Jesus Sacramento conquistou o coração
da Alexandrina, a partir da sua primeira Comunhão, realizada aos sete anos, em
1911, na Igreja paroquial da Póvoa de Varzim.
Eis como ela a descreve :
"Quando
comunguei, estava de joelhos; apesar de pequenina, fitei a sagrada Hóstia que ia
receber, de tal maneira, que me ficou gravada na alma, parecendo me unir a
Jesus, para nunca mais me separar d'Ele. Parece que me prendeu o coração. A
alegria que eu sentia era inexplicável. A todos dava a boa nova. A encarregada
da minha educação levava-me a comungar, todos os dias".
A Eucaristia foi para Alexandrina o
que é a luz para a borboleta: atracção irresistível, abrasamento.
E como poderia ser de outro modo, se
Jesus era toda a sua paixão, e o Tabernáculo é o lugar onde Ele reside?
Mas há ainda outra razão a
sobrepor-se a esta: É que os Sacrários foram a missão que o Senhor lhe confiou.
A sua missão era adorar, amar, consolar e reparar o celeste Prisioneiro dos
Tabernáculos.
No dia 20 de Dezembro de 1934, Jesus
diz-lhe:
"A missão que te confiei, são os
Sacrários e os pecadores. Por ti serão salvos muitos, muitos pecadores, não por
teus merecimentos, mas por Mim que procuro todos os meios para os salvar. Anda
para os Meus Sacrários, vive lá, e dá-Me o teu coração para Eu o crucificar,
para Eu satisfazer os meus desígnios".
A 6-6-1935, dizia-lhe o Senhor:
"São as vítimas dos Sacrários que
hão-de sustentar o braço da Justiça Divina, para não arrasar o mundo, para não
virem maiores castigos".
A 27-9-1934, ela escreve ao Director:
"Nosso Senhor convida-me muito para
os Sacrário:
«Anda, Minha filha, entristecer-te
Comigo, participar da Minha Prisão de Amor e reparar tanto abandono e
esquecimento!»
"Disse-me também que não Lhe
recusasse nenhum sofrimento, nem sacrifícios pelos pecadores, que estava prestes
a cair a justiça de Deus sobre eles eternamente, e que eu ainda lhes podia
valer".
A Quinta-feira era o seu dia
predilecto pelo adorável Mistério nele instituído, como ela o comenta:
"Que belo dia a Quinta-feira! É o dia
em que o Senhor instituiu o Santíssimo Sacramento" (11-10-1934).
Muitas vezes ela dirá: "É
Quinta-feira; é o meu dia!" (20-12-1934).
Jesus diz-lhe:
«Hoje é o teu dia, o grande dia, a
tua paixão: dia do Meu Sacramento. Pede que Me procurem almas que Me amem no Meu
Sacramento de Amor, as quais te substituam à tua partida para o Céu»
(24-3-1938).

A Alexandrina, durante um êxtase,
assistiu à Instituição da Sagrada Eucaristia, que assim descreve:
«Que noite, que santa Noite! A
maior de todas as noites. A noite do maior Milagre, do maior Amor de Jesus!
O Seu divino Coração estava preso àqueles que Lhe eram tão queridos.
«Para poder partir, Jesus tinha
que ficar entre eles. Para subir ao Céu, tinha que ficar na Terra. Assim O
obrigava o Seu Amor Divino.
«Ó Sofrimento amado, quem te
compreenderá? Queria que todos compreendessem aquele Mistério de pão e vinho
transformados no Corpo e Sangue do Senhor. Que Milagre prodigioso! Que
abismo insondável de Amor! Apesar de me sentir mergulhada nele, não o
compreendia para o saber explicar. Só o soube sentir, e só no Céu o
compreenderei.
«Vi o doce Jesus a abençoar o Pão:
De olhos fitos no Céu, em chamas de fogo, orou por tanto tempo a Seu Eterno Pai!
Vi o Seu Rosto de tal forma inflamado, que mais parecia ter em Si a Vida do Céu,
do que ser uma semelhança nossa: Não parecia Homem, mas só Deus, Amor, só Amor!
«Naquele momento de amor e
maravilha sem igual, senti que o Mundo era outro. Jesus dava-Se a ele em
alimento; partia para o Céu e com ele ficava. Aquele Amor estendeu-se por toda a
Humanidade.
«Que cena tão tocante, que cena só
de Amor, só de um Deus! E a Eucaristia, meu Deus, que maravilha, quando
Jesus a instituiu!
