Frei
Arnould, no mundo Júlio Nicolau Rèche, nasceu em Landorf, no
departamento francês da Mosela, em 2 de Setembro de 1838.
Foi
um dos nove filhos de uma família cristã e fervorosa daquela região
francesa, perto das fronteiras com o Luxemburgo e a Alemanha.
Quando
tinha 21 anos, participou, para ganhar o pão de cada dia, na
construção de uma igreja dedicada a Nossa Senhora, na cidade de
Charleville, nas Ardenas francesas. Foi durante esse tempo que ele
conheceu os Irmãos das Escolas Cristãs e começou a admirá-los e a
seguir as suas lições. Desde então manifestou o desejo de ingressar
nesta Congregação.
Efectivamente, os trabalhos de construção terminados, ele ingressou
na casa que a Congregação possuía em Thionville, tinha ele então 24
anos. Em 23 de Dezembro de 1862 vestiu o hábito e tomou o nome de
Frei Arnould (Arnaldo).
Mais
tarde foi enviado para a casa-mãe, em Reims, primeiramente como
estudante e depois como professor, onde permaneceu até à sua morte.
Em
1877, quando apenas tinha 39 anos, foi nomeado Director do Noviciado
de Reims.
Vivia
de maneira austera, privando-se muitas vezes das coisas essenciais e
fazendo duras penitências.
Na
manhã do dia 23 de Outubro, sofreu uma congestão cerebral, mas mesmo
assim, conseguiu arrastar-se até à capela, onde dirigiu uma
fervorosa oração ao seu Amado Senhor ali presente no Santíssimo
Sacramento.
Foi em
seguida conduzido à sua cela onde algumas horas depois entregou a
Deus a sua bela alma. Contava então 52 anos.
Foi
enterrado na campa da Congregação, no Cemitério do Norte em Reims,
onde a sua campa é continuamente florida e ornada de ex-votos que
agradecem graças recebidas pela sua intercessão junto de Deus.
Todos
aqueles que conheceram Frei Arnaldo: sacerdotes ou religiosos,
começaram a venerá-lo como Santo desde a sua morte.
Esta
reputação de santidade persistiu até agora. Numerosas são as pessoas
que testemunham terem recebido dádivas divinas, graças à interseção
do “santo” religioso.
Em
1938, o Cardeal Suhard, arcebispo de Reims, constituiu um tribunal
eclesiástico para preparar a causa de beatificação e canonização de
Júlio Nicolau Rèche, aliàs Frei Arnaldo.
No dia
1º de Novembro de 1987, o Papa João Paulo II beatificou-o
solenemente na Praça de São Pedro em Roma.
« Os santos formam-se, não por
meio de obras extraordinárias, mas pela sua fidelidade a bem fazer o
que Deus quer »,
gostava de lembrar Frei Arnaldo aos seus dirigidos.
Pequena história
vivida:
« Uma noite — conta o
responsável pela antiga necrópole de Reims — alguém tocou à minha
porta: deviam ser então 20 horas — devo dizer que habitava na casa
que está à entrada do cemitério. — Quando abri a porta a pessoa que
tocara disse-me: “Caro Senhor, tenho que ir absolutamente orar à
campa de Frei Arnaldo”. “Mas, minha senhora, disse eu, já lá vão
duas horas que fechei o cemitério... porque não veio durante as
horas de abertura? Eu não posso deixá-la entrar a esta hora...”
“ —Caro senhor, seja simpático... eu não pude vir antes, porque
estava ausente de Reims... e eu prometi a Frei Arnaldo que viria
hoje e, não quero faltar à minha promessa... hoje é o dia
aniversário da sua morte... por favor, deixe-me ir recolher-me um
instante sobre a sua campa... apenas uns curtos minutos... eu não
posso deixar passar este dia sem o visitar: ele tem feito tanto por
mim... por favor!”
Olhei para a senhora que parecia verdadeiramente sincera e
disse-lhe:
Mas,
minha senhora, se na Câmara acabam por saber que eu a deixei entrar
a esta hora, vou receber uma dura advertência, ou até mesmo uma
severa repreensão; já pensou nisso?
Cheia de confiança, e compreendendo que eu ia ceder, ela disse-me
então: “— Caro senhor, ninguém o saberá, salvo nós os dois e, estou
persuadida que Frei Arnaldo o protegerá... Então, posso entrar?”
Vencido pela insistência da senhora, deixei-a ir até à sepultura do
Beato Arnaldo… e ninguém mais do que nós os dois soube do sucedido.
Frei Arnaldo soube guardar o segredo, ele também... Continua sendo
para mim uma recordação desse tempo em que tive a honra de ser o
guardião de um Santo.
Afonso
Rocha |