P. MARIANO PINHO, HOMEM EUCARÍSTICO
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No
próximo dia 11 de Julho faz 50 anos que o P. Mariano Pinho partiu
para o Céu, apenas com 69 anos de idade.
Neste
ano jubilar da sua partida deste mundo é justo que dêmos a conhecer
um pouco mais deste grande
sacer-dote
a quem a Igreja em Portugal, e não só, muito deve pe-la sua cultura,
pelos seus escritos, pela sua intensa e apai-xonada atividade
apostólica.
Nestes
breves artigos vou deter-me em alguns pormenores a partir das cartas
que ele escreveu à sua dirigida espiri-tual, Alexandrina Maria da
Costa, hoje Beata Alexandrina Maria da Costa.
P.
Mariano Pinho conheceu Alexandrina no dia 16 de Agosto de 1933.
Nesse ano o pároco de Balasar, P. Leopol-dino Mateus, chamou-o para
pregar o tríduo do Coração de Jesus, que decorreu entre os dias 16 e
20 de Agosto desse ano.
Como
resultado desse tríduo além do conhecimento de Alexandrina, que vai
passar a dirigir espiritualmente, fun-dou o núcleo da Cruzada
Eucarística que ainda hoje per-dura, vai fazer para Agosto 80 anos.
A
primeira carta que o P. Mariano Pinho escreve a Ale-xandrina data de
24 de Agosto desse ano de 1933, pra-ticamente 8 dias após ter
conhecido Alexandrina e 4 após o termo do tríduo, e é escrita em
Viana do Castelo.
Vale a
pena transcrever a carta para ver a profundidade espiritual com que
o P. Mariano Pinho contemplou a alma de Alexandrina.
Passo a
transcrever parte da carta:
“A
primeira coisa é que tive muito contentamento espiritual em
conhecer pessoalmente Alexandrina; esse contentamento é tanto maior,
quanto vejo que fui encontrar em Balazar uma alma a quem Nosso
Senhor muito ama e muito quer.
Creia, Alexandrina, que lhe fiquei com uma santa inveja, por ver, em
primeiro lugar, a muita glória que os seus sofrimentos dão a
Nosso Senhor e as muitas almas que com eles pode salvar; e em
segundo lugar, por antever já o grande prémio e coroa que a
espera no Céu.
Que
belíssima vocação a sua, Alexandrina, de viver crucificada com
Cristo! Mora no Calvário e nesse calvário o crucificado é a
Alexandrina! Que dita! E é tão fácil com uma cruz dessas fazer-se
uma grande santa! Basta só sofrer com muita paciência e com muito
amor! Não se esqueça do que eu lhe pedi na despedida: que seja
santa! Ouviu?
Tenho pedido e pedirei a Nosso Senhor pela Alexandrina, sobretudo na
Santa Missa; mas sou interesseiro: con-to que também não se esqueça
de mim e que me ajude com os seus sofrimentos a ser santo e a
salvar muitas almas”.
De uma
leitura primária desta carta podemos tirar algumas conclusões:
1-
O P. Mariano
Pinho já tinha ouvido falar de Alexandrina pois ele diz que a
desejava conhecer pes-soalmente. Isto é muito natural até porque
viveu algum tempo na Póvoa de Varzim.
2-
O P. Mariano
Pinho, logo num primeiro momento, percebeu a eleição de Deus para
com Alexandrina vendo nela uma alma escolhida para grandes
desígnios.
3-
Nesta primeira
carta deixa bem claro a participação de Alexandrina no Mistério da
Redenção através dos seus sofrimentos, sofrimentos que são em
benefício da própria oferente e em benefício de toda a humanidade.
4-
P. Mariano Pinho
ao pedir a Alexandrina que não se esqueça dele que ele também a não
esquecerá explicita o Mistério da Comunhão dos Santos.
5-
Em toda esta
primeira carta, numa linguagem simples e direta, depreende-se uma
empatia espiritual entre as duas pessoas: Alexandrina e P. Mariano
Pinho. P. Mariano Pinho descreve , em jeito de pro-fecia, o futuro
místico de Alexandrina como vamos poder ver ao longo das cartas que
lhe escreve da vida e obra da Beata Alexandrina.
Padre José Granja
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga.
Estes artigos podem ser
igualmente consultados no site:
http://mariano.pinho.free.fr/ |