SITE DOS AMIGOS DA ALEXANDRINA - SITE DES AMIS D'ALEXANDRINA - ALEXNDRINA'S FRIENDS WEBSITE

     

PÁGINAS DE POLÉMICA

Padre Gabriel Amorth

1-A existência do demónio

Antes de mais, é necessário enquadrar o problema da existência do demónio, posta em dúvida por bom número de teólogos racionalistas, que desejam interpretar Satanás unicamente como um mito ou um símbolo do mal em geral. A estes sábios, nós lembramos o que ensina o Catecismo de Igreja Católica: “quando no fim do ‘Pai N osso’ nós dizemos ‘mas livra-nos do mal’, neste pedido, o Mal não é uma abstracção, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O ‘diabo’” (CIC, n° 2851)

O Papa Paulo VI disse, referindo-se ao diabo: “Satanás é um agente perverso e de perversão... não é só um demónio, mas uma terrível pluralidade”. Portanto Satanás é uma pessoa, e mesmo uma pluralidade de pessoas: nele estão incluídos todos os anjos que, tendo recusado obedecer a Deus, se tornaram demónios, quer dizer rebeldes e malditos. Apoiando-nos sobre esta doutrina da Igreja, é oportuno procurar na Bíblia algumas passagens de onde emerge que a existência de Satanás está claramente revelada na Escritura; por outro lado, pode compreender-se que falar do demónio significa falar indirectamente de Cristo, visto que a Bíblia afirma que Jesus é o Salvador, vindo para nos libertar do poder do Maligno. “Satanás é livre, inteligente e dotado de espírito de iniciativa”.

2-A acção do diabo

A sua actividade principal, que nós podemos definir como principal, consiste em tentar o homem para o mal, procurando que ele se afaste de Deus. Eis porque não basta simplesmente “crer em Deus” — o que é o próprio de 90% dos nossos contemporâneos — mas é necessário fazer a vontade de Deus. “Durante os meus 45 000 exorcismos — conta ironicamente o Padre Gabriel Amorth — eu nunca encontrei um diabo que não acreditasse em Deus. Acreditar de nada serve; é melhor fazer o que Jesus nos ensinou” (Cf. Jc 2, 14-20; Mt 7, 21).

Todos nós somos submetidos a esta acção do demónio, e isto durante toda a nossa vida, como aconteceu com Jesus e Maria; eis porque é necessário velar, de fugir das ocasiões de pecar e sobretudo de rezar, porque sós, acabaríamos por perder na luta contra Satanás; mas se pelo contrário nos unirmos a Jesus pela oração, seremos vencedores.

Existe também uma actividade extraordinária do demónio, que consiste no seu poder de ocasionar tribulações particulares, excepcionais; isso acontece muitas vezes por nossa própria culpa, mas outras vezes por causa de outros. Nós podemos classificar estes males em quatro categorias, se bem que não exista uma linguagem comum a todos os exorcistas para descrever os fenómenos demoníacos.

A possessão

O diabo entra no corpo humano e manifesta-se por gestos e palavras. Neste caso, que fique bem esclarecido, Satanás não pode tornar-se mestre da alma.

A vexação

O demónio atinge uma pessoa por meio de sofrimentos e de malefícios, agindo no plano da saúde, das afeições ou/e do trabalho. É um caso muito difícil de discernir porque muitas vezes estes males provêm de Satanás mas de uma maneira indirecta, não evidente, parecendo até provocados por fenómenos naturais. Portanto, as pessoas atingidas, muitas vezes incompreendidas pelos sacerdotes e pelos Bispos pouco instruídos sobre estes factos, dirigem então as suas buscas para os magos; os problemas complicam-se então ulteriormente porque toda a magia tira a sua eficácia do reino das trevas.

É uma ilusão insensata de pensar que a magia chamada “branca”, aquela que parece ter uma finalidade de bem, possa utilizar o poder do Maligno para se tornar benéfica e eliminar o mal. A magia é sempre negra, sempre maléfica, mesmo quando ela é apresentada como “boa”.

A obsessão

Trata-se de perturbações que atingem o homem, que modificam a sua serenidade, o seu equilíbrio psíquico-emotivo. Satanás ataca causando perturbações, angústias e tormentos íntimos.

A infestação

São aqueles malefícios que atacam igualmente as coisas e os animais. O Catecismo da Igreja Católica afirma que se podem também fazer exorcismos às coisas (CIC n° 1672), e, de facto, acontece algumas vezes ter de se exorcizar as casas e os lugares.

Todos estes males particulares — que todavia nunca têm poder sobre a alma — se recebem por quatro motivos:

1-Por livre iniciativa do demónio

Deus, em virtude da liberdade concedida a cada criatura, tolera que Satanás opere o mal, mesmo se o mal não é a vontade do Senhor. A sua não intervenção imediata não representa no entanto uma permissão de Deus para o mal. Os motivos desta vontade divina, nós desconhecemo-la em parte; no entanto nós sabemos que o Todo Poderoso tem o poder de transformar o mal em bem.

Numerosos santos foram atingidos por possessões, vexações, obsessões, e santificaram-se através destas provas: Padre Pio, o cura de Ars, Santa Gema [Galgani]... Não esqueçamos o valor da cruz. Os males satânicos, oferecidos a Deus como sacrifício, têm um enorme poder de redenção.

2-Pela frequentação de lugares perigosos

Magos, cartomantes, grupos satânicos, sessões de espiritismo.

3-Pela persistência no pecado grave

Com o tempo “endurece-se” no pecado e o mal enterra cada vez mais as suas raízes em nós.

4-Pelos malefícios

É a causa mais comum, que diz respeito a 90% dos casos e não depende daquele que é atingido pelo mal. “Malefício” significa um mal feito com a ajuda do demónio. Quem pode fazê-lo? Nem todos podem fazê-lo, mas só os magos realmente em contacto com o diabo. São conhecidas diversas formas de malefícios: feitiço, encadeamento, mau olhado... São culpados destes males aquele que ordena os malefícios e aquele que os faz.

3-A autoridade que Cristo conferiu à Igreja
para que ela possa expulsar Satanás

Jesus deu este poder, primeiramente aos Doze, depois aos 72; e por fim, a todos os crentes: Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios” (Mc 16, 17).

Portanto, actualmente, o exorcismo só pode ser praticado por um sacerdote autorizado pelo seu próprio Bispo, e com a autorização do Bispo local.

Todavia, cada fiel pode recitar orações de libertação, para ele próprio e para os outros, sem que seja necessária uma autorização do Bispo, o qual pode, maximamente, proibir a forma pública ou o lugar onde estas implorações são feitas.

A finalidade destas orações é a mesmo que aqueles do exorcismo, quer dizer, repelir Satanás; mas enquanto que o exorcismo é uma oração oficial e pública feita no nome da Igreja — por isso mesmo ela é intrinsecamente mais eficaz — a oração de libertação continua sendo uma oração privada que, em alguns casos pode dar grandes resultados.

Sabe-se que no tempo de Santa Catarina [de Sena], acontecia que casos difíceis de possessão lhe fossem apresentados; Catarina, que não era sacerdote, mas que era Santa, conseguia libertá-los. O mesmo aconteceu com S. Francisco, S. Leopoldo Mandic e muitos outros Santos que, mesmo não sendo exorcistas, libertaram numerosos possessos. Em regra geral, o poder de repelir os demónios depende da fé e da oração.

Gabriel Amorth,
sacerdote, exorcista

 

 

Para qualquer sugestão ou pedido de informações, pressione aqui :