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ESCRITOS DA BEATA ALEXANDRINA

“SENTIMENTOS DA ALMA”
— 1945 —

3 de Março, primeiro sábado 

Nesta noite, não sei as horas, apareceu-me o demónio vestido de sacerdote, com batina até aos pés. Era grande, muito grande, gordo – parecia um monstro. Atravessava diante de mim, mas não me fez outra coisa a não ser fazer-me sentir como se estivesse o fogo pegado na minha cama; parecia-me as labaredas estarem alastradas debaixo de mim. Fazia-me estremecer de medo.

Quero o que Jesus quiser, mas, se houvesse a minha vontade, preferia mil vezes isto do que quando ele usa de outras manhas. Sinto todo o meu corpo dilacerado e em sangue, os espinhos penetram-me a alma, o coração, o corpo e todo o ser. Não posso abrir nem fechar meus olhos sem espinhos; não posso pensar sem espinhos, não posso mover-me sem espinhos. O meu leito e o quarto, onde habito, são de espinhos e tudo está banhado em sangue. Pobre do meu coração, sangra de dor! E os meus lábios parecem estar fechados, não posso ter um queixume, morro, morro abafada.

Assim, nesta dor e amargura, fiz a minha preparação para a visita de Jesus ao meu coração, nesta manhã. Recordar-me que era o primeiro sábado causava-me tanta tristeza que me fazia pensar assim:

Meu Jesus, não posso viver sem dúvidas. Que receio o meu! Vede as minhas preocupações, compadecei-Vos delas! Enganar não quero; o Vosso divino amor, as almas, isso, só isso me basta, meu Jesus.

Chegou a hora de O receber. À entrada de Jesus no meu quarto, pareceu-me que me cravaram uma punhalada no peito e foi ferir o coração. Tinha ânsias, tantas ânsias de O receber, mas o medo que tinha dele, o horror ao êxtase, não se explica.

Momentos depois de Jesus baixar a mim, principiei a sentir a Sua divina presença e a dilatar-se o coração. O peito parecia levantar-se, ao mesmo tempo que o coração se dilatava. O meu amantíssimo Jesus principiou a dizer-me:

- Quero, minha filha, dilatar-te o coração, quero fazê-lo grande, grande como o meu divino amor. Recebe-o com toda a abundância, envolve-o no mundo que nele te depositei. Transforma-o no meu divino amor.

Dei-te e dou-te o meu divino amor, entreguei-te o mundo, quero tudo numa só coisa: quero amor, só amor. Resgatei-te com o meu sangue, és a nova resgatadora da humanidade. Escolhi-te para comigo continuares a obra mais bela, mais sublime, a obra do resgate, a salvação das almas.

És Cristo crucificado, estás retratada em Mim. Ao criar-te, vi em ti tudo isto; ao criar-te, logo te escolhi para a missão mais sagrada, mais sublime, para o que há de mais caro e agradável aos meus olhos divinos.

Estava a ouvir Jesus e faltava-me aquela luz, aquela alegria e consolação que quase sempre sentia. Disse-Lhe:

- Meu Jesus, de cada vez tenho mais dúvidas e fico persuadida que estou enganada. Que tristeza, que noite e receio de Vós!

- Não, minha pomba branca angelical! Não, minha pura, minha bela e encanto dos céus! Não te enganas, nunca o permiti nem permito. Foi isto mesmo que ontem te pedi. Alegro-Me e consolo-Me com a alegria que tu devias de Mim receber. Não Me negues tudo isto, não?

- Antes a morte e o inferno do que entristecer-Vos, meu Jesus. Sou a Vossa vítima, sou a Vossa escrava.

- Tu és o sol, sol brilhante, sol doirado que rompe as nuvens para alumiar a terra. Eis os espinhos que te ferem, continuamente cairão sobre ti; entre eles viverás, entre eles morrerás.

Tu és o sol, tu és a nuvem, nuvem negra, nuvem que assusta. O sol é para o mundo, a nuvem és tu, é tua, é para ti.

Tu és o aguaceiro que sai das nuvens e dás à terra chuva de amor, pérolas de virtudes.

Estás, minha filha, a percorrer os últimos caminhos; aproxima-se o teu fim neste desterro; aproxima-se a vida eterna, a tua verdadeira vida. Espera-te o céu com toda a alegria.

Diz, minha filha, ao teu Paizinho que cai sempre sobre ele a abundância do meu amor. Que lhe prometo todas as minhas graças em todas as suas obras.

Diz-lhe que são estes os caminhos dos que me são queridos, os caminhos dos meus eleitos. Ele vem junto de ti terminar a tua missão.

Prometi milagre, se preciso fosse. Prometi castigo à Companhia por o fazerem sofrer e se oporem à minha divina causa. Prometi e cumpri. Que pensem, que examinem se sim ou não.

Diz ao teu médico que desempenhe a sua missão, a missão que lhe dei: cuidar do teu corpo, cuidar a sério. Cuidar de ti é cuidar de Mim, trabalhar por ti é trabalhar por Mim, é operar comigo milagres.

Diz-lhe que não deixe dormir e que dê a conhecer que nem ele nem todos os que cuidam da minha divina causa dormem. Ela é minha, ela triunfa.

Mas é necessário que ele diga umas palavrinhas humildes, mas que façam estremecer.

Grande é a sua recompensa, grandes, muito grandes são as minhas divinas graças e o meu amor sobre ele e todos os que lhe são caros.

Vem, minha Mãe, vem dar a nossa vida, o nosso amor a esta filhinha. Vem a estas trevas, vem suavizar esta dor.

Veio a Mãezinha, tomou-me em seus braços e Ela mesma lançou os meus sobre os Seus santíssimos ombros, abraçou-me, acariciou-me, cobriu-me de beijos, ao mesmo tempo que dela sentia receber vida e conforto.

- Minha filha, filha e esposa do meu Jesus, a tua dor é vida, a tua dor é amor. Enche-te de Mim, enche-te de Jesus. Dá o que de Nós recebes aos que amas e te amam. Receberão de Nós à medida que te amam e à medida que anseiam o nosso amor. Dá-lhes as nossas riquezas no teu sorriso, nos teus olhares, nos teus carinhos angélicos.

Coragem, coragem, triunfas comigo e com o teu Jesus!

Estreitou-me Jesus entre o Seu divino Coração e o da Mãezinha.

- Estás, minha filha, numa prensa de amor.

Fiquei confortada, com mais vida, mas mergulhada em dor e amargura. Horas depois, voltei a sentir a Mãezinha tomar-me em seus braços e suavizou a minha amargura. Animei-me, mas não saí da minha dor. Fiquei entre espinhos, fiquei na cruz.

 

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