«Nunca senti, tão ao vivo, as
Ternuras e o Amor de Jesus com os Seus Discípulos. Todos os Discípulos
comungaram das mãos de Jesus, abrasados em Amor.
«Hei-de dizer que Judas comungou
também. Ele estava mais afastado. Jesus estendeu a Sua divina Mão para o
lado dele com o Manjar Celeste. Judas ficou logo como um condenado do Inferno,
tal era o seu desespero.
«Só na sala da Ceia experimentei,
por alguns momentos, a grandeza do Amor de Jesus, grande como o Céu e a Terra,
grande como a mesma Grandeza de Deus! Como Ele amou; como Ele ama! Os Seus
Desejos são para que vivamos d'Ele e para Ele.
«Não sei como, eu era o alimento,
eu era a Hóstia. O meu coração era o cálice, era o vinho, era o pão. Dali em
diante, toda aquela cena seria renovada.
«Mas, oh que horror eu vi: Tantos
Judas a comerem e a beberem indignamente! Que línguas tão sujas! Mas maior
horror ainda: Mãos tão indignas a distribuírem este Pão e este Vinho! Mãos
indignas, corações cheios de demónios! Que horror, que horror de morte!
Senti tanta dor, que de dor e horror parecia-me rasgar a alma e despedaçar o
coração. Senti também a língua de Judas, língua que ardia de fogo infernal,
depois que comeu o Pão e bebeu o Vinho abençoados por Jesus. Judas, quase logo,
saiu com a saca do dinheiro, para O ir vender. Fugiu, desesperado, a vomitar
fora aquela Ceia Celeste que, por Jesus, lhe tinha sido dada. E continuou a sua
traição.
«Toda a assistência ficou em paz e
amor! Queria poder fazer sentir a todos os corações o que é o Amor de Jesus para
com as Almas que verdadeiramente O amam».
Jesus continua com as Suas queixas
contra a onda de pecados que se cometem contra Ele, não obstante o Seu imenso
Amor manifestado na Sua Paixão e na Eucaristia.
* * *
"EIS O MISTÉRIO DA FÉ!",
exclama o Sacerdote celebrante, depois da Consagração na Santa Missa.
De facto, a Eucaristia é um
verdadeiro Mistério de Fé.
Só pela Fé, só pela crença na palavra
do Senhor "ISTO É O MEU CORPO", podemos saber que Ele está realmente presente na
Hóstia Consagrada.
Pelo testemunho dos nossos sentidos,
nunca poderíamos suspeitar da Divina presença sobre o Altar.
Se é Mistério da Fé, não é menos
Mistério de Amor. É loucura do Amor Divino pelas Almas.
Ele é um abismo de humilhação e, ao
mesmo tempo, a última expressão do Amor Misericordioso de Jesus pelas Almas.
O Amor tem horror à ausência, à
separação. Se fosse possível, os amores puramente humanos nunca separar-se-iam.
Mas o que é impossível ao amor humano, é possível ao Amor Divino, que é um Amor
sem limitações, que é um Amor Omnipotente.
* * *
Jesus continua com as Suas queixas
contra a tremenda onda de pecados que se cometem contra Ele, não obstante o Seu
imenso Amor manifestado na Sua Paixão e na Eucaristia!...
A 15-2-1935, Jesus manda que o
Director da Alexandrina pregue isto:
«Eu não posso ser mais ofendido! A
profanação do Domingo, o suicídio e o assassínio, os pecados da gula e sobretudo
os da impureza, que horrendos crimes povoam o Inferno! Que se levantem (acabem)
os crimes que alastram no mundo, que, se não, dentro em pouco vai ser castigado!
Que ele pregue assim por amor d'Aquele Jesus Crucificado e por amor de Jesus
preso no Sacrário».
Não cessam as queixas do Senhor pela
maneira como é tratado no Santíssimo Sacramento, ao que Alexandrina procura
atender, escrevendo a 23-7-1938:
«Pertence-me esta Missão: Dar
almas a Jesus, viver alerta na Eucaristia, sempre alerta, alerta com Jesus, como
a borboleta para as chamas, como o pastor para o cordeiro».
A Eucaristia é a dupla chaga do
Coração do Senhor, chaga de Amor e chaga de Dor: a INGRATIDÃO!
A este respeito, é comovente a
linguagem de Jesus, a 8-11-1939:
«Queres consolar-Me? Queres
consolar o Santificador da tua alma? Vai aos Sacrários! Vai praticar Obras de
Misericórdia: Vai consolar os Tristes... Eu estou tão triste. Sou tão ofendido!»
