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Os pequeninos privilegiados do Pai
Eu te bendigo, ó Pai, porque escondeste
estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelastes aos
pequeninos. Com estas palavras, Jesus louva os desígnios do
Pai celeste: Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do
Teu agrado. Quiseste abrir o Reino aos pequeninos. Por
desígnio divino, veio do céu a esta terra, à procura dos
pequeninos privilegiados do Pai, uma mulher revestida com o
Sol. Fala-lhes com voz e coração de Mãe: convida-os a
oferecerem-se como vítimas de reparação, oferecendo-se ela
para os conduzir, seguros, até Deus. Foi então que das suas
mãos maternais saiu uma luz que os penetrou intimamente,
sentindo-se imersos em Deus como quando uma pessoa –
explicam eles – se contempla num espelho. Mais tarde,
Francisco, um dos três privilegiados, exclamava: nós
estávamos a arder naquela luz que é Deus e não nos
queimávamos. Como é Deus? Não se pode dizer. Isto sim que a
gente não pode dizer. Deus: uma luz que arde mas não queima.
A mesma sensação teve Moisés quando viu Deus na sarça
ardente.
Ao beato Francisco, o que mais o
impressionava e absorvia era Deus naquela luz imensa que
penetrara no íntimo dos três. Na sua vida, dá-se uma
transformação que poderíamos chamar radical; uma
transformação certamente não comum em crianças da sua idade.
Entrega-se a uma vida espiritual intensa que se traduz em
oração assídua e fervorosa, chegando a uma verdadeira forma
de união mística com o Senhor. Isto mesmo leva-o a uma
progressiva purificação do espírito através da renúncia aos
seus gostos e até às brincadeiras inocentes de criança.
Suportou os grandes sofrimentos da doença que o levou à
morte, sem nunca se lamentar. Grande era no pequeno
Francisco, o desejo de reparar as ofensas dos pecadores,
esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração.
E Jacinta sua irmã, quase dois anos mais nova que ele, vivia
animada pelos mesmos sentimentos.
Na sua solicitude materna, a Santíssima
Virgem veio a Fátima, pedir aos homens para não ofenderem
mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido. Dizia
aos pastorinhos: Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios
pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não
haver que se sacrifique e peça por elas.
A pequena Jacinta sentiu e viveu como
própria esta aflição de Nossa Senhora, oferecendo-se
heroicamente como vítima pelos pecadores. Um dia – já ela e
Francisco tinham contraído a doença que os obrigava a
estarem de cama – a Virgem Maria veio visitá-los a casa,
como conta a pequenita: Nossa Senhora veio-nos ver e diz que
vem buscar o Francisco muito em breve para o céu. E a mim
perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores.
Disse-lhe que sim. E, ao aproximar-se o momento da partida
do Francisco, Jacinta recomenda-lhe: Dá muitas saudades
minhas a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e diz-lhes que sofro
tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores.
Jacinta ficara tão impressionada com a visão do inferno,
durante a aparição de treze de Julho, que nenhumas
mortificação e penitência era demais para salvar os
pecadores.
Da Homilia de João Paulo II, papa
(Homilia da Missa da Beatificação de
Francisco e Jacinta Marto
no dia 13 de Maio 2000, em Fátima) (Sec. XX) |