Alexandrina de Balasar |
ESCRITOS DA BEATA ALEXANDRINA — 2 — No mês em que os
restos mortais do P.e Mariano Pinho vêm para Balasar, vamos ler um dos colóquios
em que Jesus promete que ele subirá às honras dos altares: “Diz, minha filha, ao
teu Paizinho que lhe tenho o Céu reservado, junto ao trono divino, entre os
santos, lugar de honra e de
Os temas do escrito de 7 de Maio são principalmente o da ânsia de possuir o Amado e o do sofrimento que repara os crimes que se cometem no mundo. Como é primeiro sábado, não faltam os costumados incentivos às pessoas que com a Alexandrina lutam, desta vez, o P.e Pinho e o Dr. Azevedo.
É de tal forma a fome que sinto de pureza e amor que me obriga a repetir muitas vezes: Não me deixeis morrer com esta fome que me consome, meu Jesus. Foi assim faminta que nesta manhã me preparei para O receber. E logo que o meu Jesus baixou ao meu coração, pareceu-me que Ele mo roubou e no lugar do coração deixou-me um vazio tão grande que o não podia suportar, nada havia que mo enchesse. Fiquei ofegante. Então é que eu morria de fome. O tempo foi passando sem eu possuir Aquele que tanto ansiava. Ouvi a sua voz, a voz do meu Desejado, que me dizia: — Minha filha, minha filha, és toda minha, é meu o teu coração, fundi-o em Mim, são os dois num só. Só Eu basto para encher-te e satisfazer as tuas ânsias. O vazio que Eu fiz em ti é para encher-te das minhas riquezas: dar-te a pureza, a doçura, o amor que tanto anseias. Consolo-Me tanto em te ver nessas ânsias dolorosas à minha procura! Enche-te, porque tudo isto é a força da tua dor, tudo isto quero que dês às almas: sou louco por elas. Sou mal correspondido. Quanto sofro em vê-las seguir o caminho da perdição! Quanto sofro em ver o meu divino Sangue calcado, desperdiçado! Quanto sofro em ver cair sobre a terra culpada a justiça de meu Eterno Pai! Não posso ver mais contra Mim tantos crimes. Que loucura a minha de amor: amo e não sou amado! O Coração divino do meu Jesus era uma chama de fogo! Ouvi os seus suspiros e via pela sua sagrada Face rolar copiosas lágrimas. Ó meu Jesus, ó meu amor, não choreis, estancai as lágrimas e não cesseis de amar. Tendes o meu corpo para vossa vítima. É pouco, é nada. Tornai meritórios todos os meus sofrimentos na vossa santa Paixão para poder reparar tantos crimes. As lágrimas cessaram e o fogo do amor de Jesus continuou. – És meu encanto, a louquinha de Jesus e a louquinha das almas. Obrigas-Me a perdoar e a esquecer por mais tempo tantas iniquidades. Diz, minha filha, ao teu Paizinho que lhe tenho o Céu reservado, junto ao trono divino, entre os santos, lugar de honra e de glória. Farei que ele suba na terra à honra dos altares. É o prémio da sua confiança, da sua perseverança e fidelidade à minha graça e todo o sofrimento em silêncio. Quanto ele Me consolou o meu Coração divino! Dá-lhe o meu amor com abundância, para dar às almas e bem desempenhar a missão que lhe escolhi. Diz ao teu médico que estou com ele e sempre lhe assisto nas suas aflições e cuidados. Se sempre acudo com a minha bendita Mãe a todos os que Me invocam e em Nós confiam, muito mais ainda vamos em socorro daquele que cuida da minha divina causa e ampara a minha esposa e vítima mais amada. Que nada tema! Eu não o deixo viver sem espinhos e espremo-o assim desta forma para mais o unir a Mim e não deixar fugir os seus entes queridos. Como é grande para todos o meu amor! Que bem Eu recompenso a quem bem Me serve! Vem, minha bendita Mãe, vem já à nossa filhinha. Veio a Mãezinha das Dores, com um manto roxo, bordado a ouro, setas no Coração, triste, muito triste; tomou-me para o seu regaço, estreitou-me a Ela, acariciou-me e disse-me: — Quero-te, minha filha, em meus braços, como no Calvário tive o meu Jesus. A Ele, tive-O morto pela humanidade, a ti tenho-te para confortar-te, para poderes continuar a ser a grande vítima da mesma humanidade. Não negues a Jesus a tua dor. São tantos e tão graves os crimes! O mundo está em iminente perigo. O Coração do teu e meu Jesus já não pode sofre mais em união com o meu. Sofre, sofre pelas almas; não consintas que o Sangue de Jesus se perca. Neste momento, a querida Mãezinha rompeu em muitas lágrimas. Não quis saber de descansar em seus braços. Lancei-me ao seu pescoço e disse-Lhe: Não, não, Mãezinha, não quero que choreis. Não tenho com que enxugar-Vos as lágrimas, mas tem o vosso Jesus. Lancei as mãos à túnica de Jesus e com ela Lhas enxuguei. Só Jesus, querida Mãezinha, só Ele pode suavizar o vosso pranto: não chores mais. Amo-O a Ele com o teu amor, amo-Te a Ti com o dele. Nada Vos nego. Quero ser sempre vítima das vossas dores. A Mãezinha, com ar mais sorridente, cobriu-me de beijos e carícias. Jesus continuou a falar-me: — Minha filha, neste mês consagrado a minha querida Mãe, peço-te para pedires às almas amantes dos nossos Corações para redobrarem de amor e em sua honra fazerem quanto puderem para ser suavizada a sua dor. Ela sofre tanto por Me ver sofrer. Sofre connosco, faz que muitas almas te imitem. Pede aos nossos Corações o que quiseres, nada de bem te será negado. — Ó Jesus, tomai em conta todas as minhas intenções, lembrai-Vos de quem me lembro agora. — Sossega, nada há que temer; confia em Mim. Vai em paz para a tua cruz, vive nela como no Tabor. Leva a todos os que amas, te protegem e amparam toda a ternura, todo o amor de Jesus e Maria. — Obrigada, Jesus, obrigada, Mãezinha.
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