O Diário da Alexandrina de 5 de Janeiro de 1952 – Primeiro
sábado do mês ― dá-nos numerosas indicações e
instruções.

Jesus
dirigindo-se à sua esposa amada, faz-lhe algumas revelações importantes sobre a
vida espiritual, sobre o mundo das almas e particularmente das almas vítimas e
seguidamente alguns pedidos, não só de oração especial e urgente diante dos
sacrários abandonados, mas também uma mensagem para o seu Director espiritual, o
qual deve aceitar tudo quanto o Senhor permite, para o aperfeiçoamento da sua
própria alma.
“É por ti, é à
luz deste fogo que deixaste atear que muitas almas guiadas por esta estrela por
Mim escolhida, levadas pelo teu exemplo se transformarão em almas ardentes,
verdadeiramente eucarísticas.”
“É por ti”,
afirma Jesus, é por intermédio da Beata Alexandrina e, graças “à luz do fogo que
ela deixou atear” na sua alma cândida e pura, “que muitas almas”, depois de
conhecerem a vida e os escritos dela, serão “guiadas pela estrela escolhida por
Jesus”, e sentirão o desejo sincero e irresistível de seguir o seu exemplo e se
“transformarão em almas ardentes, verdadeiramente eucarísticas”.
Jesus afirma
mais : “Tu serás para o mundo o que outrora fui Eu e continuo a ser”. Jesus foi
e continua a ser o nosso único Redentor e a Beata Alexandrina, colaborando nessa
mesma redenção tornou-se nossa redentora, nossa intercessora, nossa
intermediário junto do Trono divino, porque vítima, como a Vítima do Calvário,
Jesus.
A Eucaristia é o
centro de toda a vida espiritual ; sem Eucaristia não pode haver verdadeira
vida, porque sem a Eucaristia a alma deixa de ter alimento e, sem alimento
morre.
De igual modo, o
mundo precisa de vítimas, vítimas que seguindo o exemplo da grande Vítima do
Gólgota, se deixem crucificar generosamente, colaborando assim estreitamente com
Ele e “completando nos seus corpos frágeis corpos o que faltou à Paixão de Cristo”. Eis
porque este grito do Senhor deverá ecoar continuamente aos nossos ouvidos : “Ai
do mundo sem a Eucaristia ! Ai do mundo sem as Minhas vítimas, sem hóstias
comigo continuamente imoladas !”
* * * * *
« Já hoje são oito
e eu sem nada poder dizer do que se passou no primeiro sábado. Vou ver se alguma
coisa consigo ; Jesus e a Mãezinha me ajudem e aceitem o meu grande sacrifício.
Pedi, na noite de Natal, quando nasceu o Jesus Menino, e pedi-lhe na passagem do
ano velho para o ano novo, que fizesse que eu nascesse também para a graça, para
a pureza, para o amor ; que me desse a Sua caridade, a Sua humildade e doçura
com todas as virtudes do Seu Divino Coração. Pedi-lhe, pedi-lhe muito e só no
primeiro sábado é que conheci que nasceram no meu coração muitas ânsias de amor,
de perfeição e de toda pertencer a Jesus. Foi só nestas ânsias consumidoras que
eu me preparei, nesta dita manhã, para O receber. Após algum tempo de Jesus
entrar no meu pobre e indigno coração, ouvi-o a dizer-me :
— Minha filha,
Minha filha, luz e estrela eucarística : tu serás para o mundo o que outrora fui
Eu e continuo a ser. Fui Redentor, morri para me dar Céu às almas, fiz-me o
alimento das mesmas. Criei-te para de tal forma te assemelhar a Mim, escolhi-te
para vítima, para continuares a Minha obra redentora. Pus no teu coração o amor,
a loucura pela Eucaristia. É por ti, é à luz deste fogo que deixaste atear que
muitas almas guiadas por esta estrela por Mim escolhida, levadas pelo teu
exemplo se transformarão em almas ardentes, verdadeiramente eucarísticas.
Ai do mundo sem
a Eucaristia ! Ai do mundo sem as Minhas vítimas, sem hóstias comigo
continuamente imoladas !
Eu quero, Minha
filha, diz que Eu quero um mundo novo, um mundo de pureza, um mundo todo
eucarístico.
