É o quinto Papa da Igreja Católica a receber, como seus
predecessores, a coroa do Martírio. Foi em Roma, numa época em que
as perseguições contra a Santa Igreja de Deus eram implacáveis.
Tempos muito aflitivos
para
os cristãos que pagavam com a própria vida sua recusa em abjurar a
fé.
Santo Evaristo era judeu-grego de nascimento. Seu pai chamava-se
Judas, originário de Belém, mas acabou fixando residência na Grécia.
Educou seu filho na doutrina e princípios judaicos. Evaristo
manifestou, desde a mais tenra infância, boas disposições pela
virtude e pelas letras, facto que seu pai observou e cuidou de
cultivar com dedicação. Assim foi progredindo Evaristo nas ciências,
de forma que tornou-se pessoa de excelentes talentos, dentro dos
seus puros e inocentes costumes.
Não se sabe as circunstâncias e a época em que se converteu ao
cristianismo e nem a época precisa em que foi para Roma, mas passou
a ser conhecido como um membro do clero que se destacou rapidamente
em santidade, reconhecida por toda a Roma. Era um presbítero
conhecido por acender o fervor e devoção no coração dos seus fiéis,
pelos seus exemplos de virtude e caridade cristã.
Sucedeu a São Clemente no trono pontifício. Apesar de resistir em
assumir o cargo, após declarar publicamente sua indignidade, acabou
sendo aclamado pelo clero e pelo povo como merecedor de tão nobre
missão. A unanimidade de opiniões, portanto, fez com que fosse
consagrado Papa no ano de 101.
Logo que assumiu a cadeira de São Pedro, aplicou todo o seu desvelo
para remediar as necessidades da Santa Igreja, perseguida por toda a
parte, num calamitoso tempo em que a chama da heresia tentava
debelar-se em território sagrado. O espírito das trevas valia-se de
todos os artifícios para derramar o veneno de seus erros,
particularmente, entre os fiéis de Roma.
Porém, como o Divino Mestre tinha empenhado sua palavra, de que as
portas do inferno jamais prevaleceriam contra Sua Igreja, dispôs, em
sua amorosa providência, que ocupasse Santo Evaristo a cátedra da
verdade, a fim de deter a inundação de iniquidade e para dissipar
esta multidão de inimigos.
Com efeito, tão bem cuidou do aprisco que o Senhor lhe havia
confiado, que todos os fiéis de Roma, conservaram sempre a pureza da
fé. Ainda que a maior parte dos heresiarcas tenham concorrido para
perverter a capital, o zelo, as instruções e a solicitude pastoral
do Santo Padre foram preservativos tão eficazes, que o veneno do
erro jamais pôde seduzir o coração de um só fiel sequer.
Além da luta contra a heresia, empenhou-se também no aperfeiçoamento
da disciplina eclesiástica, por meio de prudentíssimas regras e
decretos. Foi por sua determinação que Roma foi dividida em
paróquias. Essas paróquias, confiadas a diversos presbíteros, não
eram na época igrejas públicas, mas oratórios de casas particulares,
onde se congregavam os cristãos para ouvir a Palavra de Deus e para
assistir à celebração dos divinos mistérios. Nas portas destes
oratórios, eram afixadas cruzes para que fossem diferenciados dos
locais profanos públicos, que eram distinguidos por estátuas de
imperadores. Também, por decreto, definiu que o matrimónio fosse
celebrado publicamente pelo sacerdote.
Seu infatigável zêlo, fazia com que visitasse as paróquias
pessoalmente, sempre preocupado com a conservação de seu rebanho na
pureza da fé. Laboriosamente cuidava da causa das crianças e dos
escravos, com solicitude e empenho.
Ainda que o imperador Trajano fosse um dos melhores príncipes dos
gentios, quer por sua paciência como por sua moderação, nem por isto
receberam os cristãos melhor tratamento. Apesar de não ter firmado
novo édito contra a Santa Religião, nutria mortal aversão aos
cristãos, não porque os conhecesse, senão pelos horrorosos retratos
que cortesãos idólatras e sacerdotes de ídolos, pintavam na mente do
imperador. E bastava esta aversão para excitar contra os cristãos, o
povo e os magistrados.
O trabalho apostólico de Santo Evaristo continuava com vigor, de
forma que o número de fiéis crescia palpavelmente, para insatisfação
dos inimigos de Cristo. A vinha do Senhor era regada com o sangue
dos Mártires, ostentando-se cada vez mais florida e fecunda. Os
pagãos concluíram que essa fecundidade era efeito do zelo
ardentíssimo do Santo Pontífice. Após arquitectarem diversas
artimanhas, para pôr termo ao crescimento da religião de Cristo,
decidiram que o meio mais eficaz para dispersar o rebanho, seria
ferir o pastor. E assim foi feito! Fecharam-no com cadeias e
conduziram-no ao cárcere para ser julgado. Conduzido ao tribunal,
demonstrou tanta alegria ao receber sentença de morte por amor a
Jesus Cristo, que os magistrados quedaram atónitos, não conseguindo
compreender como cabia tanto valor e tanta constância em um pobre
velho, acabrunhado pelo peso dos anos. Enfim, foi condenado à morte
como o cabeça dos cristãos, no dia 26 de outubro do ano 107,
recebendo a honra de ser mais um mártir da Igreja Universal
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