E a 4-10-1934:
«Não tens compaixão de Mim? Estou
nos Meus Sacrários tão só, tão desprezado, abandonado e ofendido! Vai
consolar-Me e reparar-Me! Reparar tanto abandono! Visitar os encarcerados e
consolá-los é uma boa Obra... Eu estou encarcerado e prisioneiro por Amor. Sou o
Preso dos presos!»
E a 1-9-1934:
«São tantos, tantos os Sacrários,
em que sou deixado só e desprezado! Durante dias e dias, as almas não Me
visitam, não Me amam, não reparam... Quando lá vão, fazem-no por hábito, como
obrigação... Sabes que coisa nunca lá falta? Uma torrente de pecados e de
crimes! São os seus "actos de amor"... Assim Me "consolam"; assim Me "reparam";
é assim que Me "amam"!...»
* * *
Quanto magoa a Jesus Eucarístico o
pecado da descrença na Sua Presença real no Santíssimo Sacramento, para exclamar
a 8-11-1934:
«Não acreditam na Minha
Existência! Não acreditam que Eu ali habito! Blasfemam contra Mim! Outros crêem,
mas não Me amam e não Me visitam, vivendo como se Eu não estivesse presente! Faz
tuas as Minhas Prisões. Escolhi-te para Me fazeres companhia nesses pequenos
Refúgios. Muitos são tão pobrezinhos! Mas, dentro deles, que riqueza! Aí está a
Riqueza do Céu e da Terra!»
E a 8-11-1934:
«Eu estou (nos Sacrários
abandonados) como um pobre mendigo, sujo e maltratado! Procurem as Almas que Eu
esteja limpo e seja honrado!»
Jesus quer a Alexandrina apóstola da
Eucaristia. Assim lhe falava Ele a 1-11-1934:
«Faz com que Eu seja amado por
todos, no Meu Sacramento de Amor, o maior dos Sacramentos, o maior milagre da
Minha Sabedoria... Não te abandones ao sono. Vai passar um pouco de tempo Comigo
nos Sacrários».
E a 14-1-1935:
«A Eucaristia é a Paixão
recordada. Por isso, Minha esposa fiel, vai com o teu amor e com a tua reparação
curar-Me as feridas que Me são abertas pelos delitos. As dores são mais
horríveis que as do Calvário! Quantos cravos, quantas coroas de espinhos e
quantas lanças! Vai passar grande parte da noite nos Meus Tabernáculos, com o
teu coração. E assim mesmo estarás neles em todo o mundo».
E a 1-11-1934 diz-lhe:
«Minha filha, o sofrimento e a
cruz são as chaves do Céu. Tenho sofrido tanto para abrir o Céu aos Homens, e,
para muitos, inutilmente! Para salvá-los, escolho Almas e coloco-lhes sobre os
ombros a cruz. Não me recuses nenhuns sofrimentos, nem sacrifícios. Como antes
de Eu viver no mundo eram imoladas vítimas no Templo, assim quero imolar o teu
corpo, como vítima. Dá-Me o teu sangue pelos pecados do mundo. Ajuda-Me no
resgate. Sem Mim, nada podes. Comigo terás todo o poder, para socorrer os
pecadores e para muitas coisas mais».
E a 3-4-1935:
«Tudo aquilo que os adoradores Me
pedem na Santíssima Eucaristia será concedido. É a medicina para todos os
males... Que rezem pelos infelizes pecadores, os quais, escravos das paixões,
não se lembram de que têm uma Alma para salvar e que uma Eternidade em breve os
espera».
E a 1-11-1934:
«Escreve que Eu quero que se
pregue a Devoção aos Sacrários; que Eu quero que se acenda nas Almas a devoção
para com estas Prisões de Amor; não somente naquelas que já Me amam, mas em
todas. Em todo o trabalho Me podem consolar. Que seja bem pregada e bem
propagada a Devoção aos Sacrários, porque são tantos aqueles que, embora
entrando na Igreja, nem sequer Me saúdam e não param um momento para adorar-Me.
Eu quereria muitos guardas fiéis, prostrados diante dos Sacrários, para
impedirem tantos e tantos crimes!»
* * *
A 20-3-1942, Alexandrina escreve:
«Ó meu Amor Sacramentado, não
posso viver sem Ti! Ó Jesus, transforma-me na Tua Eucaristia! Mãezinha, ó minha
querida Mãezinha, quero ser de Jesus, quero ser Tua!»
