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ESCRITOS DA BEATA ALEXANDRINA

“SENTIMENTOS DA ALMA”
— 1945 —

16 DE FEVEREIRO

 

Quanto sofro, meu Jesus! Sede a minha força! Só Vós sabeis o sacrifício que faço para ditar o que em mim se passa. Este esforço parece arrancar-me tudo o que tenho dentro em mim. Servi-Vos dele para arrancardes ao demónio todas as almas. Faço sacrifício por não poder e faço-o por revelar os segredos da minha alma. Gosto tanto de sofrer sozinha, em silêncio, encobrindo o mais possível as minhas mágoas!

Ó meu Jesus, quanta dor abafada, quantas lágrimas escondidas! Perdoai-me a minha falta de eu hoje exclamar:

Ó meu Jesus, não acabam as sextas-feiras! Se eu pudesse fugir delas e esconder-me, para não passarem por mim!

A Vossa bondade, Senhor, o Vosso amor, meu Jesus!

Logo de manhã cedo, senti tão maltratado o meu coração! A dor, as humilhações espremiam-me, já não tinha sangue para dar ao corpo.

Senti o caminho do meu calvário, saiu-me ao encontro a Mãezinha: fitou-me, eu fitei-a a Ela. Uniram-se os nossos corações na mesma dor. A troca dos nossos olhares não se demoraram, tive de caminhar à frente, maltratada, empurrada, arrastada. Mas a dor dos nossos corações não se separou. Era como que dois fios eléctricos que dão ligação um para o outro.

Quase logo que cheguei ao calvário, fui cravada na cruz. Que grande tempo de agonia! O sangue corria, as chagas rasgavam-se cada vez mais. As lágrimas da Mãezinha corriam em meu coração. Ela era um farol para mim e eu outro para Ela, farol que dava luz para descobrir todos os nossos sofrimentos.

Ainda sem ter expirado, senti que me rasgaram o coração. Essa dor antecipou-se, porque, depois de morrer, não a podia sentir. Quando assim sentia o coração, lancei um olhar ao mundo e disse-lhe:

É por ti que estou assim!

Veio então o meu Jesus. Senti a entrada dele em meu coração. Sentou-se e inclinou-Se a mim e disse-me:

- Minha filha, loucura de amor pelas almas, loucura de amor por Mim: és louca pelas almas à minha semelhança. Assemelhei o teu calvário ao meu.

A tua vida é vida de Cristo: vive Cristo transformado em ti.

Sobes o calvário, porque não posso subi-lo Eu agora. Levas a cruz, porque não posso levá-la Eu também. És o cordeirinho sacrificado e imolado, dás a vida na maior das agonias, porque agora não posso Eu sofrer assim. É revestida de Mim que sofres, é comigo que levas a cruz, é comigo que nela expirarás.

Por um grande intervalo de tempo, vi Jesus com a cruz aos ombros. Não O senti, vi-O. Mas eu era Jesus e era a cruz. Que cruz tão grande! E Jesus tão curvado debaixo dela; o Seu santíssimo rosto quase chegava ao chão.

- Minha filha, assim me obrigam os pecados do mundo, assim me obriga o meu amor às almas. São os crimes, é o amor a causa de caminhar quase de rosto em terra.

Sofre, minha amada querida, sofre à minha semelhança, és vítima escolhida por Mim.

Minha filha, fonte de salvação, fonte de toda a humanidade, és fonte que não seca, és água que sacia todo o mundo: todo em ti pode beber, todos nesta água se podem purificar.

Minha filha, língua de louvor. Pela tua língua sagrada toda a terra Me louvará até ao fim do mundo. E já no Céu os anjos e santos Me louvam ao verem o teu sofrimento e a glória que Me dás.

Minha filha, coração de fogo de amor, fogo que se estenderá e abrasará milhares e milhares de corações!

Minha filha, corpo de pureza, pureza angélica, assaltada sempre e sempre guardada no meio dos mais agudos e penetrantes espinhos: o teu corpo de pureza, adornado de todas as virtudes, as mais ricas e preciosas, estende as suas pétalas de lírio com toda a sua alvura e perfume. Crescem açucenas tenras e viçosas, abrem as suas pétalas e com a aragem que passa estendem ao longe o seu perfume, vicejam em prado mimoso. Fazem sombra ao mundo que te confiei. Ditosos todos aqueles que estão à sua sombra, ao teu abrigo se colocaram.

Causa espanto a tua vida, as minhas maravilhas em ti. Não há igual, porque igual não há ao teu sofrimento.

Tu partes para o Céu. Coragem, ele aproxima-se! Tantos te verão partir com amor e saudade e quantos com remorso e dor por terem sido causa do teu martírio, por terem servido de estorvo à minha divina causa, por tentarem encobrir ao mundo as minhas maravilhas em ti!

Rastejam pela terra, não olham ao alto, não compreendem, nem procuram compreender a minha vida divina, apesar de Eu em todos os caminhos lhes pôr um guia e uma luz. Fecham os olhos, deixam os guias, seguem caminhos errados.

Que mágoa para o meu divino coração e que mal para as almas! Dou todas as graças, dou todo o remédio para as salvar, e tudo é desprezado, não olham à minha dor nem à minha divina vontade.

- Meu Jesus, não estejais triste, dai-me a Vossa tristeza, dai-me toda a dor do Vosso divino Coração! Não posso consentir no Vosso sofrimento. Conheço a loucura do Vosso amor pelas almas; aqui me tendes pronta a sofrer por elas, a dar a vida por elas.

Ficais assim consolado, meu Jesus? Deixai os homens ferir o meu coração para assim Vos poder salvar mais almas. Mas não consintais que o Vosso seja ferido.

- Não, não, minha filha, não, não, minha amada, não posso consentir que esta cegueira se prolongue. A luz vai brilhar, a minha divina causa triunfa estrondosa e brilhante. É necessário, é urgente, as almas necessitam de conhecer as minhas maravilhas e de aprender em ti a amarem o meu divino coração, a amarem tudo o que é meu, amarem a dor e a cruz que lhes dou.

Filhinha, filhinha, dor e amor sem igual, descansa em meu coração como Eu descansei no teu. Descansou o Rei no seu trono, no palácio da sua Alexandrina. Descansa a rainha no trono do seu Rei, no palácio do seu Jesus.

Jesus abriu-me o Seu divino Coração, eu entrei e inclinei-me a ele, nele descansei. O meu Jesus cobriu-me de beijos e carícias e apertou-me com tanta força e com tanto amor que me parecia perder-me nesse amor e nesse amor morrer.

Ai, que dita a minha morrer de amor e dentro do Coração do meu amado Jesus! Como será a morte que me dá a vida eterna?

Ó meu Jesus, fazei que seja de amor, só de amor!

 

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