Hildebrando
nasceu numa família pobre na cidade de Soana, na Toscana, Itália, em 1020. Desde
jovem o atraía a solidão, por isso foi para o mosteiro de Cluny e se tornou
monge beneditino. Depois estudou em Laterano, onde se destacou pela inteligência
e a firmeza na fé. Galgou a hierarquia eclesiástica e foi consagrado cardeal.
Tornou-se o
auxiliar directo dos papas Leão IX e Alexandre II, alcançando respeito e enorme
prestígio no colégio cardinalício. Assim, quando faleceu o papa Alexandre II, em
1073, foi aclamado papa pelo povo e pelo clero. Assumiu o nome de Gregório VII e
deu início à luta incansável para implantar a reforma, importantíssima para a
Igreja, conhecida como “gregoriana”.
Há tempos que a
decadência de costumes atingia o próprio cristianismo. A mistura do poder
terreno com os cargos eclesiásticos fazia enorme estrago no clero. Príncipes e
reis movidos por interesses políticos nomeavam bispos, vigários e abades de
forma arbitrária.
Desse modo,
acabavam designando pessoas despreparadas e muitas vezes indignas de ocupar tais
cargos. Reinavam as incompetências, os escândalos morais e o esbanjamento dos
bens da Igreja.
Apoiado por Pedro
Damião, depois santo e doutor da Igreja, o papa Gregório VII colocou-se firme e
energicamente contra a situação. Claro que provocou choques e represálias dos
poderosos, principalmente do arrogante imperador Henrique IV, o qual continuou a
conferir benefícios eclesiásticos a candidatos indesejáveis.
O papa não teve
dúvidas: excomungou o imperador. Tal foi a pressão sobre Henrique IV, que o
tirano teve de humilhar-se e pedir perdão, em 1077, para anular a excomunhão,
num evento famoso que ficou conhecido como “o episódio de Canossa”.
Mas o pedido de
clemência era uma bem elaborada jogada política. Pouco tempo depois, o imperador
saboreou sua vingança, depondo o papa Gregório VII e nomeando um antipapa,
Clemente III. Mesmo assim o papa Gregório VII continuou com as reformas,
enfrentando a ira do governante. Foi então exilado em Salerno, onde morreu
mártir de suas reformas no dia 25 de maio de 1085, com sessenta e cinco anos.
Passou para a
história como o papa da independência da Igreja contra a interferência dos
poderosos políticos. Sua última frase, à beira da morte, sem dúvida retrata a
síntese de sua existência: “Amei a justiça, odiei a iniquidade e, por isso,
morro no exílio”.
Muitos milagres
foram atribuídos à intercessão de papa Gregório VII, que teve seu culto
autorizado pelo papa Paulo V em 1606.
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