E o Senhor Jesus dizia-lhe, a
7-12-1946:
«Não te alimentarás jamais na
terra. O teu alimento é o Meu Corpo; a tua bebida é o Meu Divino Sangue. A tua
vida é a Minha Vida, de Mim a recebes, quando te bafejo e acalento, quando uno
ao teu o Meu Coração. Não quero que uses medicina, a não ser aquela a que não
possas atribuir alimentação. Esta ordem é para o teu médico. É grande o milagre
da tua vida».
A Serva de Deus tinha a promessa do
Senhor de comungar todas as Sextas-feiras. Faltando o Sacerdote, era o próprio
Senhor ou um Anjo que lhe levava a Sagrada Comunhão.
A Santíssima Eucaristia pertence à
Virgem Maria, como o fruto pertence à árvore. A Carne Divina recebida na
Comunhão é a Carne gerada nas Suas puríssimas Entranhas. A Divina Eucaristia é
também um Dom de Maria. Por isso, Nossa Senhora não podia estar ausente da
Devoção Eucarística da Alexandrina.
No dia 25 de Março de 1934,
Alexandrina agradece a Nossa Senhora, de todo o coração, por haver consentido
que Jesus encarnasse no seu Seio puríssimo, para a Redenção da Humanidade,
compondo a seguinte oração:
«Ó Mãezinha, minha amável Senhora,
eu quero um Amor que seja capaz de sofrer tudo por Amor de Vós e do meu querido
Jesus, que Ele é tudo na minha vida, pois é a Luz que me alumia, é o Pão que me
alimenta, e o único Caminho só pelo qual quero caminhar».
A partir do dia da Anunciação, o
Filho de Deus passou a viver na Terra entre os
Homens. Mais tarde, apesar do
Mistério da Ascensão, Ele continua a viver nela, com a Instituição do Santíssimo
Sacramento.
Que coisa maravilhosa a luz e o calor
do Sol! Sem Sol, não haveria dia, seria sempre noite, e, assim, que escuridão e
que frio sobre a terra!
No Mundo espiritual, Jesus
Sacramentado é o Coração da Igreja, é o Sol das Almas, que as ilumina, que as
aquece, que as alimenta, que as fortalece! Sem esta Celeste Presença, que
solidão, que vazio, que soledade! Sem este Pão Divino, que fome, que sede, que
anemia espiritual!
Jesus diz à Sua confidente
Alexandrina:
«Minha filha, vítima de Jesus,
vítima da Humanidade, vítima da tua Pátria, do teu Portugal, Minha filha,
louquinha da Eucaristia, ama-Me e faz-Me amado. É por ti que Eu quero ser amado.
É de ti que Eu exijo grande reparação. Repara-Me de tantos sacrilégios, de
tantos crimes e iniquidades! A tua dor atingiu o auge».
Jesus disse aos Judeus (Jo 6,54):
«Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue, tem a Vida eterna e Eu
ressuscitá-lo-ei no último dia».
Esta Doutrina é confirmada pela
revelação feita à Sua confidente, como Devoção das Seis Primeiras
Quintas-feiras, no dia 25-2-1949:
«Minha filha, Minha esposa
querida, faz com que Eu seja amado, consolado e reparado na Minha Eucaristia.
«Diz, em Meu nome, que todos
aqueles que comungarem bem, com sincera humildade, fervor e amor, em seis
primeiras quintas-feiras seguidas, e, junto do Meu Sacrário, passarem uma hora
de adoração em íntima união Comigo, Eu lhes prometo o Céu.
«É para honrarem as Minhas santas
Chagas, honrando primeiro a do Meu sagrado Ombro, tão pouco lembrada. Quem isto
fizer, quem às santas Chagas juntar as Dores da Minha bendita Mãe e, em nome
delas, Nos pedir graças, quer espirituais quer materiais, Eu lhas prometo, a não
ser que sejam de prejuízo para a sua Alma.
«No momento da morte trarei Comigo
a Minha Mãe Santíssima para as defender».
E a Alexandrina acrescentou,
maravilhada e reconhecida:
«Ó meu Deus, como sois Bom! Como é
infinita e sem limites a Vossa Misericórdia! Permiti que todos comunguem bem,
com as devidas disposições, para se tornarem dignos das Vossas Divinas
Promessas. Alcançai-me, para mim, a mesma Graça».
Autoria: Padre Alberto Tavares
Adaptação: José Luís Silva
(Os nossos
agradecimentos ao
José Luís Silva
que nos permitiu publicar aqui este artigo.)
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