Diz ao teu
Paizinho que sou todo amor para ele, que o fiz hóstia para com ele muitas almas
serem hóstias. Diz-lhe que ele não poderá, nem saberá viver sem sofrimentos. É
da dor que nascem as almas eucarísticas, hóstias só por amor imoladas. Diz-lhe
que há um ano lhe disse que o sol brilhava e hoje lhe digo que brilha ainda
mais. Quase todos os obstáculos estão removidos para o triunfo da causa do
Senhor e para a realização das Suas promessas.
Diz ao teu
médico um muito o brigado de Jesus pela sua firmeza e defesa da Sua causa
divina. Diz-lhe que dia a dia exalto os humilhados e humilho os exaltados.
Diz-lhe que Jesus triunfa e a vitória está próxima. Dá-lhe a chuva das Minhas
graças com todo o incêndio do Meu divino amor por ele e para os que são seus.
Vem, Minha
bendita Mãe, mostra a Tua dor, ânsias e sofrimentos iguais aos meus.
Veio a Mãezinha das
Dores; vinha tristíssima, cobria-a manto roxo. O Seu Santíssimo Coração estava
cercado de espinhos, setas e vazado dum lado ao outro por fortes punhais;
escorri-a sangue. Apesar de estar a sofrer tanto, tomou-me para o Seu regaço,
abraçou-me e colocou o meu coração de encontro ao dela e disse-me :
— Minha filha,
aceita para o teu coração todos estes sofrimentos. Não te peço licença, vou
fazendo que eles passem.
Eu quero que
estes espinhos e punhais te levem o Meu sangue para o teu coração, como Jesus to
dá gota por gota pelo tubo dourado. Aceita, é sangue virginal : aceita-o para o
ficares sempre a sentir. É sangue da Minha dor e da de Jesus: sofremos os dois
em uníssono. Sofre a mesma dor, sofre connosco também. Repara a Jesus na
Eucaristia, repara-o por tantos e tão horrendos sacrilégios. Faz com a tua dor
almas comungantes, puras e abrasadas.
Obrigada, Minha
filha, obrigada pelo que tens sofrido, obrigada pelo que vais sofrer. O Meu
agradecimento dá exemplo às almas e prova quanto Jesus gosta que Lhe agradeçam
as graças e benefícios recebidos.
A Mãezinha falava e
Jesus mantinha-se de pé a Seu lado. O Seu Santíssimo Coração ficou livre de
todos os instrumentos que o feriam ; passaram-se por si para o meu coração.
Vinham todos ensanguentados.
Ai, meu Deus, só os
Anjos ou os santos saberiam dizer quanto isto me custou e continua a custar !
Sinto o meu coração todo ferido, todo em sangue e parte dele é de Jesus, é da
Mãezinha. E parece que não posso consentir que este sangue divino se una ao meu;
não sou digna.
Ai, como eu sofro !
Ai, como eu sofro !
Em seguida Jesus
aproximou-se mais e fazendo passar sobre mim uma aragem de fogo, mostrando-me
assim o que logo de princípio me mostrou, quando me falava do Paizinho e do
médico fazendo-me sentir que era amor, tudo amor, só amor, disse-me coma
Mãezinha, falavam os dois ao mesmo tempo.
— Dá aos que
amas, aos que ocupam o primeiro lugar no teu coração este amor também. Também
Nós os amamos e ocupam nosso nossos Corações os primeiros lugares. Dá-lhes o
Nosso amor, diz-lhes o Nosso obrigado a todos os que amas, a todos os que te
rodeiam e são teus e amparam e defendem a Minha divina causa. Distribui,
enche-os de Nós, enche o mundo inteiro ; pede e sofre por ele.
— Ó Jesus, ó
Mãezinha, estou pronta a sofrer, estou pronta a pedir-vos muitas, muitas graças.
Lembrai-vos, atendei ao que Vos peço.
Nomeei-as, e uma a
uma foi-me dada esta resposta :
— Que confiem
plenamente em Mim e que sejam fiéis às Minhas graças. Eu porei nos seus caminhos
a protecção do Céu. E assim se cumpre a Minha divina vontade, porque muito os
amo e quero que se aproximem de Mim.
— Obrigada, Jesus ;
obrigada, Mãezinha. »
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