No dia 4 de
Dezembro de 1943, Alexandrina dita para o seu Diário o colóquio que segue.
Porque é o Primeiro sábado do mês, Jesus vem acompanhado por Maria, sua Mãe
bendita.
Alexandrina vive
então uma experiência mística pouco frequente : vive as penas do Purgatório,
“reparando os crimes de milhões e milhões de pecadores”.
Jesus afirma-lhe
nunca ter dado a outra alma sofrimentos tão grandes... por isso o seu “tormento
é inigualável”.
* * * * *
— « “O teu
coração, minha filha, é o palácio real da realeza divina, é o trono mais belo e
encantador que eu encontrei na terra. É um foco atra-ente que atrai para mim os
pecado-res. É um fogo ateador que ateia os corações e as almas sequiosas do meu
amor. Quisera eu que o mundo bem depressa conhecera a consolação que dás ao meu
divino Coração e ao da minha bendita Mãe. Consolas-nos ; dás-nos a maior das
alegrias. Amas-nos com o amor mais puro e perfeito. Reparas os crimes de milhões
e mi-lhões de pecadores. Como és encanta-dora aos olhos da Santíssima Trin-dade ! Ó
bela, ó bela, ó amor do amor divino ! Olha, minha filha, os homens não se
apressam a dar o brilho que Eu desejo à minha Causa, mas Eu es-tou contigo. O seu
desleixo será puni-do, a recompensa será o castigo. Diz, minha filha, diz, minha
esposa queri-da, diz ao teu Paizinho : o meu divino amor nele está cada vez mais.
Amo-o, amo-o verdadeiramente. Dou-lhe a graça de atrair para mim as almas,
dou-lhe a graça de as incendiar no meu divino Amor. Diz-lhe que é com dor, que é
com mágoa que Eu afirmo : os meus castigos vão continuar sobre a Companhia. Tem
lá tantas almas que me desgostam, tantas que não são perfeitas como quer e exige
o meu divino Coração. Não têm a minha caridade, escandalizam as almas. Se eles
olhassem para as minhas ameaças, se atendessem aos meus pedidos, não teriam sido
tão castigados. Eu velo, eu velo pelos que são meus. Eu velo pelos que me amam.
Diz, minha filha, diz ao teu médico que a fidelidade dele às minhas graças, a
fidelidade dele aos meus desejos é a minha alegria. Que seja firme, em cuidar da
minha causa. Coloquei-o ao teu lado para te amparar e defender, porque assim
defende-me a mim. Chovem graças, chovem bênçãos sobre ele e todos os seus, sobre
os queridos do seu coração. Tem coragem, meu encanto, não desanimes no teu
martírio, não desalentes no teu calvário; só assim os pecadores são salvos, só
assim o mundo recebe as graças desejadas. Vives no Purgatório, a barreira que te
separa. Fui eu que assim permiti. Agora já não estás no mundo, vives como se não
vivesses. O teu tormento é inigualável. Nunca o dei a nenhuma alma. Queres
consolar-me, minha filha ? Queres continuar nesta dor?”
― Tudo, meu Jesus,
tudo que vós quiserdes. O meu anseio é não viver sem vos dar consolação um
momento só, meu Jesus. Viver para vos consolar, viver para vos salvar as almas,
é a minha aspiração.
— “Coragem,
então, filhinha. Se soubesses quanto bem vai fazer às almas, quando souberes o
tormento que te foi dado ! O teu espírito morreu para o mundo, a tua vida é a
vida das almas no Purgatório, mas não estás a sofrer só por ti. Depressa,
depressa a dar a conhecer ao mundo quanto elas sofrem ; depressa, depressa é às
almas minhas amadas a libertá-las. Recebe o amor, todo o amor do teu Jesus, as
carícias celestes”.
― Ó Mãezinha, muito
obrigada. Ó Mãezinha, abençoai, beijai e orai por mim a Jesus . »
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