Félix Porro
nasceu na pequena província agrícola de Cantalício, Rieti, Itália, em 1515.
Filho de uma família
muito modesta de camponeses, teve de trabalhar desde a
tenra idade, não podendo estudar. Na adolescência, transferiu-se para Cittaducale, para trabalhar como pastor e lavrador numa rica propriedade.
Alimentava sua vocação à austeridade de vida, solidariedade ao próximo, lendo a
vida dos Padres, o Evangelho e praticando a oração contemplativa, associada à
penitência constante e à caridade cristã.
Aos trinta anos
de idade entrou para os capuchinhos. E, em 1545, depois de completar um ano de
noviciado, emitiu a profissão dos votos religiosos no pequeno convento de Monte
São João. Ele pertenceu à primeira geração dos capuchinhos. Os primeiros anos de
vida religiosa passou entre os conventos de Monte São João, Tívoli e Palanzana
de Viterbo, para depois, no final de 1547, se transferir, definitivamente, para
o convento de São Boaventura, em Roma, sede principal da Ordem, onde viveu mais
quarenta anos, sendo chamado de frei Félix de Cantalício.
Nesse período,
trajando um hábito velho e roto, trazendo sempre nas mãos um rosário e nas
costas um grande saco, que fazia pender seu corpo cansado, ele saía, para
esmolar ajuda para o convento, pelas ruas da cidade eterna. Todas as pessoas,
adultos, velhos ou crianças, pobres ou ricos, o veneravam, tamanha era sua
bondade e santidade. A todos e a tudo agradecia sempre com a mesma frase: "Deo
Gracias", ou seja, Graças a Deus. Mendigou antes o pão e depois, até à morte,
vinho e óleo para os seus frades.
Quando já bem
velhinho foi abordado por um cardeal que lhe perguntou por que não pedia aos
seus superiores um merecido descanso, frei Félix foi categórico na resposta: "O
soldado morre com as armas na mão e o burro com o peso do fardo. Não permita
Deus que eu dê repouso ao meu corpo, que outro fim não tem senão sofrer e
trabalhar".
Em vida, foram
muitos os prodígios, curas e profecias atribuídos a frei Félix, testemunhados
quase só pela população: os frades não julgavam oportuno difundi-los. Mas quando
ele morreu, ficaram atónitos com a imensa procissão de fiéis que desejavam se
despedir do amado frei, ao qual, juntamente com o papa Xisto V, proclamavam os
seus milagres e a sua santidade.
Ele vivenciou o
seguimento de Jesus descrito nas constituições da Ordem, na simplicidade do seu
carisma, nunca servilmente. Conviveu com muitos frades e religiosos ilustres,
sendo amigo pessoal de Felipe Néri, Carlos Borromeo, hoje também santos, e do
papa Xisto V, ao qual predisse o seu papado.
No dia 18 de maio
de 1587, aos setenta e dois anos, depois de oito anos de sofrimentos causados
por uma doença nos intestinos, e tendo uma visão da Santíssima Virgem, frei
Félix deu seu último suspiro e partiu para os braços do Pai Eterno. O papa
Clemente XI o canonizou em 1712. O corpo de são Félix de Cantalício repousa na
igreja da Imaculada Conceição, em Roma.
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