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ESCRITOS DA BEATA ALEXANDRINA

“SENTIMENTOS DA ALMA”
— 1945 —

25 de Janeiro de 1945

Deixaria o sol e a luz do dia de existirem no mundo? Parece-me que a noite mais tormentosa e escura o invadiu todo. Não há luz, não há alegria, não há vida. Morri eu e sinto que morreram todos os que me são queridos. Tive o meu médico junto de mim, parecia-me que não o via, era como um cadáver ao pé doutro. Ele, como sempre, na sua bondade e santidade, procurou levantar-me do meu desfalecimento, infundir-me coragem e confiança.

– Ó meu Deus, que indiferença! O que ele dizia parecia não ser para mim. Tinha até medo dele, muito medo. Jesus, tirais-me tudo, dai-me o Vosso divino Amor em troca desse tudo que me tirais. Dai-me um mundo de almas e dai-me mundos e mundos do Vosso amor infinito. Quero amar-Vos com esse amor e amar-Vos por esse mundo de almas que Vos peço. Tenho sede, Jesus, tenho sede, sede que me abrasa e consome, sede que aqui na terra nunca mais pode ser saciada. Tenho sede de amar-Vos e ver-Vos amado por esse mundo de almas que Vos peço. Tenho sede de sofrer, sofrer a mais não poder, para conquistar e salvar para Vós esse mundo.

– Ó mundo, ó mundo, sem querer pertencer-te, sem querer amar-te, amo-te loucamente, quero-te a todo o custo, não posso deixar-te, ó mundo querido, sem ver-te salvo, inteiramente salvo. Estas ânsias, estes desejos não me pertencem, não nascem de mim; eu sou morte, só morte. Sejam de quem forem, pertençam a quem pertencerem, são para Jesus, são para O consolar, são para O amar.

– Ligai, meu Jesus, o meu coração ao Vosso, que nada haja que nos possa separar. Ligai também a Vós os corações do mundo inteiro; não quero que haja outra coisa nesta pobre humanidade a não ser amor, amor puro ao Vosso coração divino. Quero que esta vida seja uma vida só de louvor para Vós. Que mais posso desejar, Jesus, que mais posso sofrer? Queria arrancar o meu coração e entregá-lo a arder nas chamas mais fortes e do amor mais ardente e poder dizer-Vos: este é o amor de toda a humanidade, este é o amor de todos os filhos Vossos. Amor, Amor, meu Amor, quero dizer-Vos tudo pelo mundo e por ele sofrer tudo sem excluir ninguém. É verdade, meu Jesus, isto que Vos digo, são sinceras as minhas palavras, não é intrujice minha, por graça Vossa não sei intrujar. Quando, nestes dias, Vos oferecia as minhas dores quase insuportáveis, os ardores da febre e frequentes vezes me oferecia como vítima, sem eu querer, quantas vezes me vinha ao pensamento: não é intrujice, Jesus, é a verdade para a minha oferta, e todos os sofrimentos os suporto por Vosso amor e pelas almas.

Que amargura, que triste amargura esta frase causou à minha alma: tudo sem uma intrujice. Nosso Senhor não tem permitido, nestes dias de sofrimento indizível, que eu seja atacada pelo demónio. Só uma vez ou outra ele lá vem com as suas falsas palavras:

– Não é verdade que pecas quando tu queres? Agora que a doença te aflige mais não queres o gozo, não queres o prazer.

Cobrindo-me de insultos, retira-se.

– Ó meu Deus, que mar de sofrimento à minha frente! Que triste quinta-feira! Quanta falsidade me preparam!

É já noite; sinto-me numa grande reunião, num convívio de grande intimidade, as conversas são animadoras. Dois quadros tão diferentes se apresentam na minha alma: uma traição sem igual e um amor sem igual. Um amor, uma doçura, uma ternura sobre essa traição que não há corações, não há lágrimas que o possam explicar. Quantos convites cheios de doçura a essa traição. O traidor resiste, a nada se rende, não se sente bem ao pé do cordeirinho, vítima inocente. Não sei dizer as bondades e delicadezas de Jesus. Queria que a minha alma fosse um livro onde todos pudessem aprender as bondades, ternuras e o amor de Jesus.

 

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