Balasar foi o abade Manuel Fernandes de Sousa Campos, que era natural do lugar de Lousadelo, onde nasceu em 1855. O Padre Leopoldino Mateus deixou dele esta notícia biográfica:

“Depois de ordenado, dedicou-se à vida paroquial.

Tendo sido nomeado pároco encomendado da vizinha freguesia de Macieira de Rates, foi elevado a Reitor de Balasar, tomando posse no dia 18 de Fevereiro de 1885, sendo a entrega feita por seu tio Padre Miguel Campos.

Regeu esta freguesia durante 35 anos e tão bons serviços à Igreja prestou, particularmente na distribuição das Bulas da Santa Cruzada, que o Arcebispo de Braga D. Manuel Baptista da Cunha, o elevou à dignidade de abade.

Uma das suas maiores preocupações de pároco era a construção duma igreja paroquial, ampla e majestosa, porque a antiga, sita no lugar do Matinho, de uma só nave, pequena e escura, não tinha a capacidade bastante para conter o povo da freguesia que assistia apertado e contrafeito às cerimónias do culto, ficando uma boa parte de fora da Casa do Senhor.

O Rev.do Abade Campos nomeou uma comissão de que fazia parte, como tesoureiro, seu irmão José Fernandes de Sousa Campos, também do mesmo lugar, onde constituiu família e veio a falecer com 82 anos, no dia 2 de Fevereiro de 1945”.

Onde foi baptizada a Beata Alexandrina?

Se a informação do P.e Leopoldino estivesse certa, a saber, que as obras da igreja tinham-se conclído em 1907, que tinham sido precisos três anos para a sua construção, isto é, de 1904 a 1907, que a capela da Quinta de D. Benta servira de igreja paroquial durante o período da construção, então a Beata, que nasceu em 30 de Março de 2004, quase inevitavelmente teria sido baptizada nesta capela.

Ficamos porém agora a saber as coisas se não passaram assim e consequentemente a pequena Alexandrina foi, sem grande margem para dúvidas, baptizada na velha igreja paroquial do Matinho.

O cemitério paroquial

Ao menos desde 1845, os governos liberais pressionaram as paróquias para construírem cemitérios. Mas a resistência popular a essa inovação foi grande e devido também às dificuldades económicas a sua concretização foi sendo sucessivamente adiada. Não foi por acaso que em Balasar o cemitério ficou a ocupar o lugar da antiga igreja. As sepulturas anteriores já lá estavam, ou dentro da igreja ou no adro; bastava agora adaptar o espaço libertado e o cemitério aparecia naturalmente.

A acta de 13 de Fevereiro de 1910 dá conta dum momento desta adaptação:

”… a irregular superfície em que se encontra o cemitério é principalmente devida à comissão da nova igreja que, na ocasião de mudar a pedra da velha igreja para a formação da nova, fez escavação a fim de aproveitar as pedras dos alicerces, dispersando a terra bem como a pedra que não tinha utilidade, em diferentes pontos, e não mandou em seguida proceder à competente terraplanagem, como era sua obrigação”.

José Ferreira

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