Francisco Pacheco (1565-1626) foi superior provincial e um das mais
experientes missionários jesuítas no Japão, a sua prisão foi uma
perda grave para a comunidade cristã, lutando para sobreviver à
grande
perseguição.
Ele voltou para o Japão um ano depois de ter sido banido com outros
missionários estrangeiros em 1614 e conseguiu manter muitas pessoas
na sua fé. Quando ele foi traído por alguém que lhe dera abrigo,
dois outros jesuítas e duas catequistas foram presos com ele.
Pacheco
nasceu em Portugal,
em Ponte de Lima em 1565
e sonhava imitar os missionários no Japão, de cujas façanhas, ele
ouvira falar durante toda a sua juventude. Ele assistia regularmente
à partida dos missionários jesuítas que partiam do Colégio dos
Jesuítas, em Lisboa, onde ele estudava. Entrou na Companhia de Jesus
em Dezembro de 1585 e estabeleceu-se em Goa, Índia em 1592. Ali
continuou os seus estudos terminando-os depois em Macau, onde foi
ordenado. Depois de ensinar teologia em Macau, ele foi finalmente
para o Japão em 1604. Durante os primeiros quatro anos, ele
trabalhou em Osaka e Miyako, que era a capital e agora é Quioto. Ele
teve de regressar a Macau em 1608 para ali dirigir o colégio dos
jesuítas, mas foi-lhe possível retornar ao Japão, quatro anos depois
sendo então nomeado vigário geral do Bispo Luís de Cerquiera,
posição que manteve até que ele foi expulso em 1614.
O
missionário voltou secretamente, em Junho de 1615, disfarçado como
um mercador, e trabalhou em Takaku e nas ilhas de Amakusa e Kani.
Muitas pessoas desistiram da fé cristã, sob a pressão da perseguição
feroz, mas centenas deram as suas vidas por não quererem perder a
sua religião. Pacheco tornou-se administrador apostólico da diocese,
quando o bispo morreu e, em seguida, foi nomeado superior provincial
dos jesuítas em 1621. Mudou-se para o porto de Kuchinotsu em Arima,
assim ele poderia mais facilmente viajar para visitar os jesuítas.
A
pressão para a captura dos missionários jesuítas intensificou-se em
1625 quando o Shogun Iyemitsu aumentou o número de espiões. No
entanto, um ex-amigo e não um espião facilitou a sua captura. Um
apóstata cristão revelou a sua localização ao governador do distrito
que enviou 200 soldados em 18 Dezembro de 1625, para cercar a casa
onde estava hospedado Pacheco. Com ele encontraram dois catequistas,
Paul e Peter Xinsuke Rinscei, ao lado do irmão Gaspar Sadamatsu e
outro catequista Joannes Kisaku também foram presos, juntamente com
as famílias que os hospedavam. O grupo inteiro foi levado para
Shimabara e colocado num calabouço frio e húmido. O Bispo João
Baptista Zola e a sua catequista, Vicente Caun, juntaram-se a outros
presos na cadeia alguns dias depois. Todos foram queimados vivos em
Nagasaqui em 1626.
Numa
das suas últimas cartas escrevia: “Estamos todos já muito
cansados e cortados, dos trabalhos desta perseguição; porém, as
esperanças de nos caber alguma boa sorte de martírio nos animam e
fazem continuar e fazer da fraqueza forças, esperando nessa hora em
que nos caiba a ditosa sorte”. |